Os impactos ambientais da poluição são significativos e abrangentes no mundo, afetando a saúde humana, o meio ambiente e a economia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a poluição do ar causa aproximadamente 7 milhões de mortes prematuras anualmente. Além disso, a exposição a poluentes químicos, como metais pesados, pode afetar o sistema nervoso, resultando em problemas cognitivos e desenvolvimento prejudicado em crianças. Poluentes, como dióxido de carbono (CO₂) e metano (CH₄), contribuem para o aquecimento global, causando mudanças climáticas que afetam padrões climáticos, ecossistemas e biodiversidade.
A poluição é um problema complexo e multifacetado que requer ações urgentes e coordenadas para mitigar seus efeitos e promover um ambiente saudável para todos. Mas, não são apenas as ações macro que fazem a diferença. O combate à poluição individual é um tema de extrema importância, e pequenas ações cotidianas podem fazer uma grande diferença.
A coordenadora de engenharias do Centro Universitário UniFBV Wyden, Fernanda Fragoso, que é pós-graduada em Gestão e Inovação e possui Mestrado em Engenharia com foco em sustentabilidade, destaca a importância das ações individuais na preservação ambiental. “Muitas vezes temos a percepção de que os problemas ambientais, como a poluição do ar e dos rios, são tão grandes que nossos esforços parecem insignificantes, mas quando você vai à praia e recolhe seu próprio lixo ou verifica se no prédio onde você mora há coleta seletiva, você já está contribuindo de forma significativa para o meio ambiente”, ressalta.
Estudos indicam que cerca de 30% do lixo urbano é gerado por residências, e atitudes simples, como a coleta de lixo reciclável, podem ajudar a reduzir a quantidade de resíduos enviados a aterros sanitários. A reciclagem, por sua vez, pode diminuir em até 75% a quantidade de resíduos, sendo que cada tonelada de papel reciclado salva aproximadamente 17 árvores, 7.000 galões de água e 4.100 kWh de energia. “Muitos prédios na região metropolitana de Recife já possuem parcerias com empresas que recolhem materiais recicláveis, mas quando esse serviço não está disponível, é importante levar a questão ao síndico. A adoção de um programa de reciclagem, por exemplo, evita que resíduos sejam descartados de maneira inadequada e, consequentemente, reduz o impacto ambiental”, enfatiza a professora Fernanda.
Outro ponto que a professora da disciplina sociedade e sustentabilidade da UniFBV aborda, é o descarte correto do óleo de cozinha, um resíduo que, quando jogado na pia, pode causar graves problemas ao meio ambiente e encarecer o processo de tratamento da água. O óleo deve ser destinado a pontos de coleta específicos, onde é recolhido para descarte adequado. “O descarte inadequado de óleo de cozinha é outro problema significativo, pois apenas 1 litro de óleo pode contaminar até 1 milhão de litros de água. O tratamento da água contaminada por óleo é mais caro e complexo, o que aumenta os custos para as companhias de água e, consequentemente, para os consumidores”, afirma. Além disso, a poluição do ar, que causa doenças respiratórias, pode ser mitigada por pequenas ações, como evitar o uso de veículos motorizados para distâncias curtas, optando por caminhadas ou transporte público. Um estudo mostrou que, ao reduzir o uso de carros, uma pessoa pode evitar a emissão de cerca de 2.000 kg de CO₂ por ano.
A educação e a conscientização desempenham um papel crucial nesse processo. Pesquisas mostram que programas de educação ambiental que incentivam ações individuais resultam em maior participação em práticas de sustentabilidade, como reciclagem e uso consciente de recursos. Exemplos de ações que podem ser adotadas incluem a implementação de coleta seletiva em prédios, o uso de sacolas reutilizáveis e a escolha de produtos com menor impacto ambiental, como alimentos orgânicos e de origem local. A coordenadora ressalta a importância de atitudes simples no dia a dia e de refletir sobre o nosso papel como cidadãos é fundamental para a proteção do meio ambiente, pensando sempre em deixar um legado positivo para as futuras gerações. “O mais importante é a gente pensar o nosso papel, o que é que eu como cidadã posso fazer para melhorar ou proteger mais o meu ambiente, o que é o ambiente que a gente vive, que é o ambiente que a gente quer passar para as nossas futuras gerações melhor do que quando a gente passou por ele. Acredito que vale muito a pena essa conscientização do individual”, finaliza.