Em sondagem realizada pela Fecomércio PE, também se constatou que 46,3% das famílias que recebem até dois salários mínimos nunca realizaram compras online e a participação do varejo cai de 84,7% para 74,6% nos últimos dois anos
A Pesquisa de Sondagem Especial – Comércio Eletrônico, realizada pela Fecomércio-PE em conjunto com a Ceplan, apontou que um terço dos consumidores em Pernambuco ainda não ingressaram nas compras online. O estudo também revelou que os indivíduos jovens, com idades entre 18 e 29 anos, são mais ativos no comércio eletrônico, com 78,8% dos consumidores desse grupo já tendo efetuado pelo menos uma compra até o ano de 2023. No que tange aos níveis de renda domiciliar, constatou-se que 46,3% das famílias que recebem entre 1 a 2 salários mínimos nunca realizaram uma transação no ambiente digital de compras.
Quanto à adesão dos consumidores ao comércio eletrônico, a pesquisa revelou que mais da metade (53,5%) dos consumidores com 50 anos ou mais optaram por explorar esse mercado durante ou após a pandemia de Covid-19. Os anos de maior destaque para a entrada desse grupo foram 2020 e 2021, quando aproximadamente 41% desses consumidores deram os primeiros passos nas compras virtuais.
A sondagem também analisou os motivos que levaram os consumidores a efetuarem sua primeira compra no e-commerce. Os resultados apontaram que os jovens entre 18 e 29 anos fizeram sua primeira aquisição impulsionados pelo fator preço, enquanto os consumidores de faixas etárias mais avançadas optaram por essa modalidade devido à conveniência de não necessitarem se deslocar até uma loja física.
No que diz respeito à frequência mensal das compras online, observa-se que 19,6% daqueles com uma renda domiciliar entre 2 a 5 salários mínimos efetuam pelo menos uma compra virtual a cada mês. Paralelamente, constata-se que 7,1% dos consumidores com idades entre 18 e 29 realizam no mínimo três transações mensais.
De acordo com os resultados da pesquisa, o smartphone se destaca como o dispositivo preferencial utilizado para realizar compras, conforme relatado por 70% dos consumidores entrevistados. Entre os consumidores com renda domiciliar superior a 5 salários mínimos a preferência por dispositivos varia, com 43,3% deles optando por desktops ou notebooks como ferramenta para concretizar suas aquisições.
A pesquisa também analisou as plataformas que os consumidores utilizam ou já utilizaram para realizar compras online: 79,9% dos consumidores com idades entre 30 e 49 anos utilizaram o marketplace de redes varejistas. Já o aplicativo de delivery se mostrou mais prevalente (69,7%) entre os consumidores cuja renda domiciliar ultrapassa os 5 salários mínimos.
A razão pela qual a loja virtual se sobressai para os consumidores é, principalmente, a “facilidade no processo de compra e pagamento”, como enfatizado por 51,5% dos consumidores. Em seguida, 38,7% dos consumidores apontam a “média de preços mais baixos” como um ponto chave, enquanto 30,9% destacam “prazos de entrega mais rápidos”. Importante notar que a soma das porcentagens ultrapassa 100% devido à natureza não excludente das alternativas.
A preferência dominante para a forma de pagamento é o cartão de crédito (56,2%); entre os consumidores mais jovens, 30,2% optam pelo Pix ou transferência bancária. Quando se analisa o recorte da renda domiciliar, aqueles com rendimentos mais modestos, variando entre 1 e 2 salários mínimos, recorrem mais ao pagamento à vista (Pix, transferência bancária, cartão de débito ou boleto bancário), totalizando cerca de 36% e contrastando com a faixa de renda mais alta (cujo percentual é de 28,9%).
Os benefícios do comércio eletrônico foram identificados pelos consumidores de diversas formas: 68,5% destacaram a comodidade de não precisar sair de casa para efetuar compras; 43,2% mencionaram que os preços são mais atrativos em relação às lojas físicas; 28,6% valorizaram a facilidade de comparação de preços; 28,6% ressaltaram a ampla disponibilidade de produtos; e, adicionalmente, 16% dos consumidores observaram que o comércio eletrônico lhes proporciona mais tempo para planejar suas compras de maneira adequada.
Dentre os produtos que os consumidores do comércio eletrônico mais procuram na internet, destacam-se roupas e acessórios (45,8%), seguidos por calçados (30,5%) e alimentos/bebidas (30,5%). Ao observar a demanda segmentada por gênero, nota-se que os consumidores do sexo masculino têm uma inclinação para buscar equipamentos de comunicação, enquanto as consumidoras do sexo feminino demonstram maior interesse por perfumes e cosméticos.
74,6% das empresas varejistas adotam vendas online
No que diz respeito às empresas, a sondagem revelou que 74,6% das empresas varejistas estão engajadas em vendas por meios digitais. No entanto, quando contrastamos esses resultados com os dados da pesquisa de sondagem do comércio eletrônico de 2021 (84,7%), percebe-se uma diminuição no número de estabelecimentos que afirmam utilizar esses canais de vendas. Ainda segundo a pesquisa, em 2021, apenas 15,3% das empresas não estavam envolvidas em vendas pela internet, ante 25,4% em 2023.
Dentre os estabelecimentos que ainda não adotaram o comércio eletrônico para suas vendas, surgem como motivos principais o custo associado à manutenção de mão de obra qualificada (17,7%), bem como a complexidade da implementação de processos logísticos para entrega de produtos (13,7%). Além disso, a introdução de um sistema de atendimento e gestão de vendas online (11,5%) também é apontada como um desafio relevante.
A análise da importância dos canais de vendas online revelou um avanço notável nos sites de lojistas. Esse resultado representa uma inversão em relação à tendência indicada pela sondagem realizada em 2021, na qual o WhatsApp havia sido apontado como a ferramenta ou canal de venda mais prevalente.
No que diz respeito às opções de pagamento disponibilizadas pelas empresas online, o cartão de crédito (95,4%) continua sendo a forma predominante entre os consumidores, alcançando taxa de 100% quando analisamos especificamente as empresas localizadas em shopping centers. Quando comparado ao levantamento realizado em 2021, merece destaque a ascensão do Pix, que evoluiu da terceira para a segunda opção mais aceita.
No que diz respeito à porção das vendas que provém do comércio eletrônico em relação ao volume total de vendas do estabelecimento, cerca de 51,6% dos lojistas ou gestores declaram alcançar faixas de faturamento a partir de 10% por meio da internet. Quando focamos nos estabelecimentos situados em shoppings, a proporção daqueles que obtêm faturamento dentro desse intervalo atinge 57,6%, enquanto nos estabelecimentos de varejo tradicionais, essa proporção é de 49,3%.
Ao contrário da pesquisa anterior, na qual cerca de um terço dos lojistas e gestores afirmava que a contribuição dos canais de vendas online era insignificante, a situação atual revela um cenário diferente, isto é, de reconhecimento dos meios eletrônicos.
A pesquisa também abordou a visão dos empresários em relação à participação das vendas online nos próximos 6 meses. Cerca de 48% acreditam num forte aumento, 32,2% preveem um aumento moderado, enquanto 17,3% têm a expectativa de que o nível atual será mantido.
O presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto analisou os dados da pesquisa de Sondagem do e-commerce: “O comércio eletrônico está crescendo rapidamente em Pernambuco e é importante que as empresas se adaptem a essa tendência. Aquelas que propiciam vendas online estão em melhor posição para competir e atender às necessidades dos consumidores. O e-commerce oferece uma série de benefícios para os consumidores, como comodidade, preços mais competitivos e ampla seleção de produtos. Esses benefícios podem atrair novos clientes e, em consequência, aumentar as vendas.”
Sobre a pesquisa:
O relatório apresenta o resultado da Sondagem de Opinião de consumidores e gestores do comércio pernambucano, a respeito da atividade de compras pela internet, ou comércio eletrônico. A sondagem foi realizada entre os dias 1 e 9 de agosto e ouviu a amostra de 1020 consumidores e 451 estabelecimentos do comércio nas regiões do estado (Região Metropolitana do Recife, Agreste e Sertão), tanto em shoppings centers quanto em estabelecimentos do comércio tradicional.