“João Pernambuco – Coração de Violão” terá sessões dias 18 e 19 de maio, celebrando a força cultural, rítmica e poética do Nordeste e do Brasil. Com entrada franca, evento brindará os 140 anos do homenageado, autor do hino sertanejo “Luar do Sertão”, no aniversário de 174 anos do Santa Isabel

Celebrando a memória cultural e musical brasileira, a cantora mineira Glaucia Nasser sobe ao palco do Teatro de Santa Isabel, dias 18 e 19 de maio, para cantar o legado do pernambucano João Teixeira Guimarães, João Pernambuco, o “Poeta do Violão”, que migrou do cerne da cultura fértil e abundante do Sertão para se sagrar na posteridade artística nacional como o primeiro músico a compor para violão solo no Brasil.

Batizado de “João Pernambuco – Coração de Violão”, o espetáculo, realizado pelo Instituto João Pernambuco com coprodução da Fundação Brasil Meu Amor, fará sua estreia nacional no Recife, de onde seguirá em circulação por mais sete capitais brasileiras. Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados uma hora antes de cada sessão, na bilheteria do teatro. À ocasião já especial do lançamento da turnê, somam-se ainda o prestígio e o presságio de dois ensejos: os aniversários de 140 anos do homenageado, João Pernambuco, e de 174 anos do Teatro de Santa Isabel, um dos mais imponentes e importantes palcos da capital pernambucana, onde música é sensibilidade e vocação nativa, com chancela até da Unesco, que declarou o Recife ‘Cidade Criativa da Música’.

“João Pernambuco foi um menino do Sertão, que não sabia ler nem escrever. Mesmo assim forjou seu próprio destino. Aprendeu sozinho a tocar violão e alcançou uma excelência técnica, que viria a ser celebrada e reconhecida até por músicos como Villa-Lobos. Meu amigo Paulo Dafilin, o diretor musical deste espetáculo que levaremos ao Recife, costuma dizer que nenhum violonista brasileiro pode prescindir de conhecer a obra de João Pernambuco”, afirma Glaucia, que declara ter enraizado e encantado irreversivelmente sua relação com Pernambuco. “Nunca fomos tão próximos.”

“É mesmo impressionante a diversidade e a força cultural, rítmica e poética que o Recife tem, que Pernambuco inteiro congrega. É onde se cultiva e aprofunda a raiz do Brasil, da música, da nossa cultura”, assevera a cantora. Glaucia conhece a cidade de perto, de dentro e de cima dos palcos: já se apresentou com o sanfoneiro Cezzinha no Bloco da Saudade, no Carnaval deste ano, e em junho de 2023, no Paço do Frevo, quando deu início à pesquisa sobre João Pernambuco que culminará nesta turnê e no lançamento de um documentário previsto para estrear em 2024. Durante as gravações, ela rumou Pernambuco adentro, ao lado de talentosos e estudiosos companheiros, para refazer os caminhos de João Pernambuco, artista que merece e carece de mais reconhecimento pela magnitude de seu legado. O projeto se deu a partir da provocação do jornalista José Leal, fundador do Instituto de Arte Popular João Pernambuco, com realização da Fundação Brasil Meu Amor, entidade que, como o próprio nome designa, é um gesto de amor ao Brasil que tem como objetivo fazer o brasileiro se apaixonar pelo seu país.

O documentário, que resgata e refaz a trajetória do compositor do célebre e comovido hino sertanejo “Luar do Sertão”, foi filmado em sete cidades pernambucanas: Tacaratu, Inajá, Floresta, Petrolândia, Jatobá e São José do Egito, além do Recife. “O espetáculo apresenta um pouco dessa história. É também um cartão postal de Pernambuco, trazendo, nas projeções cenográficas, muito do que filmamos, vivemos e sentimos ao pisarmos nesse solo sagrado da música”, diz a mineira pra lá de pernambucana que gravou um EP com seis músicas de João Pernambuco após esse mergulho em sua obra. E tudo isso, garante, é mérito de José Leal, cicerone pela região e pela obra de João Pernambuco, que virou parceiro e grande amigo, falecido recentemente. “Esse espetáculo é um compromisso com ele.”

Integrante dessa comitiva sertaneja e também da equipe de produção de “João Pernambuco – Coração de Violão”, Julio Cesarini, diretor artístico do espetáculo, explica que muitas das belezas do Sertão se farão apresentar e representar na entrada e no palco do Santa Isabel, que terá como cenário projeções de imagens captadas durante as gravações do documentário. “Nossa ideia é tingir o teatro com as cores que representam esse festivo estado, misturando cinema e música para depor sobre a sensibilidade, generosidade e genialidade de um povo e de um homem que o representou tão bem.” Parte desse material está disponível em @issosimeobrasil.

REPERTÓRIO – Para retratar as raízes e frutos de João Pernambuco e a poética nordestina, o repertório percorrerá uma vasta extensão do país, do litoral ao Sertão. Com 100 minutos de duração, reunirá, além das canções de João Pernambuco, composições de outros autores que apresentam com grandeza a cena musical do país. Entre as músicas executadas, estarão “Coração Bobo” e “Voltei Recife”, de Alceu Valença; “Caminho do Sertão”, de João Pernambuco e José Leal; “Luar do Sertão” e “Cabocla de Caxangá”, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco; “Numa Sala de Reboco”, de José Marcolino e Luiz Gonzaga; “Frevo nº 2”, de Antônio Maria; “Raízes e Frutos, de José Leal e Paulo Dafilin.

A turnê  tem coprodução da Fundação Brasil Meu Amor, patrocínio da Terrena e da Nooa e apoio cultural do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). Para essa estreia recifense, conta ainda com o apoio cultural da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

SOBRE JOÃO PERNAMBUCO – João Teixeira Guimarães (1883-1947), imortalizado como João Pernambuco, deixou o Sertão como um artista autodidata, na última década do século 19, rompeu as limitações do seu analfabetismo, da falta de recursos e foi capaz de alçar o violão à atenção e ao protagonismo que jamais lhe haviam sido dados. Ao completar a maioridade, seguiu rumo à mais importante capital da América do Sul na época: o Rio de Janeiro. Villa-Lobos reconheceu naquele músico, compositor e violonista pernambucano um expoente musical ímpar e incentivou-o durante sua trajetória. Contemporâneo de Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazaré, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Dilermando Reis, Américo Jacobino (Canhoto), João Pernambuco deixou ao nosso país um riquíssimo legado de músicas e as primeiras composições para violão solo no Brasil, consagrando-se como o poeta do violão. Sua obra figura entre as pedras fundamentais da identidade da música brasileira.

SOBRE GLAUCIA NASSER – Artista, empreendedora e eterna apaixonada pela cultura brasileira, a mineira Glaucia Nasser atravessa o país para ministrar conferências, atuar em espetáculos, produzir documentários, videoclipes e um sem-número de outras atividades artístico-educacionais. Como a mulher de ação que é, participa ativamente de iniciativas que aprofundam as raízes culturais brasileiras, apesar de tantos e também profundos desafios sociais do país. Na Fundação Brasil Meu Amor, desempenha atividades de relações institucionais além de se envolver em diversos projetos para o resgate do patrimônio cultural nacional e no fomento às novas artes. A música é seu veículo de expressão, e o empreendedorismo é um talento herdado de sua ancestralidade. Sua musicalidade, domínio vocal e performances refletem a riqueza e diversidade das referências sonoras, visuais, poéticas e afetivas que vivem no acolhimento generoso de seu caso de amor com a cultura brasileira.“É fazendo essas andanças culturais pelo Brasil que a gente compreende quando Guimarães Rosa fala que ‘Sertão é dentro da gente’”, diz a cantora, a quem nunca falta fôlego para mergulhar no Brasil profundo.

SERVIÇO

Glaucia Nasser no espetáculo “João Pernambuco – Coração de Violão”

Dia 18 de maio, às 20h

Dia 19 de maio, às 17h

Teatro de Santa Isabel, Praça da República, s/n, Bairro de Santo Antônio

Entrada franca – os ingressos devem ser retirados na bilheteria do teatro uma hora antes de cada sessão

Ficha Técnica

Cantora /Solista – Glaucia Nasser

Diretor Musical e Violão – Paulo Dafilin

Piano e Acordeon – Pedro Cunha

Tchello – Jonas Moncaio

Baixo Acústico – Fernando Nunes

Bateria – Thiago Gomes

Guitarra – Guiza Ribeiro

Flauta e Sax – Cassio Ferreira

Percussão – Chrys Galante e Leandro Vieira

Iluminação – Grissel Manganelli

VJ – Suelen Adur

Sonorização – Fernando Leite

Direção de Arte – Julio Cesarini

Cenário – William Zimolo e Julio Cesarini

Arquitetura – Vinicius Cardoso

Coordenação de Produção – Amanda Leones

Produção – Jô Cesarini e Matheus Ruzzante