Em cartaz no espaço Accademia, da Oficina Francisco Brennand, mostra comemorativa de 50 anos da instituição reúne cerca de 200 itens, entre pinturas, esculturas, gravuras, serigrafias e documentos até o próximo dia 17
Após um ano e oito meses em cartaz, trazendo ao público as riquezas de cada etapa artística dos mais de 50 anos de produção de Francisco Brennand, a exposição “Devolver a Pedra à Terra que Era”, está chegando ao fim. Mas, até o dia 17 de setembro, o público poderá contemplar cerca de 200 itens, que se dividem em pinturas, esculturas, gravuras, serigrafias e documentos, muitos deles inéditos, abrangendo toda a trajetória do pernambucano falecido em dezembro de 2019, aos 92 anos. Além da visão panorâmica do trabalho do artista, o público também pode apreciar a área expositiva ao ar livre, que reúne quase 700 obras do artista, entre painéis e esculturas de cerâmica. O horário de funcionamento é de terça a domingo, das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h), com ingressos por R$ 15 (meia) e R$ 30.
Com curadoria assinada por Julieta González, e Julia Rebouças, diretora artística do Inhotim, a exposição, cujo o título faz referência ao verso de João Cabral de Mello Neto no poema “O Ceramista”, dedicado a Francisco Brennand, apresenta obras garimpadas do acervo permanente do instituto – que abriga o impressionante número de aproximadamente 3 mil obras –, de colecionadores e de museus de todo o País. Entre elas, contribuições de Brennand para diversas áreas, como a arte pública (com esboços de murais projetados pelo artista), a educação (uma série de desenhos elaborados em parceria com Paulo Freire), o teatro (croquis do figurino de uma adaptação para o cinema do “Auto da Compadecida”) e a produção de cerâmica (um histórico das atividades das olarias e fábricas de revestimentos, objetos decorativos, esculturas, murais e peças utilitárias), entre outros temas.
Os conceitos de Natureza, Cosmologias e Território, conduzem a exposição intercalando e interligando as obras na Accademia. O segmento Natureza parte do desafio de se construir pontes para a compreensão integrada entre natureza, cultura, arte e meio ambiente, discutindo o papel do ecossistema local para o entendimento da missão, identidade, comunicação e vocação institucional do espaço. O conceito de Território, por sua vez, busca ampliar as relações entre entorno e produção artística, com foco na geografia e história da região, com o compromisso social do desenvolvimento de uma comunidade mais sustentável, justa e integrada. Unido a isto, o eixo Cosmologias, pretende abordar o aspecto fabulador e narrativo, por meio de diferentes cosmovisões que, na obra de Francisco Brennand, manifestam-se em evocações arquetípicas, mitologias, literatura e filosofia.
“No universo de criação de Brennand há uma grande diversidade de espécies híbridas, que fusionam existências animais, minerais, vegetais, sempre em tensão com as formas humanas. A natureza também está presente a partir da convivência com essas duas entidades importantíssimas, presentes e constituintes ali do que ele entende como território da Oficina, o Rio Capibaribe e a mata da Várzea”, pontua a co-curadora Júlia Rebouças, atual diretora artística do Instituto Inhotim, que em 2019 foi curadora da 36ª edição do Panorama da Arte Brasileira: Sertão, no MAM-SP, co-curadora da 32ª Bienal de São Paulo (2016), entre outros projetos relevantes.
Contexto e Celebração
No dia 11 de novembro de 1971 o artista Francisco Brennand, no alto de seus 44 anos, decidiu ocupar as ruínas da Cerâmica São João da Várzea, uma olaria fundada por seu pai, Ricardo Lacerda de Almeida Brennand, em 1917, com o objetivo de transformá-la em um ateliê no qual pudesse dar vazão à sua prolífica produção artística. E em novembro de 2021, período em que a Oficina Francisco Brennand completou meio século de existência, o complexo monumental de 15km² e um dos principais cartões postais de Recife abriu uma ampla exposição do artista para celebrar a data. A inauguração da retrospectiva aconteceu pouco mais de dois anos após a importante reformulação institucional implementada no espaço, que se tornou oficialmente uma organização cultural sem fins lucrativos em setembro de 2019.
A exposição ‘Devolver a terra à pedra que era: 50 anos da Oficina Francisco Brennand’ é uma realização do Ministério do Turismo, da Oficina Francisco Brennand e do Bradesco (patrocínio master), com patrocínio da Copergás. A Oficina conta ainda com o Grupo Cornélio Brennand como mantenedor e patrocínio do Instituto Cultural Vale, entre outros patrocinadores.
SERVIÇO
Exposição: “Devolver a Pedra à Terra que Era: 50 anos da Oficina Francisco Brennand”
Oficina Francisco Brennand: Propriedade Santos Cosme e Damião, s/n, Várzea | +55 (81) 2011-5466
Período da exposição: aberta até 17 de setembro de 2023 (últimos dias)
Visitação: Terça–Domingo: 10h–18h (fechamento da bilheteria às 17h)
Fechado às segundas-feiras
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
Sobre a Oficina Francisco Brennand – Desde 2019, a instituição cultural sem fins lucrativos atua para preservar o legado do artista Francisco Brennand, ao passo em que fomenta e difunde práticas artísticas, educativas e culturais contemporâneas. No coração da Mata da Várzea, na capital pernambucana, a Oficina salvaguarda um amplo conjunto de obras de Francisco Brennand, distribuídas em espaços expositivos, jardins – um deles projetado por Roberto Burle Marx – e reserva técnica. A Oficina compreende também edificações fabris, ateliês e uma capela, cuja reforma é de autoria dos arquitetos Paulo Mendes da Rocha e Eduardo Colonelli, instalações de atendimento ao público, como café e loja, e unidade de apoio localizada no Bairro do Recife, na Casa Zero.