Nota: 07
Na cena inicial, após uma série de coincidências, existem certa magia e mistério envolto dos personagens principais, que se encontram para assinar um contrato de compra e venda de um terreno, a partir daí, surgem alguns conflitos por acharem que o lote possui poderes mágicos.
As cenas seguintes movem-se quase unicamente por diálogos, que prende a atenção do espectador explicando o que de fato precisamos saber sobre o passado de Roberto (Silvio Guindane) e Mitsuo (Ricardo Oshiro), seus problemas familiares e financeiros e os planos para o futuro. Fica evidente o afeto pelos personagens, pelos sonhos desfeitos e pela nostalgia de cada um. São dois homens falhos e tristes, mas sem o julgamento de suas escolhas passadas ou presentes.
Todos os diálogos são bem destacados, mantendo o universo do filme de uma forma bem secundária, com cenários vazios, seja nos bares, a estrada tranqüila e a falta de pessoas nas praias e dentro da peixaria.
A fotografia do filme se destaca em apontar um protagonista negro e asiático que se desenvolvem de modo harmonioso, colocando um ator negro para interpretar um homem comum sem limitações à sua etnia, nem visto como exceção da sociedade.
Mare Nostrum se coloca em um gesto poetico, uma sutil possibilidade do sobrenatural ligado ao terreno, dá a possibilidade de várias interpretações conforme o intimo de cada espectador, um olhar cotidiano das famílias da classe media sob as menções dos problemas financeiros e desencontros amorosos, abdicação e desejos dos personagens, expondo a vida de uma forma singular e mostrando possibilidades de recompor erros do passado escrevendo um novo futuro.
Crítico: Henrique Marinho