Projeto musical do multi-artista soteropolitano Dan Medrado, Danzee une pop, alternativo, teatralidade e conceitos da yoga em sua estreia “Autobiografia de um Iogue Subversivo”. O álbum surgiu como resultado da pesquisa para o trabalho de conclusão do curso de formação em Hatha Yoga e está disponível em todas as plataformas de streaming.
Ouça “Autobiografia de um Iogue Subversivo”: http://smarturl.it/DanzeeAlbum
Faixa-a-faixa abaixo
Radicado em São Paulo, Dan começou sua carreira em Salvador e já circulou pelas cidades de São Paulo, Fortaleza, Nova York e Buenos Aires. Formado em Produção Audiovisual e especializado em Animação 3D com Efeitos Visuais, ele trabalha também com teatro e artes visuais. A produção musical é sua nova faceta e se torna mais uma vertente de sua expressão artística.
“A pesquisa em si começou sendo um estudo acerca dos chakras, bem como das suas relações com ritmos e sons. Ela tomou um novo formato quando se expandiu para os Yamas e Niyamas até se tornar um álbum autobiográfico”, conta o artista.
Com produção musical do próprio Danzee, “Autobiografia de um Iogue Subversivo” começa com o poema “Hoje”, como uma introdução que guia o ouvinte ao passado do artista e caminha sobre essa busca interna pela iluminação. E com isso, teve contato com o lado “escuro”, com seus defeitos, ansiedades, medos e frustrações e passou a ver isso de outro modo.
“Decidi quebrar a ideia de que um iogue é um ser cem por cento iluminado. Além de isso ser impossível, é algo que eu faço questão de não ser. Sem contar que essas coisas que são classificadas como ‘sombras’ são atrativas a mim. Não existe luz sem sombra e não existe sombra sem luz. A ausência de um dos dois não permeia nossa natureza”, conta Danzee.
Debatendo a necessidade de humildade e auto-conhecimento, o disco também dialoga de modo crítico com quem usa os aprendizados do yoga para conquistar likes nas redes sociais. “Todos nós conhecemos alguém assim, até eu mesmo já me vi muitas vezes. Mas toda essa questão do yoga, natureza e afins tem uma importância para mim”, conclui ele.
O álbum conceitual foi apresentado em uma performance no Teatro Gil Santana, em Salvador, como o trabalho de conclusão do curso de Medrado e chega agora às plataformas de streaming.
Faixa-a-faixa:
Hoje
Queria falar sobre esse intervalo que tive de quando deixei de ser criança até chegar onde estou hoje, cada vez mais conectado com a pessoa que era quando era criança. Até os pensamentos são mais próximos. Consegui identificar também quais desses traços eu permaneci apesar dos pesares.
Bailaum
Decidi fazer essa música para quebrar a ideia de que um iogue é um ser cem por cento iluminado. Além de isso ser impossível, é algo que eu faço questão de não ser. Sem contar que essas coisas que são classificadas como “sombras” são atrativas a mim. Adoro uma noitada, beber, música alta e gente estranha. Sempre me senti confortável nesses lugares. Luz e equilíbrio não dependem do que você faz, e sim do que carrega dentro de você.
Coração Bandido
Surgiu de uma conversa com meu terapeuta, foi quando percebi que eu também tinha um lado ruim muito eminente. Notei que maioria das vezes em que estive apaixonado por alguém, eu de fato não estava. Estava mais preocupado em ter todos à minha disposição. Por mais que queiramos sempre ser a heroína, o herói da história, muitas vezes seremos vilões também.
Quem ligou a luz?
Nesse material não podia faltar uma homenagem às minhas mestras desse caminho. Acabei por estender a todos e todas que fizeram parte do meu conhecimento. A música tem uma letra pequena. Essa pergunta de quem ligou a luz é uma metáfora para esse ensinar a iluminar que digo no final. Longe de mim insinuar que minha luz estava apagada antes desse processo, ou minimizar minhas habilidades empáticas. Quando me refiro a essa luz, estou falando da luz no fim do túnel, que indica a direção que devo seguir. Ou que elas me indicam. E a isso sou eternamente grato.
Prazer me chamo sombra
Nessa mesma proposta de questionar o que é bom e o que é ruim, numas conversas que tive sempre achava equivocado os termos “matar”, “trancar”, “ignorar” as sombras. Para mim isso é impossível. Até porque a sombra é uma invenção da luz. Não existe luz sem sombra e não existe sombra sem luz. A ausência de um dos dois não permeia nossa natureza.
Alto conhecimento
Muitas vezes já me vi dizendo verdades absolutas que eu nem sabia de onde vinham. Inúmeras vezes me vi como a pessoa que mais sabe do mundo, que ninguém pode me dizer algo que já não saiba. Mas é impossível ser alguém que sabe tudo, que já tenha visto tudo, que já tenha vivido tudo o suficiente para não aprender coisas novas a cada dia. Ter conhecimento da sua inteligência é uma virtude. Mas saber que sabe não faz de ninguém um gênio. Inclusive limita o nosso conhecimento. Faz com que nada novo seja absorvido e o conhecimento todo que você tem acumulado começa a ficar velho. Essa falta de conhecimento que você não deixou entrar por ego faz com que você fique com a sensação de tempo perdido.
Agora
Agora é um contraponto a Coração Bandido. Quando construí a base dela, fiz uma música grande, que tivesse o refrão e outras partes, mas não conseguia pensar em mais o que escrever. Foi aí que eu percebi que a mensagem já estava sendo toda passada com esse trecho e que colocar mais coisas seria apenas encher linguiça. Com uma mensagem clara e direta, deixei a música como uma breve epifania.
Arrependimento
A princípio, a ideia era falar das coisas que me arrependi de ter feito depois que passei a me conhecer mais e identificar as ações que fiz sem perceber. Mas à medida que eu ia escrevendo as coisas que me arrependi, vi que era tudo pautado nas crenças limitantes. Um assunto até muito sensível para mim.
Haribo Chique
Estava fazendo uma trilha na Chapada Diamantina com duas amigas. Estávamos descendo para a gruta e no grupo tinha uma garota que estava muito bem vestida para a ocasião. O kimono dela parecia uma peça da Farm, seu tênis, de tão novo, parecia ter sido comprado exclusivamente para essa viagem e o celular não saía do modo câmera. O namorado dela estava literalmente insatisfeito com toda a situação, mas obedecia cada pedido de um novo clique. O kimono abria e fechava; as poses eram inúmeras; sem contar com o tira e bota de óculos que chegava a me deixar tonto. Longe de mim qualificar essa garota como certa ou errada. Cada um tem a escolha de ser o que quiser ser, mas isso não interferiu em eu ver essa cena numa abordagem cômica. Tínhamos que esperar a nossa hora de descer e observei tudo isso enquanto tomávamos um chá de cadeira, mas quando chegou a hora, desliguei a minha atenção dela. A gruta por si só era esplêndida! Assim como todo o seu caminho. Quando subimos de volta, paramos todos para recompor as energias. Eu e minhas amigas nos olhávamos estatelados com a surra de beleza que levamos da mãe natureza. A menina em contraponto estava afoita. Ela estava preocupadíssima com o fato da gruta ser muito escura e as fotos não terem ficado boas. Em momento algum ela comentou sobre como o caminho foi bonito, ou como o poço da gruta parecia mágico. O importante eram as fotos. Todos nós conhecemos alguém assim, até eu mesmo já me vi muitas vezes nessa posição. Mas toda essa questão do yoga, natureza e afins tem uma importância para mim. Para ela parecia ser só a pose mesmo.
A dizer
Essa foi a primeira música a eu produzir esse material. Inclusive foi depois que terminei essa canção que tive a ideia de fazer o projeto que fiz. Foi daqui que surgiu a ideia de uma autobiografia e de ser feita dessa forma.
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