Artistas Marina Mahmood e Iezu Kaeru ministraram oficinas de performance e audiovisual para alunos de três escolas; resultado multimídia será apresentado em programação aberta ao público na Ilha de Assunção (Cabrobó), Itacubura e Limoeiro, entre os dias 05 e 12 de dezembro

Com o propósito de ressignificar, de forma investigativa e lúdica, a relação corporal e afetiva da população pernambucana com as águas dos rios que cortam comunidades ribeirinhas, a artista da dança, produtora cultural e idealizadora do projeto itinerante Paisagens Oníricas, Marina Mahmood, ao lado do fotógrafo e músico Iezu Kaeru, ministraram oficinas multimídia que mesclam audiovisual, dança e performance em três localidades do interior do Estado, sendo elas a Ilha de Assunção, território indígena situado em Cabrobó, e Itacuruba, ambas cidades do  Sertão, além de Limoeiro, município do Agreste. A circulação das atividades joga luz na urgência da preservação ambiental.

O público beneficiado foram estudantes do ensino médio que habitam as comunidades ribeirinhas onde foram realizadas as residências artísticas nos meses de agosto e setembro deste ano, cada turma com 20 alunos, sendo eles da Escola Indígena Capitão Dena (território Truká, Ilha de Assunção, Cabrobó), da EREM Professora Maria de Menezes Guimarães (Itacuruba) e da EREM Professora Jandira de Andrade Lima (Limoeiro). O resultado da imersão desses participantes com o processo investigativo e criativo proposto pelo projeto Paisagens Oníricas poderá ser apreciado em programação aberta ao público, entre os próximos dias 05 e 12 de dezembro, em cada cidade contemplada. A iniciativa tem incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura-PE) e apoio do Centro Cultural Brasil Alemanha (CCBA).

A Ilha de Assunção, em Cabroró, abre a programação na terça-feira (05/12), na Aldeia Jatobazeiro, que é uma área de retomada indígena. Em seguida, na quinta-feira (07/12), o grupo segue para a Praça Matriz Nossa Senhora do Ó, no centro do município de Itacuruba. Encerrando as apresentações do projeto Paisagens Oníricas, a Praça da Bandeira, na cidade de Limoeiro, recebe o evento na terça-feira (12/12).

As atividades realizadas em cada território terão a mesma dinâmica, a começar com a performance Lumiar da artista da dança Marina Mahmood, às 19h, acompanhada por uma banda ao vivo, dança com o manuseio do fogo e outros artifícios – na Ilha de Assunção acontecerá às margens do rio São Francisco e em Limoeiro e Itacuruba nas praças públicas. A exibição das obras multimídia realizadas pelos estudantes beneficiados pelo projeto Paisagens Oníricas acontecerá sempre às 20h, na sessão audiovisual. Logo em seguida, às 21h, haverá debate entre os arteeducadores Marina Mahmood e Iezu Kaeru, e os participantes das oficinas. Às 21h30, fechando as intervenções de cada dia, será exibida a videodança Corpo Onírico. Na apresentação de Limoeiro haverá a presença de um intérprete em libras.

Oficinas multimídias – A partir do projeto Paisagens Oníricas, os estudantes de ensino médio que passaram pelo processo formativo das oficinas multimídia tiveram o primeiro contato com câmeras profissionais, aprendendo o básico do manuseio para filmagem e fotografia. As turmas também participaram de atividades de sensibilização corporal, dança e performance. A ideia era utilizar as paisagens naturais do território para realizar obras de audiovisual criadas pelos próprios estudantes, que filmaram e performaram nos vídeos a serem exibidos em cada território durante a programação.

“Partimos do olhar de uma comunidade indígena banhada pelo rio São Francisco (Ilha de Assunção), de uma cidade realocada das margens do rio São Francisco (Itacuruba) devido à construção da barragem de Itaparica e que também é alvo de um projeto de construção de usina nuclear, e de uma cidade cortada pelo Rio Capibaribe (Limoeiro). Através da realização de oficinas multimídia nestes locais convidamos estudantes de ensino médio de escolas públicas a expressarem suas subjetividades e visões sobre a natureza contida em seus territórios. Incitamos o protagonismo da juventude como agente de transformação da realidade, valorizando e promovendo a troca cultural e artística entre comunidades tradicionais indígenas e cidades pernambucanas durante o escoamento dos vídeos em cada localidade, durante a programação que será realizada agora em dezembro, e também pela publicação do material num site que será lançado em breve, facilitando o acesso ao conteúdo”, destaca Marina Mahmood, artista da dança, produtora cultural e idealizadora do projeto Paisagens Oníricas.  

Os vídeos produzidos pelos alunos também serão publicados no perfil do Instagram: https://www.instagram.com/peixes__voadores/além do site que será divulgado após as apresentações nos territórios. Uma parte desse conteúdo on-line receberá audiodescrição e janela de libras.

Para o aluno Giovane Matheus Pereira de Souza, de 17 anos, nativo do território indígena Ilha de Assunção, em Cabrobó, foi uma experiência nunca antes vivenciada. “Foi muito legal quando eles chegaram aqui na Ilha. Primeiro apresentaram o projeto, nos mostraram algumas imagens e pediram para cada um falar sobre o que achava daquela imagem. Depois fizemos um mapa aqui da aldeia, dos locais sagrados. Em seguida começamos a visitar esses lugares, a pegar na câmera fotográfica, aprender a mexer no foco, a direcionar o olhar, os ângulos. Fizemos um álbum de fotos. Também fomos para um lugar muito sagrado daqui, a Ilha da Onça, onde fizemos um trabalho corporal, dançamos, aprendemos movimentos, cantamos e brincamos. Foi muito divertido!”, expressa Giovane Matheus complementando que cada estudante fez uma performance em vídeo e a dele foi interagindo com uma cobra que eles acharam na hora de gravar a sua participação. O sonho dele é de ser veterinário, mas diz que é o “fotógrafo oficial” da família e que a oficina o ajudou nessa empreitada.

O projeto abrange o conceito de ecologia porque inclui a expressão das subjetividades como forma de trabalhar a questão ambiental, relacionando a natureza interna de cada estudante (os instintos, as emoções, os sentimentos, a intuição) com a natureza externa (elementos naturais e paisagens). Assim como inspira os participantes a repensarem as diversas relações com as águas dos rios que cortam os seus territórios. A performance e as oficinas buscam o diálogo do movimento corporal com as paisagens e elementos da natureza. Ambas interagem com a ferramenta audiovisual.

Performance Lumiar – A performance Lumiar será acompanhada pela trilha sonora ao vivo e composta em tempo real por dois músicos – iezu kaeru e Diego Drão, que criam “tons de cena” e transmitem sensações. A performer Marina Mahmood transitará pelas paisagens de cada localidade portando instrumentos como bambolê, asas de ferro, cuia e pó de serra para manipular o fogo e a água.

FICHA TÉCNICA – PAISAGENS ONÍRICAS:

Coordenação do Projeto e Produção Executiva: Marina Mahmood
Educadores: Marina Mahmood e iezu kaeru
Produção executiva da etapa performática nos territórios (performance ao vivo):
Marina Mahmood e Paloma Granjeiro
Assistência de Produção: Maria Aparecida da Conceição Barros, Josivania da Silva Cavalcanti e Ricardo Bruno Rodrigues da Silva
Performance ao vivo: Marina Mahmood
Banda: iezu kaeru e Diego Drão
Administração do Projeto: Hudson Wlamir
Comunicação: Alcateia Comunicação e Cultura (Dea Almeida)
Arte Gráfica: Nathalia Queiroz
Edição audiovisual: Zé Diniz
Site: Jazz Agência Digital
Acessibilidade: VouSer Acessibilidade
Apoio: Centro Cultural Brasil Alemanha – CCBA
Patrocínio: Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – Funcultura-PE

SERVIÇO – PAISAGENS ONÍRICAS:
Circulação Estadual de Performance e Ações Educativas em Pernambuco

Apresentações:

  • Ilha de Assunção (Cabrobó) – 05/12, terça-feira

Local: Centro Cultural de Artesanato da Ilha de Assunção (Aldeia Jatobazeiro, área de retomada, logo após a ponte que dá acesso à Ilha de Assunção, em Cabrobó)

  • Itacuruba – 07/12, quinta-feira

Local: Praça Matriz Nossa Senhora do Ó

  • Limoeiro – 12/12, terça-feira

Local: Praça da Bandeira

Programação:

19h: performance Lumiar, com banda ao vivo
20h: exibição das obras multimídia realizadas pelos estudantes contemplados
21h – 21h30: debate 
21h30 – 21h47: exibição da videodança Corpo Onírico

Aberto ao público