Quando a mobilização acontece, há satisfação mútua, além de colaboração com a constituição de espaços mais abertos ao respeito

Diversidade. Esta é uma das palavras que mais têm marcado presença em debates sobre necessárias implementações no mercado de trabalho. Isso para que ele acompanhe a configuração plural e global das sociedades contemporâneas, em que pessoas de diferentes origens geográficas, gêneros, etnias, práticas religiosas, classes sociais e orientações sexuais convivem ainda mais intensamente.

Dados de pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma das agências das Nações Unidas (ONU), no último mês de novembro, confirmaram a percepção geral de que parte importante das empresas brasileiras deseja, de fato, aumentar a pluralidade entre seus funcionários. De acordo com a consulta, 87% dos entrevistados disseram que as organizações têm o desejo de serem reconhecidas por valorizar a diversidade. Porém, 78% confessaram que a divulgação de vagas encorajando a candidatura de grupos marginalizados não segue organização regulada. E é aí que pode estar a perda de uma grande chance de virada no jogo – para empresas e trabalhadores.

Uma das ações capazes de levar líderes e gestores a fazerem com que o conceito de diversidade – definido como o conjunto de diferenças culturais, sociais e historicamente construídas – seja colocado em prática é, justamente, a aplicação de vagas de trabalho afirmativas. Ou seja, oportunidades voltadas especialmente para recrutamento, seleção e contratação de membros pertencentes a grupos historicamente subjugados, como as mulheres, os negros e as pessoas com deficiência. Muitas vezes, a oferta pode vir acompanhada de treinamento ou formação específica para a área, abraçando também quem não pôde ter acesso prévio à preparação adequada.

“Às vezes é preciso sensibilizar mais de perto os gestores, tarefa para a qual contamos sempre com a ajuda dos setores de recursos humanos destas instituições”, detalha Daniella Galinari, gerente de atração e seleção do Grupo Selpe, especializado em consultoria de RH. Na cartela de clientes, ela recorda de vários cases de sucesso ligados a inserção de novos colaboradores por meio de programas focados em diversificar o quadro.

Em um deles, uma grande empresa de mineração nacional abriu 120 vagas operacionais pensadas exclusivamente para mulheres. Todas as selecionadas passaram por formação profissionalizante ou técnica nas áreas de mecânica, elétrica e solda, ainda majoritariamente ocupadas por homens. Mais tarde, a mesma companhia ofertou outros 120 postos, distribuídos em dois estados, a serem ocupados por pessoas com deficiência.

As experiências foram surpreendentemente positivas e o assunto ocupa cada vez a pautas das reuniões com grandes grupos. Quando a mobilização acontece, complementa Daniella Galinari, a parceria rende satisfação mútua, além de colaborar com a constituição de espaços mais abertos ao respeito e à tolerância.