Economista avalia o impacto da crise e a possibilidade de investimentos em empresas com matriz energética mais diversificada


Cerca de 60% da energia que é consumida no Brasil é vem das usinas hidrelétricas que, atualmente, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) enfrentam a pior estiagem dos últimos 91 anos. E é em meio a esse cenário, com o adicional de possível racionamento de energia e aumento das tarifas de consumo, que a economia no país espera uma retomada significativa. Mas, é importante destacar que, mesmo em meio a uma crise dessas proporções, a situação é passageira e abre um leque de oportunidades para quem investe em empresas com matriz energética mais diversificada.

É evidente que a crise atual gera impacto direto em investimentos nas empresas que dependem das usinas hidrelétricas, mesmo que os efeitos da crise hídrica possam se manter a curto prazo, já que para 2022 está previsto uma normalização do volume de chuvas. Porém, isso acende um alerta para a grande dependência de uma única fonte energética.

Segundo o economista André Falcão, da Múltiplos Investimentos, para o investidor de longo prazo não há motivos para desespero. “De maneira geral, o setor elétrico é relativamente estável na bolsa e tende a se recuperar bem dos impactos da crise hídrica, até porque já há uma previsão de normalização das chuvas no ano que vem. Mas, sem dúvidas, o cenário atual faz despertar o interesse por empresas que possuem uma matriz energética mais diversificada e que investem em energia alternativas. Esses negócios deverão passar pelo período atual com maior facilidade que aqueles focados apenas na produção hidrelétrica.”

Para André, um exemplo de fonte de energia alternativa que vem ganhando atratividade é a nuclear. “Apesar de atualmente só existirem opções de investimento no setor através do exterior, a energia nuclear possui a vantagem de ser independente das condições climáticas e época do ano. As usinas modernas dessa categoria são destaques em segurança e tentam deixar para trás o estigma negativo que existe para a maior parte do público geral”, explicou.

Mas, distante dessa possibilidade, o investidor brasileiro deve entender que a crise hídrica deve ser vista como passageira e, talvez, até sirva para acelerar as tendências de evolução do setor no país. “Agora é importante para o investidor selecionar empresas com uma estrutura financeira saudável, com geração de caixa e poucas dívidas. Essas tendem a passar melhor por esse período de dificuldade já que não possuem tanta dependência financeira dos resultados de curto prazo”, pontuou.