A cantora e multi-instrumentista pernambucana Bia Villa-Chan, conhecida pelo repertório de frevo, forró e música instrumental, expande os horizontes musicais para homenagear o brega, trazendo ainda arranjos do bandolim, instrumento muito importante no DNA musical da artista. A canção escolhida foi Suas Cartas, uma composição de Alex Vinicius originalmente gravada pela banda Brega.Com no começo dos anos 2000, nos vocais da cantora Eliza Mell. A regravação é uma homenagem ao ritmo, que se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Recife em julho de 2020.

Disponível em todas as plataformas digitais, a canção também ganhou um clipe gravado no estúdio da Lua Produções, no Recife, com direção de Chuchu e produção geral de Amaury Pinto Junior.

“O brega faz parte do DNA de todo pernambucano, assim como o frevo e o maracatu. Hoje o brega é um Patrimônio Cultural do Recife reconhecido pelo poder público, então nada melhor do que fazer essa homenagem”, diz Bia Villa-Chan, que contou ainda com Renato Bandeira (arranjo e violão), Hélio Silva (contrabaixo) e Sammy barros (mixagem e masterização) para adaptar a canção.

Foto: Divulgação

“Em sua gênese, o brega é uma música romântica ao extremo, que exalta o romantismo e o amor. E, quando se fala de amor, todos nós somos bregas. Os bregas lançados no começo dos anos 2000 são canções que carregam um certo lirismo por trás de suas letras e musicalidades. Eu enxerguei em Suas Cartas a possibilidade de trazer esse potencial para o meu universo”.

Bia Villa-Chan toca bandolim e outros instrumentos desde criança, influenciada pelo avô, o bandolinista Heitor Villa-Chan. Dentista por formação, ela tocou o instrumento com Alceu Valença em palcos e estúdios, até que decidiu focar na carreira artística em 2017. Desde então, já realizou colaborações com Luiz Caldas, Armandinho Macêdo, Maciel Melo, além do próprio Alceu.

“Lembro que o brega marcou muito a minha adolescência. Os sucessos daquela época tocavam muito nas rádios de programação musical, que eram muito fortes. Apesar de não ser o meu universo de música, naquele formato que estava, sempre enxerguei que dava para fazer isso para o meu universo também”, relembra a cantora.

Ela também acredita que a presença do bandolim pode atingir públicos que não estão acostumados a escutar música instrumental. “Milton Nascimento já disse que o artista tem que estar onde o povo está. Não podemos viver uma bolha de músicos. A música precisa criar identidade e o brega tem uma identificação muito forte dos pernambucanos. E porque não dos brasileiros? Todos nós podemos ser românticos ao extremo”, finaliza.