O mercado de trabalho vem abrindo cada vez mais as portas para as pessoas acima dos 40 e 50 anos. De janeiro a setembro de 2021, por exemplo, as contratações desses profissionais aumentaram 95% em comparação com o mesmo período de 2020, de acordo com um levantamento da Gupy, empresa de tecnologia para Recursos Humanos. Os chamados “cabelos prateados”, carregam em si diversas características que, atualmente, estão contribuindo para que as empresas se posicionem melhor no mercado.

Patrícia Rodrigues de Carvalho, 60 anos, ainda não é aposentada. Precisa continuar trabalhando para conseguir o benefício que ficou mais distante após a reforma da Previdência Social. Patrícia ficou desempregada por conta da Pandemia, assim como milhares de pessoas. Voltar ao mercado foi um desafio. “Sempre estive ciente da dificuldade de retorno ao mercado de trabalho após os 50 anos, mas sempre acreditei que não podia desistir”, disse.

Há dois anos, a história de Patrícia mudou. Ela recebeu uma oportunidade para trabalhar no atendimento aos clientes de uma concessionária no Recife. O amadurecimento e experiência de vida a ajudaram a voltar ao mercado. “Uma pessoa acima dos 50 anos já passou por muitas experiências positivas e negativas. Aprendeu com o tempo a ser resiliente, superar obstáculos sem precisar derrubar outras pessoas.  A nossa maneira de enxergar o mundo é diferente, mais cautelosa, menos impulsiva, pensando em um resultado positivo lá na frente. Sem falar no autoconhecimento que adquirimos. Toda essa riqueza de aprendizado é levada para o dia a dia, para a função que ocupamos”, disse.

Este é um de tantos outros exemplos que mostram que empresas vêm investindo em pessoas com mais de 50 anos para melhorar suas performances no mercado. O Grupo Parvi, onde Patrícia trabalha, tem em sua política um projeto que aposta na experiência de vida das pessoas com 50 anos ou mais. Para a diretora de Recursos Humanos do grupo, Clívia Costa, foi preciso apostar nesse público para elevar o índice de satisfação dos clientes. “O cliente está no foco do nosso negócio e, por isso, temos o dever de oferecer a melhor experiência para ele, a mais agradável. E quem melhor para oferecer isso se não as pessoas mais experientes, mais maduras? Essas pessoas tendem a ser mais pacientes, mais compreensivas, ter uma percepção e discernimento mais apurado. E essas pessoas são as ideais para o atendimento ao cliente, na nossa visão”. Contudo, a diretora reforça que não é só no front que estão os “cabelos prateados”. “Lançamos essa busca de pessoas 50+ não só para o atendimento direto ao cliente, mas em todas as áreas do grupo como administrativo, financeiro, oficina. Hoje temos em nosso quadro 368 profissionais nesse perfil em todo grupo. Nosso objetivo, além de garantir satisfação dos clientes, market share e saúde financeira, é de sermos um grupo inclusivo, não só com a idade, mas nas relações de gênero e etnia”, conclui Clívia.

Para Patrícia, a iniciativa do grupo favorece ambos os lados. “Este é um sinal de que há empresas sem preconceito, contratando pessoas que têm experiência, responsabilidade, conhecimento, favorecendo uma troca muito rica entre todas as idades, acrescentando algo positivo na engrenagem, no desempenho e sucesso da empresa. É necessário que haja respeito com todos”.