A publicação, que visa documentar, registrar, preservar e difundir a brincadeira popular, que é Patrimônio Cultural do Brasil, é de autoria da produtora cultural pernambucana, Lorieli Queiroz
A brincadeira de cultura popular do Cavalo-Marinho, eleita como Patrimônio Imaterial do Brasil pelo Iphan, é uma tradição centenária tradicionalmente realizada pelos trabalhadores rurais da região da Zona da Mata Norte de Pernambuco. A manifestação cultural, que mescla as tradições afro-indígenas, têm origem nos antigos terreiros dos engenhos de cana-de-açúcar, com sua maneira lúdica de apresentar, cantar, dançar e apresentar seus personagens, vai ganhar versão em livro. A iniciativa é da produtora cultural e educadora em ensino público, Lorieli Queiroz. A publicação é resultado do incentivo da Secretaria de Cultura, Fundarpe, Governo de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura.
O Cavalo-Marinho é uma brincadeira que tem como fio condutor o teatro de cultura popular. As apresentações acontecem normalmente ao ar livre, em chão de terra batida. Cada encontro reúne uma média de 76 personagens, divididos entre animais, humanos e o imaginário de quem faz parte do brinquedo. Porém, o que encanta a plateia são as músicas e os versos, que são executados por um conjunto de músicos que ficam sentados em um banco de madeira, embalando a cena de cada personagem que entra no terreiro, ao som da rabeca, pandeiro, reco-recos e ganzá.
“É inspirado nessa atmosfera artística, que nasce o livro ‘Essa loa eu vou guardar’. Trata-se de uma obra inédita na qual vamos dedicar a contar e recontar a importância poética presente dentro da brincadeira do Cavalo-Marinho. Acreditamos ser o maior instrumento cultural e de ensino pedagógico dedicado ao registro, documentação, preservação e difusão da memória de tradição oral de nossa região”, conta Lorieli, que cresceu assistindo, de perto, a cultura do Cavalo-Marinho em sua cidade.
O livro reúne depoimentos de vários personagens que fazem a cultura do Cavalo-Marinho. Entre eles: o brincante de cultura popular, produtor cultural e empresário, Pedro Salustiano, que é filho do finado Mestre Salustiano e também um dos responsáveis pelo Cavalo Marinho Boi Matuto, herdado de seu pai. Também integra à pesquisa o brincante Vitor Gomes, de 17 anos, acrescentando seu ponto de vista sobre a experiência de fazer parte da tradição.
A publicação vai dedicar ainda espaço para outros atores importantes para a história do Cavalo-Marinho. O Mestre Luiz Caboclo, brincante no Cavalo Marinho Mestre Batista, de Aliança, está entre os colaboradores da obra. Quem se soma à pesquisa é o Mestre Grimário, do Cavalo Marinho Boi Pintado. Quem também deu sua importante contribuição foi o produtor cultural, Lourenço Batista, herdeiro cultural do Cavalo Marinho do Mestre Batista – pioneiro da brincadeira na região canavieira.
A pesquisa, iniciada em janeiro de 2024, vai avançar pelos próximos dias, até o ciclo do Carnaval. O lançamento do livro, que terá versão apenas online e com QR code, só deve ser lançado em março deste ano. A ideia é que a publicação também tenha versão em audiovisual, como forma de alçar mais pessoas, como estudantes, professores, escolas, universidades, pesquisadores, entre outros.
A equipe do projeto é formada pela coordenadora geral, Lorieli Queiroz; coordenador de pesquisa, Mestre Luiz Caboclo; e ilustradora Gesiara Lima. Já o vídeo é produzido pela produtora audiovisual Tayná Nunes; a assessoria de imprensa é do jornalista Salatiel Cícero.