O ajuntamento musical baiano CABOKAJI realiza turnê virtual por quatro cidades do nordeste e neste sábado, 20 de novembro, a partir das 19h, é a vez do público pernambucano assistir ao show online de lançamento do primeiro álbum autointitulado, através do youtube do Centro Cultural Grupo Bongar (@grupobongar – https://youtube.com/c/maribongar), pertencente ao Terreiro Xambá – primeiro quilombo urbano do Brasil e único no país desta nação candomblecista (Xambá). Neste show, Mayale Pitanga – o guitarrista e cantor do Cabokaji – faz apresentação solo de canções do seu álbum afroindígena, introspectivo e intimista ORÉ.

Além de Olinda, o grupo já passou por Aracaju, Maceió e volta no próximo dia 27 de novembro para Salvador, terras que construíram a base da musicalidade desse país, estados com povos que intercambiaram para resistir, sobreviver e manter suas culturas. A ação é resultado do projeto Original Caboks, que conta com patrocínio do Natura Musical e do Governo da Bahia – através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.

O disco autointitulado trabalha com ritmos pouco explorados, como rojão, aboio, dança de Búzios, Coco Fulni-ô, e outras mais populares como maracatu e afoxé. O álbum Cabokaji está disponível em todas as plataformas sociais musicais (Link) desde o dia 29 de outubro (https://onerpm.link/570959954009) e é a base do repertório da transmissão.

A apresentação representa a união entre dois dos principais pólos de produção musical nordestina atualmente e atualiza a conexão cultural Bahia–Pernambuco, sempre muito presente na história da nossa música. O estado é também terra sagrada dos Fulni-ô, única etnia indígena do Nordeste a preservar integralmente sua língua originária, onde foi gravado parte do álbum Cabokaji e videoclipes, com participação especial dos Guerreiros Sainny, Witxo e Edwa, além de mais 15 indígenas Fulni-ô.

Mais do que uma banda, o ajuntamento musical CABOKAJI é um encontro músico-performance dos cantores, compositores, instrumentistas e pesquisadores da arte Caboclo de Cobre, ISSA, Mayale Pitanga e Ejigbo Oni. O grupo faz da sua arte uma plataforma política que busca, entre outras pautas, contribuir com o processo de resgate da importância dos povos originários para a musicalidade nacional brasileira.

Cabokaji é um sopro para afastar a neblina, cortiça do esquecimento, que tanto atrapalha enxergar o valor e a contribuição incondicional destes povos. No álbum gravado no estúdio da Aquahertz Beats, o grupo se debruça sobre a musicalidade indígena, berço para o surgimento de diversos ritmos nordestinos.

O trabalho traz uma produção musical contemporânea e calcada em ritmos eletrônicos costurados por um discurso pautado no “sorriso como ferramenta política e a dança como processo de cura”. A inspiração maior para as criações artísticas foram os caminhos já percorridos pelo Cabokaji e as vivências com ajuntamentos indígenas pernambucanos ocorridos na primeira etapa do Original Caboks, de 12 de julho a 10 de agosto, com as comunidades tradicionais Fulni-ô/PE, Xukuru-kariri/AL e Kaxagô/SE. 

“Estar com eles e elas foi fundamental, foi fundamento. Fundamento em religiosidade é a célula basilar do rito. Se Cabokaji é um grande Ritual, a sua célula basilar é toda esta herança e beleza indígena, trocada e partilhada em corpo presente e incorporado de sentidos”, pontua Caboclo de Cobre.

Todas as gravações e transmissões da turnê foram realizadas em Salvador, no espaço da Casa Preta, seguindo todos os protocolos sanitários que a pandemia de Covid-19 exige. Além da banda, a equipe da envolve Caboclo de Cobre na direção artística, Moisés Victorio na direção de arte e visualidades, cenário e iluminação, Ani Haze na co-direção de arte e visualidade/VJ/mapping, e TED Ferreira na direção de fotografia e coordenação de set.

“O trabalho está sendo feito em cima das imagens captadas no contato com os ajuntamentos indígenas, algumas imagens eu também criei para dialogar com cada faixa, cada som e letra. Procuro entender como foi a criação da música ou o que ela reflete para criar uma ideia de projeção como um reflexo do som. O objetivo é que seja uma experiência imersiva também. Além disso, eu crio efeitos ao vivo a partir da performance da banda”, conta Haze sobre a concepção visual da turnê virtual.

O Cabokaji foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura da Bahia (FazCultura), ao lado de Nara Couto, Mestre Aurino de Maracangalha, Mahal Pita e Mercado Iaô, por exemplo. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para 58 projetos de música até 2020, como Margareth Menezes, Jadsa, Mateus Aleluia e Ilê Ayê.

“A música propõe debates pertinentes, que impactam positivamente na construção de um mundo melhor. Acreditamos que os projetos selecionados pelo edital Natura Musical podem contribuir para a construção de um futuro mais bonito, cada vez mais plural, inclusivo e sustentável”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.

Foto: Divulgação

Original CABOKS

O projeto Original CABOKS – que tem coordenação de produção de Luiz Antônio Sena Jr, produção executiva de Mariana Damásio e assistência de Sérgio Akueran e Tamires Allmeida – contempla os lançamentos single, álbum, videoclipes e as 5 transmissões da turnê online. Outro produto que integra o projeto é um curta experimental, documento do processo de construção dos shows e videoclipes, como recurso-memória neste resgate à ancestralidade afro-ameríndia. Todo o material audiovisual conta com a direção de fotografia do documentarista Ted Ferreira.

O conceito poético dessas produções passa pelas ritualísticas visualidades e costumes, reverência e valorização das mulheres indígenas e a desmistificação dos povos originários enquanto indivíduos que estão à margem dos recursos tecnológicos e da geração de conhecimento.Além disso, o projeto propõe a revitalização da Rádio Educativa Cultural Fulni-ô FM, que abriga o maior acervo do “Ia-Tê”, língua original da Aldeia Fulni-ô.

Sobre a banda Cabokaji

Cabokaji não é criado, ele é poeira cósmica musical permeada por histórias que atravessam tempos e estão marcadas em nossos corpos. Ocupação PRETA, INDÍGENA, CABOCLA. Dança de batida no coro. Em 2019, Natura Musical aproxima e expande os horizontes para o nascer do primeiro álbum Cabokaji, afirmação discursiva para a ocupação e a exposição do ajuntar para exaltar as culturas de povos pindorâmicos e corpos pretos atravessados para outro lado do atlântico e que atualmente nos enriquecem com forças ancestrais de orixás, nkisis e voduns.

Cabokaji é aldeamento, resultado do “Ajuntamento” de muita energia positiva, partilhas e trocas. Em dois anos de existência, espalha o som pela valorização dos universos africanos e dos povos pindorâmicos, culturas dotadas de saberes, costumes, belezas, mistérios e musicalidade presentes nos corpos brasileiros. Além do Prêmio Natura Musical 2019, para a produção do seu primeiro disco, Cabokaji coleciona o prêmio na categoria de “Melhor Arranjo para Música com Letra”, com o single “Chegança”, no 18º Festival de Música da Educadora FM, em 2020, em que teve contribuição de Dandê Bahia e Produção da AquaHertz Beats.

Sobre Natura Musical

Natura Musical é a plataforma de cultura da marca Natura. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu cerca de R$ 174,5 milhões no patrocínio de mais de 518 projetos – entre trabalhos de grandes nomes da música brasileira, lançamento e consolidação de novos artistas e projetos de fomento à cenas e impacto social positivo. Os trabalhos artísticos renovam o repertório musical do País e são reconhecidos em listas e premiações nacionais e internacionais. Em 2020, o edital do Natura Musical selecionou 43 projetos em todo o Brasil e promoveu mais de 300 produtos e experiências musicais, entre lançamentos de álbuns, clipes, festivais digitais, oficinas e conferências. Em São Paulo, a Casa Natura Musical se tornou uma vitrine permanente da música brasileira, com uma programação contínua  de lives, performances, bate-papos e conteúdos exclusivos, agora digitalmente.

Sobre FAZCULTURA

Parceria entre a SecultBA e a Secretaria da Fazenda (Sefaz), o mecanismo integra o Sistema Estadual de Fomento à Cultura, composto também pelo Fundo de Cultura da Bahia (FCBA). O objetivo é promover ações de patrocínio cultural por meio de renúncia fiscal, contribuindo para estimular o desenvolvimento cultural da Bahia, ao tempo em que possibilita às empresas patrocinadoras associar sua imagem diretamente às ações culturais que considerem mais adequadas, levando em consideração que esse tipo de patrocínio conta atualmente com um expressivo apoio da opinião pública.

Serviço 

O quê: Turnê virtual do Cabokaji em Olinda – projeto Original CABOKS

Quando: 20 de novembro, às 19h

Onde: YouTube do Centro Cultural Grupo Bongar – Nação Xambá – https://m.youtube.com/user/maribongar