O dia 23 de abril é o Dia Nacional do Choro por causa do nascimento do mais popular expoente do gênero musical: o compositor, maestro, flautista, saxofonista e arranjador Alfredo da Rocha Vianna Filho, conhecido como Pixinguinha. E a melhor maneira de comemorar, claro, é curtindo choro de graça! 

Para festejar, o grupo Choro na Praça, criado há 25 anos pelo produtor musical e flautista Edgard Gordilho, vai se apresentar em Itaguaí, no dia 21 de abril, e em Mangaratiba, no dia 22, de graça, com patrocínio do Instituto Cultural Vale e do Ministério da Cultura. Os shows serão às 18h, nas praças Vicente Cicarino e Roberto Simões, respectivamente. Mas, antes, tem esquenta com apoio da Rádio SulAmérica Paradiso, no dia 14 de abril, também às 18h, no FM Hall, que fica no Bossa Nova Mall, dentro do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Tudo de graça!

No dia 20 de abril, o Choro na Praça também fará duas apresentações em escolas públicas: uma em Itaguaí, outra em Mangaratiba. Em todas essas apresentações, o grupo vai contar a história do choro, que nasceu da mistura dos ritmos europeus com os batuques africanos e precisa ser valorizado e difundido para as novas gerações, a fim de que a trajetória do cancioneiro brasileiro seja compreendida e sua memória mantida. Por isso, o repertório dos shows do Choro na Praça privilegia obras representativas dos maiores expoentes do choro, desde seu surgimento, passando por sua fundamentação e sua consolidação até seus mais recentes mestres. Entre os precursores, estão Joaquim Calado, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth. Já os principais formadores foram Pixinguinha, Waldir Azevedo e Jacob do Bandolim. E também fazem parte do roteiro obras de compositores contemporâneos, como Severino Araújo e Altamiro Carrilho, ambos falecidos em 2012.

O Choro na Praça vai se apresentar com a seguinte formação: Edgard Gordilho (flauta e arranjos), Levi Chaves (clarinete), Toni 7 Cordas (violão 7 cordas), Luiz “Mequinho” Américo (violão 6 cordas), Felipe Pedro (cavaquinho), João Rafael (pandeiro) e Mila Schiavo (percuteria). Eles vão executar clássicos do choro, como “Carinhoso” (Pixinguinha), “Noites cariocas” (Jacob do Bandolim), “Brasileirinho” (Waldir Azevedo), “Odeon” (Ernesto Nazareth), “Tico-tico no fubá” (Zequinha de Abreu) e “Flor amorosa” (Joaquim Calado), cuja partitura foi a primeira a ser editada com a palavra “choro” grafada no espaço para o gênero musical, em 1880.

Nas praças de Itaguaí (Pça. Vicente Cicarino) e Mangaratiba (Pça. Roberto Simões), haverá também uma programação organizada pelas prefeituras locais a partir das 10h, com diversas atividades – entre elas, aferição de pressão e de glicose; doação de sangue e adoção de animais.

Sobre o Choro na Praça

O grupo Choro na Praça surgiu em 1998, sob a liderança do produtor musical e flautista Edgard Gordilho, com o objetivo de divulgar o choro, o samba e a música instrumental brasileira. Desde 2000, Choro na Praça é uma marca registrada no INPI. À frente do grupo, está o flautista Edgard Gordilho, admirador de Altamiro Carrilho e responsável pelos arranjos das músicas. Ele é autor do documentário “O choro, de Calado a Altamiro”.

O grupo Choro na Praça já se apresentou em diversos espaços públicos, sempre patrocinado pelas prefeituras do Rio de Janeiro e de várias cidades fluminenses – Niterói, Piraí, Parati, Paty do Alferes, Saquarema, Paracambi e Arrozal – e Além Paraíba, em Minas Gerais.

O idealizador do grupo, Edgard Gordilho, apresentou o I Dia do Choro em Portugal, com a realização de três shows, na Casa Fernando Pessoa; na Praça D. Pedro IV, no Rossio; e no Clube de Choro de Lisboa. Também já deu aulas sobre choro para músicos de Barcelona (Espanha) e Toulouse (França).

Um pouco sobre a origem e a história do choro

A música brasileira seguia os padrões clássicos estrangeiros até que o flautista Joaquim Calado passou a unir a erudição europeia aos ritmos africanos, fazendo surgir o choro, nosso mais genuíno gênero musical. Isso aconteceu em rodas de músicos em bairros populares e depois em saraus na residência imperial da Quinta da Boa Vista de Dom Pedro II, no Rio de Janeiro.  Embora não se possa fixar uma data para o surgimento do choro, um importante marco em sua história foi quando Joaquim Calado grafou a palavra “choro” no local destinado ao gênero na partitura de “Flor amorosa”, sua última composição, de 1880. Até então, eram editados apenas os ritmos tradicionais, como valsa, polca e tango.  

Os instrumentos, de origens europeia, foram ganhando contornos brasileiros na técnica de execução. A clarineta, o violão, o saxofone, o bandolim ou o cavaquinho eram executados inconfundivelmente com o sotaque brasileiro, ainda que, em gêneros musicais estrangeiros. As maiores influências do choro vêm da polca e do lundu. Inicialmente, o choro tinha três partes, posteriormente passou a ter duas, e depois ganhou letra.

No final do século XX, o choro voltou a ser uma maneira de frasear as melodias de vários tipos de músicas e foi se flexibilizando, não necessariamente voltando à primeira parte. As primeiras décadas do século XX foram decisivas para o estabelecimento e a afirmação da nacionalidade brasileira, misturando a erudição das cortes europeias e as formas populares vindas das senzalas. A música era um meio de inserção social dos negros. Muitas vezes, os artistas negros valeram-se do divertimento para levantar discussões em torno de temas que os afetavam, assumindo papel fundamental no desenvolvimento de uma cultura popular urbana carioca. Quando o cinema mudo chegou ao Brasil, por exemplo, eram eles que tocavam anonimamente atrás das cortinas.

Alguns pesquisadores acreditam que a palavra “choro” é derivada do latim “chorus” (coro). Outra vertente de pesquisadores, como José Ramos Tinhorão, afirma que o termo é derivado do verbo “chorar”. Os choros lentos (influência dos lundus chorados ou doce-lundu), por parecerem um lamento, lembram o verbo “chorar” e quando os instrumentos de cordas, principalmente o violão, são tangidos ao mesmo tempo para o acompanhamento da flauta, lembram um estado de melancolia.

Segundo Luís da Câmara Cascudo, a palavra seria uma derivação de “xolo”, certo tipo de baile que os escravos faziam nas fazendas. Da palavra derivou o vocábulo “xoro”, que foi alterado para “choro”.

Já Ary Vasconcelos acredita que a palavra é uma corruptela de “choromeleiros”, certa corporação de músicos do período colonial que executavam as “charamelas”, instrumentos de palhetas precursores dos clarinetes.

Na primeira década do século XX, o termo “choro” já denominava o gênero, como uma forma musical definida e não mais como sinônimo de uma roda de músicos que executavam músicas populares.

Considerado “O pai dos chorões”, Joaquim Calado (1848-1880) pertenceu à primeira geração do gênero e formou o “O Choro Carioca”, primeiro grupo instrumental de que se tem notícia. O compositor e flautista é considerado por todos os estudiosos da música popular brasileira como a figura de proa na implantação e fixação do choro nos últimos 20 anos do Império no Brasil. Foi pioneiro e pode ser considerado o criador do choro, ao incorporar a flauta aos violões e cavaquinhos, instrumental comum aos conjuntos da época. Seu grupo, que ficou conhecido como “O Choro de Calado”, era constituído por um instrumento solista, no caso a flauta, dois violões e um cavaquinho. Dos três instrumentistas de cordas exigia-se boa capacidade de improvisar sobre o acompanhamento harmônico.

Por volta de 1850, o trio flauta, violão e cavaquinho virou quarteto com a inclusão do piano, outra grande contribuição no nascedouro do choro. Dos instrumentos emblemáticos do gênero, destacamos o violão, o piano, a flauta, o cavaquinho e o bandolim. De início, o cavaquinho era usado apenas para acompanhamento, mas com Waldir Azevedo (1923-1980) ganhou status de solista, muito por conta do sucesso nacional e internacional de “Brasileirinho” (1949). Já o pandeiro foi incorporado quase 50 anos depois do nascimento do choro.

Ficha técnica dos shows do Choro na Praça em abril de 2023

Patrocínio – Instituto Cultural Vale e Ministério da Cultura

Coordenação geral – Dois por Quatro

Produção executiva – Infinit Produções

Direção musical e arranjos – Edgard Gordilho

Projeto gráfico – Lucas Tavares

Assessoria de imprensa – Sheila Gomes

Redes sociais – Carla Paes Leme

Videomaker – Play Movie – Rodnei Vídeos

Sonorização – Loc Strut

Repertório das apresentações

“Flor amorosa” – Joaquim Calado (1848-1880)

“Corta-jaca (Gaúcho)” – Chiquinha Gonzaga (1847-1935)

“Flor do abacate” – Álvaro Sandim (1862-1919)

“Odeon” e “Escorregando” – Ernesto Nazareth (1863-1934)

“Três estrelinhas” – Anacleto de Medeiros (1866-1907)

“O nó” – Candinho (1879-1960)

“Zinha” – Patápio Silva (1880-1907)

“Não me toques” e “Tico-tico no fubá” – Zequinha Abreu (1880-1935)

“Choro nº 1” – Heitor Villa-Lobos (1887-1959)

“O bom filho à casa torna” – Bonfiglio de Oliveira (1894-1940)

“Carinhoso” e “O gato e o canário” – Pixinguinha (1898-1973)

“Intrigas no boteco do Padilha” – Luiz Americano (1900-1960)

“Dinorah” – Benedito Lacerda (1903-1958)

“Acariciando” – Abel Ferreira (1915-1980)

“Na Glória” – Raul de Barros (1915-2009)

“Sempre” – K-Ximbinho (1915-1980)

“Um chorinho em Aldeia” – Severino Araújo (1917-2012)

“Receita de samba” e “Noites cariocas” – Jacob do Bandolim (1918-1969)

“Pedacinho do céu” e “Brasileirinho” – Waldir Azevedo (1923-1980)

“Deixa o breque pra mim”, “Beija-flor” e “O eterno jovem Bach” – Altamiro Carrilho (1924-2012)

Mais informações em www.choronapraca.com.

Serviço

Dia 14 de abril, 18h – FM Hall, no Bossa Nova Mall, Aeroporto Santos Dumont – Rio de Janeiro
Apoio: Rádio SulAmérica Paradiso FM

Dia 21 de abril, 18h – Praça Vicente Cicarino – Itaguaí

Apoio: Prefeitura de Itaguaí

Dia 22 de abril, 18h – Praça Roberto Simões – Mangaratiba

Apoio: Prefeitura de Mangaratiba

Todos os shows são gratuitos, com patrocínio do Instituto Cultural Vale e do Ministério da Cultura.