Em meio à calmaria da natureza, o duo Dulcineia Enferrujada entrega uma canção climática que mescla orgânico e eletrônico. Com o single “Rainha do Mato”, Gabriel Alyrio e Tiago Tortora seguem revelando composições que estarão em seu disco de estreia, previsto para o próximo ano. O lançamento é do selo Cantores del Mundo.
Ouça “Rainha do Mato”: http://smarturl.it/RainhaDoMato
Após as faixas já reveladas – “Mergulho” e “Deixa Colorir” -, Gabriel e Tiago exploram novas ambiências. Enquanto a primeira vinha carregada de intensidade e a segunda trazia elementos solares, “Rainha do Mato” reflete um período de olhar interno feito pela dupla, que trocou a urgência do Rio de Janeiro pela paz interiorana da serra fluminense.
“‘Rainha do Mato’ fala do encontro do indivíduo com a natureza, o bem estar que esse encontro nos proporciona e a importância desse momento de descansar da cidade e se reconectar. Essa música reflete nosso momento atual, em que saímos da cidade para morarmos mais perto da natureza, sem sinal de internet e telefone e rodeados pela mata. Aqui estamos tendo a oportunidade de criar imersos nessa energia, termos mais calma para produzir. Essa experiência já está sendo incluída em nosso trabalho, como por exemplo, as ambiências de Rainha do Mato foram gravadas no quintal daqui de casa”, revela Gabriel.
Antes disso, porém, os músicos compartilharam uma experiência de cinco anos morando no exterior. Essa vivência múltipla proporciona olhares plurais sobre a nova MPB que Dulcineia Enferrujada entrega em suas canções. Juntos há 12 anos – romântica e musicalmente -, Tiago Tortora e Gabriel Alyrio vão ampliar essa sonoridade que busca novas perspectivas sobre as raízes da nossa música.
Para dar vida a essa reflexão, a produção musical, assinada por Guilherme Marques (Qinho, BEL, Biltre), comanda um time de peso da cena carioca: Tiago e Gabriel se dividem nos vocais, enquanto a guitarra delicada de Diogo Sili se encontra com a bateria de Lourenço Vasconcellos. O próprio Marques assina baixo synth, teclado, base eletrônica e arranjos.
Esse encontro de diferentes influências é um caldeirão que dará forma à musicalidade plural de Dulcineia Enferrujada. O nome vem da música de Tom Zé, “Dulcineia Popular Brasileira”, e da personagem fictícia Dulcineia, do romance “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes, explicitando as diferentes veias criativas que impulsionam o trabalho do duo.
O álbum de estreia criará um arco cronológico que irá contar a história desses mais de 10 anos de união. As canções atravessam as memórias dos dois desde o início da relação, conhecendo um ao outro e desbravando experiências e o entender-se artista LGBT no cenário atual.
O produtor Guilherme Marques, junto do cantor, compositor e pesquisador musical Arthus Fochi, gere o selo Cantores Del Mundo. Cedido a Fochi em 2015 por Tita Parra, neta de Violeta Parra, o projeto busca unir a sonoridade brasileira com a de países vizinhos, promovendo um intercâmbio de culturas e instrumentos que já têm muito em comum. O selo lançará o álbum do Dulcineia Enferrujada em breve.
Ficha técnica
direção geral e de projeto: Areia Produções Musicais
direção artística: Caio Riscado
produção musical: Guilherme Marques
Single:
Voz: Dulcineia Enferrujada (Tiago Tortora e Gabriel Alyrio)
Guitarra: Diogo Sili
Bateria: Lourenço Vasconcellos
Arranjos, base eletrônica, teclado e baixo synth: Guilherme Marques
Fotos: Elisa Mendes
Figurino fotos: Nathália Gastim
Make fotos: Tainá Lasmar
Design gráfico: Ana Bolshaw.
Letra
Rainha do Mato (Tiago Tortora e Gabriel Alyrio)
Eu sou a rosa dos ventos, a Rainha do Mato
reino entre a floresta e o mangue, nos coqueiros da praia
Já fui do sul ao nordeste procurando você
faço do som meu trabalho, meu sentido é viver
E a melhor coisa que eu faço é encontrar com você
E nos caminhos da vida tantos palcos pisei
andei nos passos que um dia foram traçados para um rei
Em cada esquina que eu passo tem beleza pra ver
e tanta gente diversa apressada pra quê?
A Babilônia é capaz de te enlouquecer
E o inverno que vem com a despedida do sol
Tira do muro as plantas que encobriam um cordel
E numa cena um sujeito de turbante falou:
Quem não viver com o coração vai ser traído no verão