A formação de um paladar saudável ajuda a reduzir o desejo exagerado por açúcar, comum em algumas crianças. Um dos momentos do despertar desse desejo ocorre em períodos como a Páscoa, em que a oferta de ovos de chocolate aumenta.
A nutricionista Fernanda Leister, do Hapvida NotreDame Intermédica, cita que situações como essas e um consumo exagerado de chocolates podem causar problemas como o sobrepeso. Incentivar de consumo de frutas e legumes é uma alternativa. Atividades físicas e uma boa hidratação amenizam o desejo por açúcar.
De forma natural, o açúcar está presente em alguns alimentos, como a frutose das frutas. O acompanhamento mais rígido envolve o açúcar branco, com seus reflexos na vida das pessoas. Estudo da ONU aponta que a média mundial é de 6% de casos de sobrepeso entre crianças de até 5 anos de idade. No Brasil, está acima: 7,3%.
A questão deve ser tratada já na introdução alimentar, uma fase muito importante quando a criança aprende a comer. “A criança ainda não tem preferências e desconhece os diferentes sabores e texturas. Comparo essa fase a um livro com páginas em branco e que começa a ser escrito”, cita.
Fernanda recomenda que a apresentação do açúcar e de alimentos processados deve ser evitada até pelo menos 2 anos de idade. Assim, a criança define melhor suas preferências alimentares.
Criança tem curiosidade, e não vontade
O convívio com os adultos é importante nessa faixa etária. Um exemplo ocorre quando o adulto toma refrigerante ou come chocolate, e acha que a criança que está por perto tem vontade de fazer o mesmo. Não existe isso, segundo Fernanda.
“A criança tem curiosidade, mas não tem vontade. Ela não conheceu ainda o sabor do refrigerante ou do chocolate. Hoje sabemos que há crianças com menos de 1 ano de idade que já consomem chocolate e refrigerante”, cita a nutricionista.
Isso vai alterar o paladar inicial, com reflexos nos anos seguintes. “Produtos ricos em açúcar, sódio e gordura são mais agradáveis, mas menos saudáveis. Fica muito difícil uma criança que está conhecendo sabores e que adota esses alimentos aceitar outras opções. Podemos dizer que frutas, hortaliças e legumes acabam perdendo a graça”, cita Fernanda.
A seletividade aparece, por exemplo, na lancheira escolar. Salgadinhos, bolachas e bolos e industrializados passam a ser preferidos na escola, diz a nutricionista. A lista inclui os sucos industrializados.
Quando o desejo da criança por açúcar está acima do ideal, há como melhorar – mas por etapas, segundo Fernanda. “É um trabalho que precisa da contribuição dos familiares e de quem cuida dessa criança. Essas pessoas também vão ter que mudar o consumo de açúcar”, diz Fernanda.
A compra do mês na família abandona itens como bolacha, salgadinho, chocolate e refrigerante. A fruta ganha mais espaço, inclusive em receitas de bolo de banana ou de maçã.
Fernanda recomenda regras gerais na casa. Todos só comerão doce no final de semana e de forma moderada. “Outra saída é comprar uma quantidade certa, ao invés de deixar grandes quantidades no armário, com livre acesso para criança”, orienta.
O acompanhamento de profissionais da Saúde entra na lista de ações que ajudam.