Estão abertas até 22 de outubro de 2023, as inscrições para a 4ª edição do Prêmio Solano Trindade, promovido pela SP Escola de Teatro, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, e gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP).

O prêmio vai selecionar três projetos dramatúrgicos de pesquisa em artes cênicas, realizados por artistas afrodescendentes que possuam vínculo docente e/ou discente em escolas e/ou universidades de artes cênicas.

Poderão participar do Prêmio Solano Trindade brasileiros ou estrangeiros com residência regular no Brasil, maiores de 18 anos e autodeclarados afrodescendentes. Cada proponente poderá inscrever um único trabalho original, inédito, no idioma português, não editado sob qualquer meio e não encenado profissionalmente.

O edital completo, com as instruções para a inscrição, pode ser lido aqui.

A Comissão de Seleção será composta por três pessoas, sendo dois profissionais com notória experiência na área teatral e com conhecimento em estudos e debates sobre negritude, contratados para esta finalidade, e um representante da ADAAP, que será nomeado pelo Diretor Executivo e responderá pela coordenação dos trabalhos.

O resultado será divulgado em 22 de novembro, no site da SP Escola de Teatro.

Os três selecionados terão suas dramaturgias publicadas em livro, pelo Selo Lucias, projeto editorial da SP Escola de Teatro e da ADAAP.

O Prêmio é uma homenagem ao poeta, dramaturgo e diretor pernambucano Solano Trindade (1908-1974). Arte-ativista das causas negras, Trindade foi o criador do Teatro Popular Brasileiro (TPB), grupo formado por operários, domésticas e estudantes e que tinha como inspiração algumas das principais manifestações culturais do país. Atuou também na dança, criando em meados dos anos 50 um grupo referencial: o Brasiliana, reconhecido no Brasil e em temporadas no exterior.

Dúvidas devem ser enviadas para: premiosolanotrindade@spescoladeteatro.org.br

Outras edições do Prêmio

Em novembro de 2023, o Selo Lucias lança seu novo livro, com as três dramaturgias premiadas no edital de 2022, que consagrou “Cantata descontínua das águas pluviais”, de Daiany Nayara, de Porangatu, GO; “Diário Negro”, de Alexandre José de Faria (Apollo Faria), de São Paulo, SP; e “Tá Falantando Iemanjá!”, de Luciana Varello Coelho (Lu Varello), de Rio de Janeiro, RJ. O livro conta com prefácio de Marília Marton, secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.

Já os outros dois livros, publicados em 2021 e 2022, estão disponíveis para download gratuito na página do Selo Lucias.

Da primeira edição resultou a publicação das três dramaturgias: “Guerras Urbanas’, de Camila de Oliveira Farias, do Rio de Janeiro, “Como Criar para um Corpo Negro sem Órgãos?”, de Lucas Moura, de São Paulo, e “Medeia Homem”, de Robinson Oliveira, do Rio Grande do Sul. Leia o livro.

Da segunda edição resultou a publicação das três dramaturgias: “Atropelo”, de Amanda Carneiro (São Paulo/SP), “Limiar ou Primeiro Impulso que Algo Aconteça”, de Amanda Pessoa (Dourados/MS) e “Piscinas: um Estudo Sobre Águas”, de Mariana Ozório (Belo Horizonte/MG). Leia o livro.

Sobre a SP Escola de Teatro e a ADAAP

Inaugurada em 2010, a SP Escola de Teatro é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP).

A ADAAP é uma Organização Social e exemplo do modelo de gestão de Políticas Públicas que vem sendo implantado pelo governo do Estado desde 2004, com base na Lei Complementar n° 846/98 e no Decreto Estadual nº 43.493/98. Através da publicização, ou gestão pública não estatal, serviços e atividades públicas são geridos por meio de parcerias entre o Estado e o terceiro setor.

A ideia de organização da SP Escola de Teatro tomou forma em reuniões de profissionais vinculados a grupos e espaços culturais da região central de São Paulo, principalmente da Praça Franklin Roosevelt – espaço revitalizado nos anos 2000, e que hoje funciona como uma espécie de epicentro da produção artística paulistana.

Os grupos que ali se fixaram contextualizaram a geografia da região. Desde a revitalização da praça, esses coletivos ocupam salas alternativas e firmam parcerias com alguns moradores e comerciantes dos arredores, contribuindo, decisivamente, para transformar as relações interpessoais num local até então tensionado pela violência urbana.

A Roosevelt é, atualmente, um símbolo da cena de arte da capital paulista. No seu entorno estão teatros, bares e restaurantes em sintonia com a cena cultural local. Alguns dos artistas que participam desse espírito agregador são os que assumiram o compromisso de criar e dirigir a SP Escola de Teatro.

A Escola propõe novos desafios para o ensino das Artes Cênicas no Brasil. Com um modelo pedagógico ousado, o espaço toma como prismas da formação as sensibilidades e as potencialidades artísticas, humanas, críticas e cidadãs. O projeto de criação da Escola foi desenvolvido de 2005 a 2009 e se orienta a partir de três pilares: curso técnico, cursos de extensão e o Programa Kairós (atual Programa Oportunidades). Três eixos que alicerçam o funcionamento sistêmico dos setores da Instituição, contemplando diferentes ações artístico-pedagógicas. O aumento da produção teatral e a consequente demanda de mão de obra foram alguns dos impulsos que levaram ao surgimento da Escola, atenta à necessidade de iniciativas que democratizem o acesso da população à formação artística.

Motivada por seu objetivo simples e direto – “artistas que formam artistas”, define o slogan – a Escola articula propostas como, no plano social, a interface com estudantes contemplados com bolsas-auxílio, atitude que democratiza o acesso ao universo teatral para diferentes camadas da população; e, no sistema pedagógico, a exploração conjunta do terreno do conhecimento por docentes e estudantes.

Ao ser aberta, em 2010, a SP Escola de Teatro teve como sua primeira unidade um prédio histórico no bairro do Brás, centro expandido da cidade. Erguido em 1913 e tombado como patrimônio histórico, o edifício já abrigou a Escola Normal do Brás, onde estudaram nomes como a escritora Pagu e a apresentadora Hebe Camargo.

Durante 2014 e 2015, a unidade passou por uma restauração e reabriu em fevereiro de 2017. No período em que esteve em reforma, as atividades da Escola foram realocadas a uma unidade provisória na rua Marquês de Itu, no Centro. Com a reabertura do prédio do Brás, a Escola passou a contar no local com as atividades pedagógicas e administrativas, os ateliês de Cenografia e Figurino e de Técnicas de Palco, a estrutura circense, a biblioteca, o acervo Antônio Abujamra e um auditório de 157 lugares.

A segunda unidade da SP Escola de Teatro foi aberta em 2012, na Roosevelt. Em um dos principais pontos turísticos da capital paulista, a Praça Roosevelt, reconhecida pela cena teatral, o prédio recebe atividades pedagógicas e residências artísticas. Ele também possui quatro salas multiuso para apresentações da própria instituição e de grupos convidados, um estúdio de som e espaço para outros eventos culturais.

Sobre o Selo Lucias

O selo Lucias é uma iniciativa da Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP). Tem como programa editorial a publicação de livros no campo das artes (teatro, dança, cinema e literatura), da pedagogia, das ciências sociais e da psicanálise. Homenageia, na raiz de seu nome, a professora, jornalista e gestora cultural Lucia Camargo (1944-2020), que foi coordenadora da Escola, e o expande ao plural, pela vocação da ADAAP pela coletividade e pelo múltiplo. O grupo que compõe a coordenação editorial do selo é composto por Ivam Cabral (diretor executivo), Beth Lopes, Elen Londero e Marcio Aquiles.

Entre as publicações do Selo Lucias, estão os livros “Memórias do Cine Bijou” (Marcio Aquiles), “Athos Abramos – O Crítico Reencontrado” (Alcione Abramo e Jefferson Del Rios – Org.) e “A Digna 10 Anos”.