O que dá para se fazer de novo quando se tem quase 100 anos? O barco Atrevida, por exemplo, foi lançado ao mar em 1923 e disputará em 2019 sua primeira Refeno. A embarcação irá compor a categoria de Clássicos, que reúne veleiros construídos até 1980. A regata será uma novidade para a maioria da tripulação, que chega ao Recife pela primeira vez.
O Atrevida foi construído em 1923 em Boston, nos Estados Unidos, com o nome de Wildfire. A embarcação foi feita para disputar regatas e conquistou a primeira logo no ano de estreia, a Vincent Ator Cup, em Nova York. O barco ganhou a nomenclatura atual em 1946, ano em que chegou ao Brasil. São 95 pés de comprimento (29 metros), números que o dão o título de maior veleiro de passeio da América Latina
“O Atrevida é um clássico. É um barco lindo e que mantém algumas características bem próximas das originais, como o convés. É claro que várias mudanças foram feitas ao longo dos anos, mas sempre buscando mandar o design original”, explicou o imediato (uma espécie de segundo comandante) Átila Bohm.
Além de ser a primeira Refeno do Atrevida, a 31ª edição marcará também a estreia de cinco dos seis tripulantes na regata. Apenas Átila já fez a travessia até Fernando de Noronha. Ao todo, o velejador participou da competição por dez oportunidades.
“Ter velejadores experientes a bordo é muito importante na Refeno, mas, se você for um bom marinheiro, também consegue disputar a regata. Temos uma boa equipe, com cada um tendo a sua função na travessia”, completou Átila. Além dele, fazem parte da tripulação o comandante Alexandre Ferrari e os velejadores Andre Liedke Gick, Edge Gerdullo, José Carlos Goncalves de Oliveira e Venino Pontes de Mattos Sobrinho.
Desde que atracou em águas brasileiras, a embarcação já possuiu diversos proprietários. O veleiro é feito de madeira, aço e chumbo. Ao todo, são 85 toneladas de peso.
“Por ser um barco muito antigo, ele tem algumas dificuldades de manobras. Como a Refeno é em linha reta, não teremos problemas durante a travessia, mas na largada, sim. Somos muito grandes e encontraremos algumas dificuldades na hora de arrancar”, analisou.
O tamanho do Atrevida sempre impressionou por onde passou. O jornal “Diário Carioca”, do Rio de Janeiro, relatou em 1946 a passagem do barco pelo Recife. O periódico definiu a presença da embarcação pelo porto recifense como “uma grande novidade” para o público.
“Esse barco não deixa nada a desejar em tecnologia a nenhum outro. Desde GPS até cordas, é tudo de última geração. Esperamos fazer uma regata tranquila e chegar em Fernando de Noronha em até 30 horas”, concluiu.
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