A Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, um dos eventos literários mais importantes do país, surge em 2021 ainda maior. Nesta edição, serão quatro iniciativas ao longo do ano, com três ações preparatórias, realizadas em ambiente virtual nos meses de maio, julho e setembro, intituladas de e-Bienal; e a feira propriamente dita, realizada entre os dias 1º e 12 de outubro, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. Esta é a primeira edição híbrida (presencial e virtual) do evento. É neste cenário que entre os dias 27 e 29 de maio, a partir das 15h, acontece a primeira parte da e-Bienal, com uma programação diversa, virtual e totalmente gratuita. 

No centro do debate, mesas redondas sobre a inserção da cultura afro-brasileira nas escolas, convidado internacional abordando o futuro das livrarias no mundo, a gênese do pensamento freireano, conversas sobre tecnologia, educação e cultura, lançamentos literários, e ainda temas ligados ao universo infantil.

“A Bienal PE sempre buscou inovar. Diante dos desafios impostos pela pandemia, decidimos que era o momento de apostar ainda mais em novos elementos e ambiências para proporcionar um novo tipo de experiência no universo das letras, do conhecimento e das artes para o público, assim chegamos à programação da e-Bienal”, explica Rogério Robalinho, produtor do evento ao lado de Guilherme Robalinho e Sidney Nicéas. Schneider Carpeggiani, jornalista e crítico literário com larga experiência no setor, assina a curadoria.

O público pode acompanhar toda a programação da e-Bienal pelas redes sociais do evento (@bienalpe) e pela plataforma oficial da Bienal PE, no endereçowww.e-bienal.com. Por lá, além de diversas interações e ações promocionais, também há venda de produtos e serviços, um grande diferencial que anuncia o caminho da inovação no mercado de feiras literárias.  

A Bienal Internacional do Livro de Pernambuco é uma realização da Vox Produções, Ideação e Cia de Eventos. Entre os parceiros da iniciativa estão o Instituto Ricardo Brennand, Sesc, União Brasileira de Escritores (UBE), Porto Digital e Instituto Luiz Mário Moutinho. Este ano o projeto também recebe apoio da Petrobrás para ações da Bienalzinha, uma iniciativa com programação voltada para crianças de zero a seis anos de idade. Em sua XIII edição, a feira literária homenageia o educador Paulo Freire (in memoriam), no ano do centenário do seu nascimento, e a poetisa Cida Pedrosa, vencedora do prêmio Jabuti de Livro em 2020. O mote desta edição é “2021 – o ano em que a história começa”. 

Programação

Os debates do Círculo das Ideias são destaque dentro da programação. No segmento, as atividades se iniciam com a mesa “Terreirizando a escola”, que traz um bate papo sobre as possibilidades para o ensino da história e da cultura afro-brasileira nos colégios. Para discorrer sobre o assunto, a dupla Luiz Antônio Simas, professor, historiador e escritor ganhador do Prêmio Jabuti de Não Ficção em 2016, com mais de 20 livros e centenas de ensaios e artigos publicados; e Luiz Rufino, pedagogo com pós-doutorado em relações étnicos-raciais e escritor. É da dupla, aliás, a assinatura das obras “Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas” e “Flecha no Tempo”, este último livro contendo um capítulo que nomeia a mesa redonda. Schneider Carpeggiani, curador da e-Bienal, faz a mediação da conversa.

Outro destaque do Círculo das Ideias é o debate “Um mundo sem livros e sem livrarias?”, que recebe como convidado o francês Roger Chartier, com mediação de Hugo Coelho, do Instituto Ricardo Brennand (IRB). Vale ressaltar que Roger é um dos historiadores franceses mais reconhecidos da atualidade. Sua especialidade é nas práticas de leitura e na história dos livros, com ênfase nas práticas culturais da humanidade. Autor de diversos livros e artigos, no Brasil ficou conhecido pela organização da coleção “História da Vida Privada” e também pelo livro “A História Cultural entre Práticas e Representações”.

Tecnologia, educação e literatura andam juntas sim. Dessa forma, para falar sobre “O futuro do livro e da educação no Brasil”, o Círculo das Ideias recebe como palestrantes ícones do polo tecnológico pernambucano; o cientista, professor e empreendedor Silvio Meira, com forte atuação na área de engenharia de software e inovação, sendo um dos fundadores do Porto Digital, Luciano Meira, que atua como professor na Universidade Federal de Pernambuco, no CESAR School e ainda como coordenador de Ciência e Inovação da Joy Street, uma empresa de tecnologias educacionais lúdicas da qual é sócio-fundador no Porto Digital, e Alex Sandro Gomes, professor do CIN/UFPE, líder do grupo CCTE e idealizador da plataforma de aprendizagem Redu. A conversa será mediada por Rossini Barreira, coordenador de comunicação do Porto Digital.

O Círculo das Ideias promove ainda uma abordagem da educação atual analisada a partir do olhar de Paulo Freire, com a “Gênese do pensamento freireano”. Participam da conversa a pedagoga Letícia Rameh, mestre em Psicologia Social e da Personalidade e doutora em Educação Popular, e Targélia Albuquerque, mestre e doutora em Educação Brasileira, formadora e pesquisadora do Centro Paulo Freire Estudos e Pesquisas, além de ser membro da Cátedra Paulo Freire. Ela ainda participa de dois projetos com idosas, jovens e adolescentes privadas de liberdade à luz de Paulo Freire. A mediação fica por conta de Rose Kelly Alves. “Ao falar de Paulo Freire, um dos homenageados (in memorian) da XIII Bienal PE, queremos abrir o leque. Mais do que debater sua obra, a ideia é trazer análises ricas e diversas sobre a atual situação educacional do Brasil vista sob a ótica freiriana, colocando os professores, os grandes protagonistas dessa luta, no centro do debate”, diz Schneider Carpeggiani.

Fechando a programação do Círculo das Ideias, um debate promovido pelo Sesc, “Estesia – diálogo com Walter Benjamin”. A ideia é debater a interação da obra literária de Benjamim com as mazelas de seus tempos e cidades. Para falar sobre o assunto, os convidados Lourival Holanda e Philipe Araújo. Ezter Liu, escritora de prosa e poesia vencedora do V Prêmio Pernambuco de Literatura, natural de Carpina, cidade da Zona da Mata de Pernambuco, faz a mediação.

A e-Bienal ainda abre espaço para momentos dedicados ao lançamento de livros. Ao todo, serão quatro lives, com duas delas promovidas pela UBE. A primeira delas, “Autores e suas obras”, diretamente de Garanhuns, com Adelmo Camilo, autor de “Cãomalehomem”, e Givaldo Calado de Freitas, autor de “Minhas Linhas e Linhas das Redes Sociais – Volume I”; com mediação de do o professor José Eugenio Sobrinho, a segunda, realizada em Caruaru, traz “Autoras e suas Obras”, com Cilene Santos, autora de “Branca de Neve e os sete anões – uma releitura em versos”, Dilma França, autora de ‘Minha Fantasia”, e Rosalva Santos, autora de “Viver é poesia”.

Ainda dentro da programação, o lançamento de obras como “Desaboios”, do pernambucano Pedro Américo de Farias, e “As flores aqui são duras”, de Socorro Nunes, cearense radicada em Minas Gerais. São dois livros de poemas publicados pela Editora Penalux, de São Paulo, e na ocasião os autores conversarão com público, com mediação de Wilberth Salgueiro.

Outro lançamento de destaque, dessa vez voltado para o público infantil, é “Galopinho, o cavalinho que virou unicórnio”, escrito pelo pai Cláudio Bastos e pela filha Antônia Flora, de cinco anos de idade. Os autores também conversam com o público com mediação de Marcelo Cavalcante. A obra, escrita durante a fase mais dura da quarentena, conta a história de amor entre uma princesa e um unicórnio mágico.

No quesito educação, o evento virtual traz uma apresentação  de “O tempo não para – Ciência, Cultura e Arte”, um projeto inovador concebido a partir de várias experiências de aprendizagem que busca mostrar como é possível transformar a educação e o mundo através da arte.

Já o Além das Letras, braço da programação infantil da e-Bienal, traz um bate papo sobre a  “Arte divertida para a infância”, com palestra de Chaps Melo e João Henrique Souza, os fundadores do Mundo Bita, um projeto de entretenimento infantil recifense desenvolvido por pais que entenderam haver uma demanda por conteúdos de qualidade para o público infantil. A mediação da conversa fica com Fábio Lucas. “É a educação e a cultura unidas gerando entretenimento para a infância. Na conversa, a ideia é falar sobre o que está sendo feito e a preocupação com a formação desse público. E nada melhor para isso do que o Mundo Bita, um produto pernambucano de altíssima qualidade que faz um enorme sucesso e hoje está em todos os lugares”, afirma Silvia Robalinho, organizadora do evento.