Amanhã, 28 de novembro, a partir das 19h, a Amparo 60 inaugura a exposição coletiva Arrecifes, com curadoria de Guilherme Moraes e Walter Arcela, em vernissage para convidados. A mostra é a última realizada pela galeria em 2023 e fecha o ciclo de celebrações dos seus 25 anos, comemorados este ano, reunindo trabalhos de 45 artistas.

Ao longo de sua existência a Amparo 60 vem desempenhando um papel fundamental no fomento da cena artística pernambucana, trabalhando para consolidar um mercado de arte contemporânea fora do eixo Rio – São Paulo. A galeria, comandada por Lúcia Costa Santos, foi pioneira, no Recife, ao abrir espaço para artistas contemporâneos no final da década de 1990. A cada ano, a Amparo 60 amplia seu espectro de atuação, colaborando com a circulação de artistas consagrados e emergentes dos mais diversos estados brasileiros. Nesses anos, a galeria tornou-se referência no Norte e Nordeste, atuando em parcerias com críticos e curadores diversos, com um casting de mais de 40 artistas.

“2023 é um ano muito especial para nós e precisávamos encerrá-lo com um momento de celebração e congraçamento. Desde o início do ano, já em nossa participação na SP-Arte marcamos o início das comemorações dos nossos 25 anos, período no qual fomos agentes atuantes para o fortalecimento da arte contemporânea em Pernambuco, acompanhamos toda a movimentação dessas últimas duas décadas, resistindo às dificuldades desse mercado fora do eixo Rio –São Paulo. Posso dizer que estou orgulhosa e feliz dessa nossa trajetória até aqui”, conta a galerista Lúcia Santos.

Para pensar essa exposição especial, foram convidados os jovens curadores Guilherme Moraes e Walter Arcela, que nasceram quando a galeria surgia. “Para mim é uma responsabilidade e um privilégio poder me debruçar sobre a trajetória de uma galeria que teve um papel fundamental, que ocupou um espaço importante quando as nossas instituições públicas não estavam consolidadas. O tecido da história da Amparo é muito rico, de uma grande complexidade. Então, realmente é um grande desafio, uma constante impossibilidade de dar conta de tantas coisas”, diz Guilherme Moraes. Os curadores se lançaram sobre esses 25 anos em que a galeria tem atuado, focando valorizar quem hoje está representado no casting, mas sem esquecer alguns nomes incontornáveis para a proposta da mostra. O título da coletiva, Arrecifes, vem, segundo Walter Arcela, exatamente dessa ideia de um ecossistema vasto e diverso, onde existem vários micro-habitats. “Dentro de uma mesma formação ecológica, nos arrecifes, temos uma infinidade de possibilidades e de modos de vida. É um pouco isso que encontramos ao olhar para a Amparo”, detalha Arcela.

A narrativa construída vai tecendo uma grande constelação através desse conjunto disforme de artistas, com poéticas tão diversas, mas que foram e seguem sendo, em suas trajetórias, marcados pelas persistência e insistência da Amparo 60 em existir e resistir, no Recife, à nordeste do Brasil. “ A Amparo é esse local de micro-habitats. Estar no nordeste brasileiro e resistir é uma ação política, de fincar pé e produzir cultura à Recife do Brasil”, reflete Arcela. “Não tem como chegar em algo que todos tenham em comum. Acho que eles têm essa insistência em ser artista, em existir. Nos debruçamos sobre o todo que forma a galeria Amparo 60, essa grande constelação que seria como uma grande biblioteca. Há um maravilhamento heterogêneo, mas cada livro, cada obra, é um mundo, uma poética à parte”, complementa Moraes.

Segundo os curadores, não há um discurso unitário, na verdade o que une todos os 45 artistas são suas relações com a galeria, sua territorialidade. Mas claro, que dentro da amplitude desse recorte, Arcela e Moraes propõem alguns diálogos e algumas brincadeiras curatoriais. É o caso da interação proposta entre uma pintura de Tereza Costa Rego e outra de Fefa Lins. Ou o diálogo sobre questões que envolvem o neoconcretismo brasileiro, na conversa entre Cristiano Lenhardt e Martinho Patrício. A mostra se caracteriza como um rito celebrativo, retrospectivo, que dá a ver toda essa memória, mas que lança também expectativas e desejos para o futuro”, resume Moraes.

O INÍCIO

No final dos anos 1990, Lúcia Costa Santos possuía uma loja de decoração que funcionava no número 60, da Rua do Amparo, em Olinda. Filha da arquiteta Janete Costa, ela sempre teve uma forte relação com a arte e começou a trazer obras de alguns artistas para dentro da loja. Além do mobiliário, quem visitava o espaço conhecia o trabalho de alguns artistas pernambucanos. Foi assim, ainda como loja de decoração, que as primeiras exposições foram acontecendo. Com o passar do tempo, eram mais obras do que peças e móveis. Nascia, assim, a Galeria Amparo 60. Aexposição que marca a contagem desses 25 anos foi Objetos de Percurso de Eudes Mota, que aconteceu em 1993. “Essa exposição de Eudes eu considero o marco do início da galeria, pois o espaço passou a ser exclusivamente dedicado à arte a partir daí. É uma grande emoção ter agora, anos depois, o trabalho de Eudes dentro dessa coletiva especial”, destaca a galerista.

ARTISTAS

Alex Flemming, Alice Vinagre, Agda, Amanda Melo de Mota, Antônio Dias, Ariana

Nuala, Ascânio MMM, Bruno Vieira, Bruno Vilela, Carlos Mélo, Cássio Vasconcellos,

Célio Braga, Clara Moreira, Cláudia Jaguaribe, Cristiano Lenhardt, Gil Vicente, Gilvan

Barreto, Hidelbrando de Castro, Isabela Stampanoni, Jeff Alan, Josafá Neves, José

Guedes, José Patrício, José Paulo, José Rufino, Juliana Notari, Lourival Cuquinha,Luiz

Hermano, Marcelo Silveira, Marcelo Solá, Márcio Almeida, Delson Uchôa, Derlon,

Diogum, Eudes Mota, Emanuel Araújo, Fefa Lins, Fernando Augusto, Francisco Baccaro, Maré de Matos, Martinho Patrício, Paulo Bruscky, Ramsés Marçal, Ramonn Vieitez, Raul Córdola, Rodolfo Mesquita, Rodrigo Braga, Tereza Costa Rêgo

SERVIÇO

Arrecifes 

Curadoria Guilherme Moraes e Walter Arcela

Abertura: 28 de novembro de 2023, a partir das 19h (Só para convidados)

Visitação: De 29 de novembro de 2023 até 2024

Segunda a sexta, das 10h às 19h

Sábados das 10h às 15h, com agendamento prévio

Galeria Amparo 60 – No 3º andar da Dona Santa (Rua Professor Eduardo Wanderley

Filho, 187 – Boa Viagem, Recife – PE, 51020-170)