Em momento que celebra seus 50 anos de fazer artístico com exposição em Londres, artista sérvia retoma sua relação com o Nordeste do País para novo trabalho

Lotando diariamente a Royal Academy, em Londres, desde o último dia 23, com exposição retrospectiva aos seus 50 anos de carreira – aliás, a primeira mulher em 255 anos a ocupar todas as salas daquele museu com uma individual -, a artista Marina Abramović retorna o seu olhar para o Nordeste brasileiro como ambiente fértil para o seu trabalho. Dessa vez, para a Usina de Arte, em Água Preta, na Mata Sul de Pernambuco, que receberá a primeira obra da sérvia em espaço aberto ao público no Brasil.

Na última terça-feira (21), na capital inglesa, a pioneira na performance artística teve uma reunião de trabalho com os fundadores do equipamento pernambucano, o casal Ricardo e Bruna Pessoa de Queiroz, e o curador do espaço, Marc Pottier, para afinarem o projeto previsto para o primeiro trimestre de 2024. Ainda em março deste ano, o diretor artístico de Abramović, Hugo Huertas, passou uma temporada na Usina para processos de pesquisa e residência. Atualmente, são mais de 40 obras e instalações que compõem o acervo do equipamento assinadas por nomes como Alfredo Jaar, Regina Silveira, Matheus Rocha Pitta, Juliana Notari, Marcio Almeida, José Spaniol e grande elenco. 

“Além do privilégio que é contar com o talento de Marina Abramović para os novos passos da Usina de Arte, esse projeto também endossa o nosso movimento de internacionalização, sempre com trabalhos que dialoguem com o contexto de onde estamos inseridos. É exemplo a nossa última inauguração, a obra “Claro-Escuro”, do chileno Alfredo Jaar, que assume novos contextos neste lugar”, registra Bruna Pessoa de Queiroz, presidente da Usina de Arte.

Sobre a Usina de Arte

Instalado onde funcionou a Usina Santa Terezinha (maior produtora de álcool e açúcar do Brasil nos anos 1950), na cidade de Água Preta, Mata Sul de Pernambuco, projeto Usina de Arte conecta arte, cultura e meio ambiente, a partir de um museu de arte contemporânea ao ar livre, dentro de um Parque Artístico Botânico. Nele, estão instaladas mais de 40 obras e instalações de nomes como Regina Silveira, Geórgia Kyriakakis, Saint Clair Cemin, José Spaniol, Matheus Rocha Pitta, Juliana Notari, José Rufino, Flávio Cerqueira, Bené Fonteles, Hugo França, Paulo Bruscky, Denise Milan, Marcelo Silveira, Liliane Dardot, Marcio Almeida, Frida Baranek, Artur Lescher, Carlos Vergara, Júlio Villani, Iole de Freitas e Vanderley Lopes. 

Em meio a um trabalho de reflorestamento com plantas de mais de 600 espécies, em uma área de mais de 35 hectares, o Parque Artístico Botânico é eixo central da iniciativa que irriga outras ações de desenvolvimento para a criação de estruturas para geração de renda e valor para a comunidade de 6 mil moradores no entono do projeto. São exemplos a recém-inaugurada Fab Lab Mata Sul – Usina de Arte, Escola de Música, Biblioteca e Centro de Conhecimento público com mais de 5 mil títulos com terminais de computadores conectados à internet, impressoras em 3D e cortadora a laser para projetos da comunidade, além de parceria com as unidades escolares no apoio de novas práticas pedagógicas.

O objetivo é estimular o turismo, e a consequente atividade econômica na região da Mata Sul de Pernambuco por meio do estímulo ao empreendedorismo na localidade, que viu nascer em seu entorno um total de dez restaurantes, pousada, pesque-e-pague, centro de artesanato, guias para passeios ecoturísticos, camping e a cultura de hospedagens domiciliares. “Essa guinada não seria possível sem o intenso envolvimento da comunidade, parte efetiva de todo o processo, e que, ao se sensibilizar com o potencial transformador da arte, tem contribuído sistematicamente com o projeto, desde a sua gestação até a atual condição de pilar de sustentação dele”, explica Bruna Pessoa de Queiroz, presidente da Associação Socioambiental e Cultural Jacuípe, que gere a Usina de Arte. 

O grupo reúne de 40 membros de segmentos plurais da comunidade da Usina Santa Terezinha, sendo viabilizado a partir do apoio de pessoas físicas e jurídicas. Para contribuições, interessados podem entrar em contato por meio do e-mail [email protected].

Visitação
A cerca de 150km do Marco Zero do Recife, o Parque Artístico-Botânico da Usina de Arte é aberto à visitação do público, das 5h30 às 18h, e tem acesso gratuito. Saindo do Recife, os visitantes devem seguir pela BR 101 Sul, sentido Alagoas, até o centro da cidade de Xexéu. De lá, o público segue pela rodovia PE99, que começa em frente à Paróquia de São Sebastião, e leva até a Usina, situada no Km 10. Entre as opções de alimentação, estão os restaurantes Jardim Botânico, a Pizzaria Estação dos Sabores, Mandacaru Abacate, Ró Lanches, Restaurante Alquimia e Restaurante Capim de Cheiro.

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Site: www.usinadearte.org