No Brasil, a inflação atinge atualmente a marca dos 10%, trazendo inúmeras consequências para a economia e para a população. Em um cenário de incertezas quanto à estabilidade financeira e a pandemia, o mês de dezembro acaba resgatando o desejo de vários brasileiros de se planejarem melhor com as finanças para o novo ano que está chegando. Para Amanda Aires, professora do Centro Universitário UniFBV/ Wyden, nunca é tarde demais para reorganizar os gastos e se preparar para o futuro.

“A educação financeira é como uma dieta: você não precisa esperar pela segunda-feira para começar a ter novos hábitos alimentares. Da mesma forma, você não precisa esperar pelo primeiro dia de janeiro para criar seu plano financeiro. O planejamento deve ser feito agora e de maneira constante, levando em consideração a sua própria realidade e considerando que assim como em uma dieta, quando mais radical forem os cortes, maiores os riscos de você não conseguir ter êxito”, ela destaca. 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no país alcançou 12,6% dos cidadãos brasileiros, o que significa mais de 10 milhões de pessoas sem renda fixa. De acordo com a especialista, “em uma realidade instável como a do nosso país, infelizmente todos estão sujeitos a riscos, logo é imprescindível que as pessoas tentem economizar e guardar reservas, pois nunca se sabe o que há de vir, principalmente diante de um quadro em que temos um bom contingente de desempregados no país”. 

Mas para além dos problemas sociais do país, é preciso estar atento às estratégias de mercado a fim de evitar gastos desnecessários. A Black Friday, data comercial que já tem grande destaque no Brasil há alguns anos, conseguiu encantar muitos consumidores mesmo em um período de pandemia: apenas na região Norte, conforme levantamento da Neotrust, R$ 25,139 milhões foram gastos durante as promoções de novembro.

“O mercado estuda o consumidor. Não é por acaso que temos a Black Friday agora e não depois das festas de fim de ano, porque eles entendem que o trabalhador decide se organizar em janeiro. No início de cada ano, há gastos como escola, IPVA, planos de saúde, então é natural que o brasileiro inicie o ano mais consciente financeiramente. Sendo assim, eles adiantam essas promoções e descontos que parecem ‘imperdíveis’ aos olhos do consumidor, para que as pessoas comprem, parcelem em inúmeras prestações, estourem os limites logo agora, ampliando assim os gastos que já são esperados para o quarto trimestre do ano”, Amanda explica. 

A docente também salienta três tópicos fundamentais para um bom planejamento financeiro: o primeiro trata-se da consciência de metas e objetivos; o segundo é sobre tornar o planejamento constante; já o terceiro é o foco na organização das receitas e despesas.

“Organização financeira é sobre estar preparado para tudo e não sobre apagar incêndios. Pensa na lógica de dieta: você consegue perder 10 quilos em uma semana? Logo, você precisa ter noção da sua realidade, do que você recebe, gasta e do que você deseja a longo prazo. Paralelamente, o ideal é revisitar as suas anotações e contas, pois nossos gastos não são estáticos, sempre surgem outras demandas e urgências. Assim, você pode estruturar seus gastos e redirecionar as suas prioridades. Por fim, tenha sempre em vista o que funciona melhor com você. Não adianta ter um planner de 12 meses se você faz tudo no celular. Se adeque ao que te deixa confortável e siga a partir daí”, conclui.