Uma das bandas mais revolucionárias da música brasileira, a Nação Zumbi vai festejar os 30 anos do movimento Manguebeat no evento Manguezassa, que acontece no Cais da Alfândega, em frente ao monumento Caranguejo Manguebeat 2, nesta quarta-feira, dia 11 de outubro, véspera de feriado. A entrada será gratuita ao público em geral.

Com as participações especiais de Lia de Itamaracá, Jéssica Caitano e Lirinha, a Nação Zumbi vai apresentar seus maiores sucessos e versões de músicas importantes na história da banda formada por Jorge Du Peixe (vocal), Dengue (baixo) e Toca Ogan(percussão), além dos músicos convidados Marcos Matias e Da Lua (alfaias), Tom Rocha (bateria) e Neilton Carvalho (guitarra).

O evento “Manguezassa”, que celebra a trajetória do movimento cultural que revolucionou a cena musical do Brasil, vai contar também com shows das principais bandas expoentes da cena Mangue, como Devotos, comemorando 35 anos de carreira, banda Eddielançando seu novo trabalho, o álbum “Carnaval Chanson”, e Mundo Livre S/A, uma das fundadoras do movimento manguebeat, além do DJ Damata tocando nos intervalos dos shows.

O Manguebeat, também conhecido como Manifesto Mangue, é um movimento cultural que surgiu no Recife, na década de 1990. Liderado pelo carismático Chico Science, o Manguebeat fundiu elementos da cultura nordestina, como o coco e o maracatu, com o rock, o hip-hop e a música eletrônica, criando uma sonoridade única e inovadora. Além de sua inovação musical, o movimento tinha uma forte carga política e ambiental, abordando questões sociais e ecológicas da região costeira. Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A foram figuras centrais desse movimento, que influenciou profundamente a música brasileira e deixou um legado duradouro de criatividade e consciência cultural.

Nação Zumbi 

Foto: @olucalima

Criada no início dos anos 1990, na capital pernambucana, a Nação Zumbi (ainda sob a alcunha de ‘Chico Science & Nação Zumbi’), lançou seu primeiro álbum, “Da Lama ao Caos”, em 1994. O trabalho tornou-se um dos marcos do manguebeat, movimento que, ao lado da Bossa Nova e do Tropicalismo, é reconhecido como um dos mais importantes na contribuição da modernização da música brasileira. Recentemente, “Da Lama Ao Caos” foi eleito o melhor disco já feito no Brasil nos últimos 40 anos em uma enquete feita pelo jornal O Globo com 25 especialistas de todo o país. Nas três décadas de estrada em festivais importantes pelo país e exterior, houve várias formações da NZ. A banda conseguiu se reestruturar e soube se reinventar ano após ano, disco após disco, até chegar aqui. Remanescentes da formação original e fundadores da banda, junto de Chico Science, Jorge Du Peixe, Dengue e Toca Ogan seguem também em carreira solo com novos trabalhos.

Lia de Itamaracá

Foto: Ytallo Barreto

Maior voz da ciranda brasileira, Patrimônio Vivo de Pernambuco, Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Lia de Itamaracá negritou a história da cultura popular brasileira, sendo hoje uma de suas maiores representantes. A ciranda é seu gênero de origem, mas a artista também transita entre outros vários ritmos da música nordestina, como o coco, maracatu, afoxés, entre outras canções. Atualmente, Lia de Itamaracá circula pelo país com três bandas distintas. Mais recentemente, formou o Quarteto da Ciranda, onde ela mescla um pouco de cada proposta, com uma banda mais enxuta. Para 2024, pelo menos três grandes projetos estão na sua agenda: o festival Canto da Sereia, que deve marcar a celebração dos seus 80 anos, a reabertura do Centro Cultural Estrela de Lia, em Itamaracá, e no carnaval Lia se prepara para desfilar em duas escolas de samba que, em 2024, contarão em seus enredos, a história da cirandeira: no Rio de Janeiro, a Império da Tijuca e, em São Paulo, a Nenê de Vila Matilde.

Jéssica Caitano

Foto: José de Holanda

Jéssica Caitano é uma artista multifacetada: cantora, compositora, rapper, repentista, percussionista, poetisa, declamadora, educadora e ativista. É da cidade de Triunfo, interior de Pernambuco, no Sertão do Pajeú. Co-fundadora da Fundação Cultural Ambrosino Martins e do Munguzá Sonoro. Integrante nos projetos de música eletrônica Radiola Serra Alta, Surra de Rima e Reboco. Idealizadora da Cristaleira, projeto de coco e poesia. Autora do cordel “Triunfo é no Pajeú a Flor do Alto Sertão”. Coordenadora e Arte-educadora do grupo de crianças e adolescentes Cambindas de Triunfo. Produtora cultural nos coletivos Mangaio, Pantim, Mãe Chiquinha e RIPA (Rede Interiorana de Produtores, Técnicos e Artistas de Pernambuco.

Lirinha

Foto: Thais Taverna

José Paes de Lira, Lirinha, é um inventivo artista brasileiro que atua na zona de fronteira entre a música, as artes cênicas e a literatura. Começou sua carreira artística ainda criança como declamador de poesias na sua cidade natal, Arcoverde, sertão de Pernambuco e, hoje, representa uma geração de criadores que rompe paradigmas na produção musical e investigação sonora. Refletindo, na sua obra original, uma intensa experiência sensorial e emocional, na mixagem entre a poesia e a música. Em 1997, idealizou e construiu o espetáculo cênico musical Cordel Do Fogo Encantado, novidade impactante e original vivenciada pela música pernambucana. Com o grupo tem quatro discos gravados. Atualmente, está em fase de divulgação de seu terceiro disco solo, MÊIKE RÁS FÂN, concebido entre 2020 e 2022, com oito faixas inéditas, produzidas pelo próprio artista.

Devotos

Foto: Tiago Calazans

Uma das bandas mais influentes do punk nacional, do Alto José do Pinho, no Recife, a Devotos completa 35 anos de história. Formada em 1988 por Cannibal (baixo e voz), Neilton carvalho (guitarra) e Celo Brown (bateria), sob o nome Devotos do Ódio, o grupo punk, rock e hardcore pernambucano traz em suas letras temas voltados à desigualdade social, abordando as dificuldades enfrentadas nas comunidades periféricas como o preconceito, pobreza e racismo. A banda possui inúmeros trabalhos que foram importantes para o reconhecimento nacional e já lançou oito álbuns de estúdio.

Eddie

Foto: Clara Gouvêa

Fundada em 1989, em Olinda (PE), a banda Eddie chega ao seu décimo álbum, “Carnaval Chanson”, com o reforço das vozes das cantoras Karina Buhr e Isaar, seguindo o passo do frevo e cantando marchinhas e hinos de blocos pernambucanos em clima de festa. “É trilha sonora para a festa de rua e de salão, no pique do frevo – ritmo revigorado pela própria banda nos últimos anos – ou na marchinha em andamento romântico que leva Serge Gainsbourg para as ladeiras e quintais de Olinda.”, escreveu o jornalista Xico Sá no release do álbum. A banda, conhecida por misturar gêneros musicais brasileiros como o frevo, o samba, com ritmos internacionais, é formada por Fábio Trummer (voz e guitarra), Alexandre Urêa (voz e percussão), Andret Oliveira (teclados, trompete e sampler), Rob Meira (baixo) e Kiko Meira (bateria). 

Mundo Livre S/A

Foto: Tiago Calazans

Formado em Recife, Pernambuco, em 1994, o Mundo Livre S/A destaca-se por suas letras críticas e irreverentes, comunicadas em uma musicalidade que funde samba e outros ritmos brasileiros à cultura pop e rock internacional. O Mundo Livre S/A foi um dos criadores do movimento Manguebeat, ao lado de Chico Science e Nação Zumbi, nos anos 90.  Fred assina o Manifesto que deu origem ao movimento. O primeiro álbum, “Samba Esquema Noise” (1994), trazia as inventivas misturas do movimento iniciado em Pernambuco e duas marcas registradas do grupo; a influência de Jorge Ben e o vocalista, Fred Zeroquatro, que além de guitarra, tocava cavaquinho numa banda de rock. Músicas como “Computadores Fazem Arte”, “Seu Suor é o Melhor de Você”, “Meu Esquema” e outras viraram clássicos da música independente brasileira. O décimo álbum do grupo, “Walking Dead Folia (Sorria, Você Teve Alta!) ”, lançado em 2022, com participação de Jorge Du Peixe e Doralyce, é um registro do Brasil nos tempos pandêmicos.

DJ Damata

Foto: Divulgação

Dj Renato da Mata criou interesse pela música por influência do seu pai que é músico e tinha uma grande coleção de discos em sua casa. Isso o levou a um gosto musical amplo e eclético. Em seu repertório ele passeia por vários ritmos e estilos musicais. Sua intimidade com as pick-ups, técnica de mixagem e especial habilidade de manejar seu equipamento, se destacaram nos eventos de Recife e nas capitais do país.

Serviço

Quando: 11/10/2023

Onde: Cais da Alfândega, em frente ao monumento Caranguejo Manguebeat 2

Entrada: Gratuita

Shows:

21h – DJ Damata 

21h20 – Banda Eddie 

22h10 – Mundo Livre S/A

23h – Devotos 

00h00 – Nação Zumbi e convidados: Lia de Itamaracá, Jéssica Caitano e Lirinha.