Primeiro longa-metragem documental sobre o movimento ballroom no Brasil a ser lançado nos cinemas, o pioneiro Salão de Baile: This is Ballroom acaba de ganhar trailer oficial. Com estreia agendada para 5 de dezembro, o filme é um mergulho no universo efervescente da cena ballroom do Rio de Janeiro, uma comunidade protagonizada por pessoas pretas e LGBTQIAPN+, que segue a trilha da cultura criada na década de 70, em Nova York. Dirigido e roteirizado pelas diretoras Juru e Vitã, a produção é assinada pela Couro de Rato, e a distribuição é Retrato Filmes.

Salão de Baile: This is Ballroom foi exibido em mais de quinze países. A estreia mundial do longa foi em março deste ano, no Festival Internacional de Documentários de Copenhagen – CPH:DOX, na Dinamarca, com muita repercussão. Desde então, o longa recebeu diversos prêmios internacionais, como Prêmio de Público no Queer Porto, em Portugal; Melhor Documentário no Oslo/Fusion Festival Internacional de Cinema, na Noruega; e Prêmio Diversidade no Afrika Film Festival, em Colônia, Alemanha. No Brasil, o longa foi ganhador do prêmio de Melhor Montagem e uma Menção Honrosa no Prêmio Félix no Festival do Rio 2024, encerrou a 13ª edição do Olhar de Cinema, compôs a programação da 48ª Mostra de São Paulo, e agora faz parte da programação do festival Primeiro Plano em Juiz de Fora e Festival Mix Brasil, em São Paulo.

Juru, diretore e roteiriste do filme, comenta sobre o reconhecimento internacional do documentário: “Ganhamos prêmio do público no Queer Porto, prêmio do Júri de Melhor Montagem no Festival do Rio, prêmio de melhor documentário em Oslo. Acho que isso mostra como foi feliz a escolha de trazer a ballroom pra dentro da equipe”. Ela continua: “Temos equipe de direção inteira feita por pessoas ballroom, direção de arte inteira de ballroom, equipe de produção 50% ballroom. Essa proximidade fez com que a gente construísse um retrato muito singular da cena, e acho que isso tem sido reconhecido pelo júri e pela crítica, tanto lá de fora quanto daqui”.

Em Salão de Baile: This is Ballroom, a câmera acompanha uma “ball” (baile) da cena fluminense, onde pessoas negras e/ou LGBTQIAPN+ têm a liberdade para experimentar novas possibilidades de expressão de identidade, de gênero e exercitar seus potenciais artísticos. Várias modalidades de competição acontecem ao longo da celebração: moda, beleza, dança, música, desfile… “A ballroom é um lugar de potencialização desses corpos dissidentes, um espaço criado por e para pessoas trans e pretas, especialmente, poderem resistir às opressões e celebrar suas existências”, explica Juru, que assina a direção e roteiro do projeto em parceria com Vitã.

Tanto Juru como Vitã fazem parte do movimento ballroom do Rio de Janeiro, assim como a maioria da equipe do longa. “Mais do que um filme sobre a cena ballroom, nós fizemos um filme em conjunto com a comunidade ballroom. Queremos proporcionar ao espectador uma experiência de imersão no universo, com o nosso olhar ‘de dentro’”, explica Vitã. “A cena ballroom é talvez a mais radical e mais interessante do underground fluminense. Em termos de força, de enfrentamento, de expressividade, de cultura, de movimentar os subterrâneos da cidade, não tem nada que chegue aos pés dela”, afirma Luis Carlos de Alencar, da produtora carioca Couro de Rato.

SINOPSE
Nas margens da Baía de Guanabara, uma comunidade de jovens LGBTQIAPN+ resgata e vivencia a cultura ballroom. Rio is burning!

SOBRE VITÃ (roteirista e diretora)

Mestra em Cinema e Audiovisual pelo PPGCOM-UFF, coordena o núcleo de criação Ritornelo e a revista de crítica Moventes. Em atividade no mercado audiovisual há 15 anos, trabalhou em projetos para Globoplay, Globosat+, Arte 1, CineBrasilTV e Multishow. Roteirista da série “Enredos da Liberdade – O Grito do Samba pela Democracia” (2024, Globoplay, produção Couro de Rato) e do curta “Carne Fresca” (2024, dir: Giovani Barros, produção Duas Mariola, Melhor curta da mostra Novos Rumos, Festival do Rio). Roteirista e diretora geral da série musical “Trago a Pessoa Amada” (2024, canal Prime Box, produção Orla Filmes), gravada em Fortaleza. Co-Criadora e co-diretora da série em desenvolvimento “Teia”, protagonizada por Bruna Trindade (produção da Urca Filmes). Foi produtora e assistente de direção do longa “Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor”, que retrata a militância LGBT no período da ditadura militar brasileira (2022, produção Couro de Rato; Menção Honrosa do Prêmio Félix, Festival do Rio; Prêmio Especial do Júri no Rio LGBTQIA+). Na cena ballroom, é Imperatriz da Legendary House of Lauren.

SOBRE JURU (roteiriste e diretore)

Artista-pesquisador das artes do corpo, com trabalhos nas áreas da performance, dança e cinema. Desenvolve pesquisas sobre dramaturgia do corpo, cena expandida e o corpo queer/cuir na cena contemporânea, performatividade de gênero, sociabilidade, afetos e a cena ballroom e o voguing no Rio de Janeiro. É mestre em Estudos Contemporâneos das Artes pela Universidade Federal Fluminense (2016), e doutore em Artes na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2024). Fez preparação de elenco do longa-metragem “Com o Terceiro Olho na Terra da Profanação”, de Catu Rizo (2017, Mostra do Filme Livre); e do curta-metragem “Ocaso”, de Bruno Roger (2014, Mix Brasil); além de ter trabalhado como produtor assistente no longa “Canto dos Ossos”, de Petrus de Bairros e Jorge Polo (2020, prêmio de melhor filme no Festival de Tiradentes). Dramaturgista no espetáculo “Repertório n. 1”, de Davi Pontes e Wallace Ferreira.

SOBRE A COURO DE RATO (produtora)

A produtora Couro de Rato foi criada em 2015 por Vladimir Seixas e Luis Carlos de Alencar, com uma passagem no Emmy Internacional em 2019 com o documentário ‘A Primeira Pedra’. Entre as produções estão séries, telefilmes e longas exibidos em importantes canais nacionais e internacionais – Globoplay, ESPN, ZDF, Canal Futura, Canal Brasil, Canal Saúde, CinebrasilTV, entre outros. Entre os trabalhos mais recentes, destacam-se Enredos da Liberdade – O Grito do Samba pela Democracia (2024) – Original Globoplay; Yãmî Yah-Pá – Fim da Noite (2023) – Kikito de Melhor Trilha Sonora no Festival de Gramado; Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor (2022) – Menção Honrosa do Prêmio Félix, Festival do Rio; Prêmio Especial do Júri no Festival Rio LGBTQIA+. Rolê – Histórias dos Rolezinhos (2021) – prêmio de Melhor Documentário no Festival do Rio, Prêmio Especial do Júri no Olhar de Cinema (Curitiba).

SOBRE A RETRATO FILMES (distribuidora)

A Retrato Filmes é uma distribuidora audiovisual fundada em 2018 e dirigida por Daniel Pech e Felipe Lopes. A empresa é focada em longas independentes com perfil autoral, com o objetivo de ampliar a distribuição de obras brasileiras. O catálogo de filmes inclui  ‘Prisão nos Andes’, de Felipe Carmona Urrutia, lançado nos cinemas brasileiros em setembro de 2024. Com um início sólido, com lançamentos fortes e de gêneros diversos programados para os próximos meses, a empresa vem também estabelecendo parcerias e montando sua carteira de lançamentos para 2025. Entre os próximos lançamentos, destacam-se: ‘Alma do Deserto’, de Mônica Taboada-Tapia, premiado com o Queer Lion, em Veneza; ‘O Deserto de Akin’, de Bernard Lessa, premiado na Mostra Novos Rumos do Festival do Rio, além de ‘Salão de Baile’, de Juru e Vitã, vencedor do Prêmio de Melhor Montagem no Festival do Rio.

SOBRE A CENA BALLROOM

A Cultura Ballroom — em inglês, “salão de baile” — é uma cultura de pessoas LGBTQIAPN+ não brancas que passaram a resistir às constantes violências que sofriam, organizando bailes performáticos.  A comunidade surge nos EUA a partir dos concursos de beleza drag. Na década de 60, uma queen preta chamada Crystal LaBeija se insurge contra a hegemonia das queens brancas. Em 1972, ela e uma amiga criam um evento só para queens pretas, o Primeiro Baile Anual da Casa de LaBeija, fundando tanto o primeiro baile como a primeira “house”. As houses eram espaços físicos e/ou simbólicos liderados por uma “mãe” ou um “pai” que acolhiam e forneciam cuidados para jovens negros e latinos da comunidade LGBTQIA+ que viviam em situação de vulnerabilidade ou haviam sido expulsas(os) de casa. Ao longo do tempo, os concursos vão sendo ocupados por diversas identidades de gênero: travestis, mulheres trans, homens gays cis, mulheres cis de forma geral. Criam-se outras modalidades além de concursos de beleza e moda. Dentro desse conceito, surge também um estilo de dança, o voguing. Alguns produtos audiovisuais que incluem elementos da cultura ballroom são: “Vogue”, de Madonna; “Paris is Burning”, de Jennie Livingston; e as séries “Pose” e “Legendary”. Em 2015, surgem as duas primeiras casas ballroom no Rio de Janeiro e a cena começa a se organizar, incentivada pelas mídias digitais e redes sociais. São dois os pilares da cultura ballroom: o baile e a família. Em 2016 acontece a primeira “ball”. Atualmente, quase toda semana tem um baile acontecendo em algum lugar do país.

COLETIVOS QUE PARTICIPAM DO FILME

House of Alafia, House of Blyndex, House of Bushidö, House of Cabal, The Royal Pioneer Kiki House of Cazul, Casa de Cosmos, Casa de Dandara, Casa dy Fokatruá, House of Império, Casa de Laffond, House of Mamba Negra, House of Raabe, e 007 (são chamadas de 007 as pessoas que não fazem parte de nenhuma casa).

FICHA TÉCNICA

Filme realizado com patrocínio do 2º Edital de Fomento ao Audiovisual da Prefeitura de Niterói – FAN – Fundação de Arte de Niterói, e coproduzido pela RioFilme, órgão que integra a Secretaria de Cultura da Prefeitura do Rio

Roteiro: Juru (elu/delu, ela/dela, ele/dele), Peterkino (ele/dele), Vitã (elu/delu, ela/dela)

Direção: Juru (elu/delu, ela/dela, ele/dele), Vitã (elu/delu, ela/dela)

Ass. Direção: Azch (ele/dele), Diego Cuxe Pereira (ele/dele)

Produção: Luis Carlos de Alencar (ele/dele), Vladimir Seixas (ele/dele)

Produção Executiva: Camilla Ribeiro (ela/dela)

Direção de Produção: Thais Matos (ela/dela), Isabel Veiga (ela/dela)

Direção de Fotografia: Paula Monte (ela/dela), Suelen Menezes (ela/dela)

Direção de Arte: Gah (ele/dele), Germanetto (elu/delu, ela/dela), Mother Idra Mamba Negra (ela/dela)

Som direto: Pedro Moraes (ele/dele), Priscila Alves, Tomaz Griva Viterbo (ele/dele), Vitor Kruter (ele/dele)
Montagem: Peterkino (ele/dele)
Edição de som e Mixagem: Thiago Sobral (ele/dele)
Trilha Sonora: Globalkunt – b o u t (ele/dele), Eve Hive (ele/dele)
Ass. Produção: Felipe Fernandes (ele/dele), Lucas Andrade (ele/dele) e Mavi Candace (ela/dela)
Ass. Prod. Executiva: Áfaiyà Letícia (ela/dela) e Julia Sarraf (ela/dela)
Gaffer: Big Joe (ele/dele)
Still: Bruna Trindade (ela/dela), Paula Monte (ela/dela), Peterkino (ele/dele)
Coordenação De Pós-Produção: Tao Burity (ele/dele)
Design: Victória Servilhano (ela/dela)
Color Grading: Glauco Guigon (ele/dele)

Gênero: Documentário
Duração: 94 min.

Ball: “Do Outro Lado da Ponte” (realização: House of Alafia; Hostess e Chant: Pioneer Overall Mother Rothyer 007; Consultoria e MC: Statement Buth Cazul 007; Chant: Preta Queen B Rull Mamba Negra; DJ: Star Pambelli Cazul; Jurades: Legendary Overall Princess Wallandra Cazul, Legendary Mother Ayo Ewa, Legendary Overall Mother Makayla Império, Legendary Overall Father Luky Império)