*Silvana Torres, presidente e fundadora da Mark Up, e Luis Rasquilha, CEO do Ecossistema Inova
Hoje em dia, não há dúvidas de que a Inteligência Artificial (IA) é a protagonista de diversas discussões. Nem por isso o tema está se tornando um clichê, já que, ao mesmo tempo que continua acelerando negócios e mudando vários setores da sociedade, causa medo a muitos profissionais que acham que serão substituídos pela tecnologia.
É claro que esse não é um medo sem fundamento; afinal a IA é um campo da ciência da computação que se concentra no desenvolvimento de máquinas capazes de realizar tarefas que normalmente requerem inteligência humana. De acordo com Luis Rasquilha, seu objetivo principal é criar sistemas que possam aprender, raciocinar, resolver problemas e tomar decisões de forma autônoma, sem a necessidade de programação explícita para cada ação.
Ou seja, é uma tecnologia que reproduz algumas características de pessoas, principalmente no que se refere à interatividade. Porém, definitivamente ela não é um indivíduo e se distancia demais dos seres humanos quando pensamos nas nossas nuances mais complexas.
Algumas delas são: criatividade e intuição, traços que carregam um fator emocional e por esse motivo são aproveitados, principalmente, em áreas como arte e música; empatia, compaixão e interação social, o que implica em relações humanas genuínas e impossíveis de serem replicadas por máquinas; ética e valores, uma vez que a IA pode ser programada para seguir certos padrões, mas não tem 100% da compreensão moral humana; autoconhecimento, pois, diferente dos filmes, a IA não é autoconsciente e o seu único propósito está na programação que atribuímos a ela para cumprir objetivos específicos.
Só esses pontos já seriam suficientes para despreocupar o mercado de trabalho, mas não podemos parar neles. Precisamos entender que a ferramenta tecnológica, além de não ser uma inimiga, pelo contrário, é uma aliada e ajuda a acabar com dores antigas das marcas e dos profissionais de diferentes segmentos. Dessa forma, ela deve ser usada como um complemento em criações do dia a dia das equipes, ampliando as habilidades de cada um dos seus integrantes, sem tirar o aspecto individual de desenvolvimento.
A sua capacidade de processamento computacional mais poderosa, a disponibilidade de grandes volumes de dados e o desenvolvimento de algoritmos avançados podem complementar o trabalho humano, aumentando a eficiência e a precisão em muitas tarefas. Basicamente, há menos gastos de tempo e dinheiro para realizar uma série de atividades e uma maior geração de insights estratégicos, permitindo que os times se dediquem totalmente à produção de soluções inovadoras.
Segundo Silvana Torres, na Mark Up, por exemplo, há um mapeamento por meio da solução proprietária All Trends das vantagens que a IA tende a continuar trazendo para o mercado de comunicação. Dentre as principais, estão: personalização avançada, criatividade e omnicalidade proporcionada por chatbots, análise preditiva, reconhecimento de imagem e vídeo, automação de marketing e geração de conteúdos imersivos.
É, literalmente, um novo universo de soluções que reformulam operações e dinâmicas nos negócios. É um designer de moda e está sem ideias? A IA é capaz de trazer inspiração com a projeção de padrões de tecido exclusivos. Trabalha na área da saúde e precisa de ajuda com os diagnósticos médicos? A IA é uma excelente auxiliar na detecção precoce de doenças e na interpretação de exames de imagem. Precisa correr com uma campanha de marketing nas redes sociais? O ChatGPT pode colaborar na criação de legendas e hashtags para as postagens planejadas, enquanto o Bing Image Creator e o Midjourney apoiam os diretores de arte. O céu é o limite, se é que existe algum!
Com esse novo cenário tecnológico, não existe outra expectativa a não ser a de que a IA seja capaz de realizar tarefas cada vez mais sofisticadas, com setores como indústria, varejo e agricultura se beneficiando com a resolução de desafios importantes. Por essa razão, também é essencial acompanhar as implicações éticas, regulatórias e sociais que acompanham o progresso da ferramenta, garantindo um potencial transformador responsável; afinal, nas palavras do próprio Rasquilha:
“A IA não vai substituir os humanos que souberem utilizá-la como sua assistente. Já os outros…”
*Silvana Torres é presidente e fundadora da Mark Up, empresa de inteligência voltada a consultoria de negócios e criadora da metodologia proprietária Construtoria Estratégica, que alia estratégias data driven de uma consultoria a execuções assertivas e criativas de uma agência.
*Luis Rasquilha é CEO do Ecossistema Inova (Research | Consulting | Business School | Online | Editora) e professor convidado da FIA, Fundação Dom Cabral, do HIAE (Hosp. Israelita Albert Einstein) e da ESALQ/USP. Além disso, é colunista do MIT Sloan Management Review Brasil e Executive Digest Portugal e conselheiro da Mercur.