Nestes tempos de pandemia, a violência doméstica contra a mulher tornou-se um perigo ainda maior, culminando com o aumento do número de casos de feminicídio. Mas há as “violências invisíveis”, como a psicológica, a moral, a sexual e a patrimonial. Atenta a essas questões, a cantora e compositora Branka lança o clipe de seu novo single autoral – música e letra dela – mostrando que, antes de artista, é mulher… e mulher engajada nas questões femininas. O lançamento será no emblemático Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres: 25 de novembro. 

Em seu novo trabalho, “Palavras sinceras”, disponível nas plataformas digitais, Branka fala de relacionamento abusivo, sobretudo na decisão de dar um basta a esse tipo de situação. Até porque, quase sempre, a violência começa com abusos nas relações. 

Os versos de Branka escancaram o poder de decisão da mulher; a única pessoa que pode, realmente, mudar o rumo da própria vida:  “Mais mentiras não vão machucar o meu peito / Essa dor eu vou tirar, curar do meu jeito / Teu veneno não vai mais entrar, nem confundir/ … / Me desculpe, mas eu vou cuidar de mim”.

Apesar de não estar vivendo nada parecido, o verso “eu vou cuidar de mim” tem muito a ver com a fase que Branka vem vivendo. Em quarentena, ela está mesmo muito mais voltada pra si mesma. “Estou num momento de grande autoconhecimento e maturidade. Uma fase em que, dia após dia, sinto a delicada sensação de que minha inspiração pra compor está mais aflorada”, revela Branka.

Realmente, vem sendo uma fase bem produtiva para Branka, que gravou o clipe de “Palavras sinceras” no final de setembro, mostrando mulheres em processo de empoderamento, que vão se libertando do sofrimento de relacionamentos abusivos, descobrindo que podem decidir a própria vida. O clipe tem força, mas também delicadeza. Assim como as mulheres.

Com direção, roteiro e fotografia de Marcio Freitas, o videoclipe da canção teve participação de várias mulheres, de diferentes gerações, inclusive da filha de Branka – Ana Júlia, de 21 anos. A gravação foi no Studio Ingo Rosler, em Santa Teresa, e contou com três músicos convidados: Carlinhos 7 Cordas, Dirceu Leite e Hudson dos Santos.

Antes deste novo trabalho, Branka já estava a todo vapor: fez live em homenagem a Clara Nunes, revisitando o repertório da artista nascida em 12 de agosto de 1942; lançou singles de sucessos da cantora, como “Menino Deus” (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro) e “Feira de Mangaio” (Sivuca / Glória Gadelha); e vem dando continuidade à sua obra, gravando músicas próprias. “No momento, estou produzindo muitas composições no estúdio; colocando ideias que não tinha tempo de realizar e que agora, com a pandemia, estou colocando em dia. E fazendo lives pra matar a saudade dos palcos e do público”, explica a cantora, dona de seu destino. 

Branka começou na carreira como Karyme Hass, e, quando foi de Curitiba, sua cidade natal, para o Rio de Janeiro, caiu nas rodas de samba, onde era chamada de “branquinha”. Foi assim que virou Branka, essa artista que agora vem com um som mais romântico, mas sem perder a força jamais.

Palavras sinceras

Não quero mentiras

Promessas faladas

Nem quero saber quem foi que começou

Eu quero respostas

Palavras sinceras

Um amigo, um amor

Você faz de conta

Que fica comigo

Me faz acreditar que agora mudou

Mas bate a porta

Da rua e só volta

Quando a hora passou

Já não quero saber se você vai ficar

Desse jeito bandido eu não vou aceitar

Dê a chave de volta

Se você não se importa

Eu vou recomeçar

Mais mentiras não vão machucar o meu peito

Essa dor eu vou tirar, curar do meu jeito

Teu veneno não vai mais entrar, nem confundir

Eu não vou cair nesse teu papo de novo

Minha bola não vai mais rolar no teu jogo

Me desculpe, mas eu vou cuidar de mim.