De 2021 até agora, foram feitas cerca de 150 fusões no setor de saúde e perspectiva é de crescimento nos próximos anos

O setor de saúde no Brasil passa por uma grande transformação. Nos últimos dois anos, o campo lidera o ranking de fusões e aquisições e reúne as maiores operações de compras de empresas no país. Do início de 2021 até agora, aproximadamente 150 transações foram feitas e movimentaram mais de R$ 20 bilhões, mesmo com a perspectiva de desempenho fraco da economia para o ano de 2022. 

Duas das maiores transações ocorreram durante esse período: a fusão, por meio de troca de ações, entre as operadoras de planos de saúde Hapvida e a NotreDame Intermédica – um negócio que cria uma empresa com valor de mercado de mais de R$ 80 bilhões -, e a compra da seguradora SulAmérica pela operadora de hospitais Rede D’or, um acordo de mais de R$ 10 bilhões.

De acordo com o empresário Fernando Murta, diretor da Essencial Consultoria em Saúde, as transações tendem a permanecer elevadas e existe a perspectiva de que um movimento comece a ser observado por fornecedores de serviços, como por exemplo, redes de laboratórios.

‘’Os níveis de transações devem continuar bastante elevados, os compradores estão com pressão por verticalização. É preciso ficar atento a um outro movimento que é o de aquisições por fornecedores de serviços, caso de redes de laboratórios, que estão mais pressionadas pelos grandes grupos concorrentes e podem começar a olhar também, por exemplo, as operadoras de planos de saúde’’, explica.

O surgimento de grupos gigantes, é acompanhado de perto pelos participantes do setor, que analisam os efeitos desse crescimento das empresas em seus próprios negócios. A Hapvida e NotreDame Intermédica já vinham protagonizando uma escalada de aquisições, com o intuito de se tornarem empresas verticalizadas, o que significa que o cliente de seus planos de saúde é atendido pela rede de hospitais e clínicas da própria empresa.

Do lado dos planos de saúde, a fusão de grandes grupos começa a incomodar, porque já existe a leitura de que as companhias que estão cada vez mais encorpadas irão avançar em mais segmentos no setor de saúde – e com potencial de atrair clientes de concorrentes. 

Ainda de acordo com Fernando Murta, o futuro do setor de saúde é muito promissor. As empresas estão se reinventando. Boa parte das transações diz respeito a isso.

‘’Esses fatores deixam o setor de saúde muito promissor. O campo da saúde foi um dos únicos setores essenciais que permaneceram em franco crescimento no ano de 2021 e agora em 2022. Isso proporciona oferecer serviços que são mais confiáveis para o cliente e ainda mais atrativos para investidores. Isso também reflete uma busca incessante por oferecer o melhor atendimento ao paciente’’, enfatiza.