A administradora Adilma Vieira, que mora há mais de 30 anos no bairro de Maranguape I, no município de Paulista, Região Metropolitana do Recife (RMR), acompanhou de perto a situação que ela e os demais moradores viveram entre os anos de 2019 e março de 2021 com relação à coleta do lixo no bairro. “Lembro bem que durante esse período, a cidade estava podre. Era lixo por todos os lados, uma fedentina horrível. A gente mal via o caminhão do lixo passar”, disse. Mas, de abril de 2021 para cá, a situação no município mudou. A coleta de resíduos sólidos domiciliares, assim como a limpeza das vias públicas e praias, recolhimento de entulhos e pintura e capinação voltaram ao normal. “Hoje o caminhão passa religiosamente todos os dias, com exceção dos domingos, recolhendo o lixo nas nossas ruas”, comemorou a moradora.

A volta da ordem ao município se deu seguindo uma recomendação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para reativar a Parceria Público Privada (PPP) com a prefeitura, restabelecendo a retomada das atividades do Consórcio i9 Paulista, que no próximo mês completará um ano que voltou a assumir a limpeza de toda cidade. O desafio vem sendo o de minimizar o prejuízo ambiental provocado pela administração anterior, entre fevereiro de 2019 a março de 2021, quando foram deixados sem destino correto com a paralisação da unidade de tratamento mecânico de resíduos mais de 50 milhões de quilos de resíduos como papel, plástico, vidro, metal e embalagens tetrapack.

Entre os meses de abril e dezembro de 2021, a realidade começou a mudar. A balança da coleta de resíduos sólidos gerados no município registrou crescimento. Após um mutirão de limpeza em que foram recolhidas mais de 800 toneladas de lixo das ruas e principais corredores da cidade, no mês de abril, a meta estabelecida foi batida nos meses subsequentes. Em maio, das 7.400 toneladas esperadas, a quantidade de resíduos recolhidos chegou a 8.200 (+ 111,1%). A previsão de implantar contêineres nas feiras livres, mercados públicos e para atender moradores era de 100 unidades naquele mês. A empresa conseguiu implantar 98 (+98%). De lá pra cá, os números vêm aumentando mês a mês. A coleta mecanizada também registrou alta de 23.35% no município.

A frota responsável pelo recolhimento dos resíduos passou por renovação e crescimento. Após a assinatura e publicação de um termo aditivo foi disponibilizado pela concessionária para a operação caminhões, máquinas, veículos e equipamentos em quantidade superior ao previsto no plano de negócio inicial, tendo em vista a necessidade do município. Um exemplo é o número de caminhões compactadores de 15m³ que fazem a coleta domiciliar que passou de 13 para 16. As roçadeiras costais, utilizadas para capinação, passaram de três para 15.

Para o diretor da i9, empresa responsável pela limpeza em Paulista, Luís Gustavo Santos, “a retomada das nossas atividades pode ser resumida na palavra confiança, à qual nos foi depositada pelo atual governo municipal da cidade do Paulista. Os desafios e obstáculos são diários, mas temos a certeza que nossa equipe está comprometida a superá-los”, disse.

Ecoponto – Os moradores estão para receber, no próximo mês de abril, o primeiro de cinco ecopontos de coleta para grandes volumes de resíduos sólidos. A população poderá levar até o local resíduos como móveis, metralhas, podas de árvores, entre outros com até 1m³. O espaço irá operar na Avenida Brasil, em Maranguape I, na área onde funcionou por anos o Campo de Aviação. A empresa também irá construir outros cinco ecopontos na cidade.

Retorno – Ao reassumir o contrato em 07 de abril de 2021, a concessionária encontrou a cidade muito carente da regularidade dos serviços de limpeza, com lixo para todo lado. A área da central de tratamento de resíduos da Mirueira depredada e sem manutenção. As licenças ambientais estavam vencidas. A balança rodoviária para pesagem dos resíduos, sem manutenção e rodando com sistema manual. A célula onde funcionou por 30 anos o Lixão da Mirueira estava totalmente deteriorada, inclusive, com a presença de animais e catadores, coisa que não acontecia há mais de 10 anos. O muro que cerca o aterro estava com muitos pontos demolidos. A drenagem toda soterrada, sem planejamento topográfico, sem manutenção da vegetação do entorno, com vários pontos de vazamentos de chorume e lixo domiciliar sendo descartado no local, que é proibido.

Segundo Luís Gustavo, os prejuízos foram consideráveis. “O maior foi com a Central de Tratamento de Resíduos, que estava completamente depredada. A unidade de tratamento dos resíduos da Construção Civil estava quase toda soterrada pelos entulhos depositados irregularmente no local e os motores haviam sido furtados”, explicou. De acordo com o diretor, o município foi responsabilizado por estar descumprindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos se tornando réu em uma Ação Civil Pública (processo judicial nº 0007246-17.2011.4.05.8300) que tramita na 6ª Vara Federal, movido pelo Ibama, e na Vara da Fazenda do Paulista.

Para reverter o quadro, a empresa realizou um diagnóstico ambiental. O resultado foi registrado em cartório e protocolado na prefeitura. A i9 já pôs em execução algumas medidas como a remediação emergencial na área do lixão, a atualização de todas as licenças ambientais e a recuperação das estruturas físicas. Os próximos passos compreenderão uma segunda remediação do aterro e a ocupação de uma nova área para a implantação de uma nova célula de resíduos inertes a ser definida pela prefeitura.