Adiléia Silva da Rocha ficou conhecida por seu nome artístico: Dolores Duran. Uma mulher de origem pobre, nascida em 1930, afrodescendente, que, apesar de todos os desafios provenientes de sua condição social e de sua saúde frágil, tornou-se um prodígio muito jovem e uma grande estrela da música brasileira dos anos 1950. A cantora e compositora é tema do documentário inédito e exclusivo “Dolores Duran – O Coração da Noite”, que estreia no Curta! e no CurtaOn no dia de Natal, 25 de dezembro, como um presente para o público. O longa é dirigido por Juliana Barauna e Igor Miguel Pereira.

O filme conta com depoimentos íntimos e bem embasados, como os de Rodrigo Faour, crítico, escritor, historiador da MPB e biógrafo de Dolores; Denise Duran, irmã da artista; Maria Fernanda, filha adotiva; João Donato, ex-namorado de Dolores; e do escritor, ator e produtor Haroldo Costa. As entrevistas revelam uma mulher à frente de seu tempo, namoradeira, boêmia, intensa, alegre e inteligente, e se intercalam com imagens de arquivo e números musicais realizados pela atriz e cantora Bárbara Sut.

Segundo os entrevistados, o talento de Dolores — ainda Adiléia — já se mostrava precocemente. Aos 12 anos, ela se inscreveu no programa “Calouros em Desfile”, de Ary Barroso, e surpreendeu o apresentador e sua plateia ao se apresentar como uma profissional sem nunca ter estudado música. Saiu de lá com o primeiro prêmio e voltou outras vezes, impulsionando o início de sua carreira artística.

No final dos anos de 1940, Dolores conhece um casal influente na sociedade carioca: Lauro e Heloísa Paes de Andrade. Impressionados com sua voz, eles a apresentam a radialistas e formadores de opinião da época, que a convidam para gravar suas primeiras canções e para shows na noite carioca. Torna-se uma cantora e uma compositora versátil, passando por ritmos como samba, samba-canção, bolero e jazz.

Dolores sempre esteve próxima da ideia da finitude, pois desde criança conviveu com um sopro no coração. Viveu intensamente e morreu aos 29 anos. “Ela era cantora, ela era compositora, ela foi apresentadora de programa de televisão, ela foi crooner, ela foi uma artista múltipla que sentou à mesa dos patriarcas, dos pais-fundadores do cancioneiro brasileiro, e falou de igual para igual, olhando nos olhos deles, no mesmo tom de voz”, conclui Jurema Werneck, ativista e diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, uma das depoentes do documentário.

“Dolores Duran – O Coração da Noite” é uma produção da Cine Group viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Após a estreia no Curta!, o documentário estará no CurtaOn, plataforma de streaming disponível em seu site oficial, na Prime Video Channels e na ClaroTV+. Novos assinantes do site terão sete dias de degustação gratuita. A estreia no Curta! é no dia temático “Segundas da Música”, 25 de dezembro, às 22h45.