As palavras têm a capacidade de dançar? Quando estão envolvidas com a bailarina e coreógrafa Jussara Miller, referência no Brasil na Técnica Klauss Vianna, elas ganham vida a partir de reflexivas coreografias. Por exemplo, em Verdes e Ouvirdes, solo de dança premiado da artista, o ponto de partida vem justamente do texto do ambientalista Ailton Krenak. O resultado será apresentado nos próximos dias 15 e 16 de setembro, às 20h, no Teatro do SESI São Paulo. Com entrada gratuita, a iniciativa é realizada com o apoio do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura e Economia Criativa – Programa de Ação Cultural (ProAC 2022).
O espetáculo, em circulação pelo país, já passou por regiões como Araras, Pirassununga, Marília e Campinas. Agora, encerra temporada com essa agenda na capital paulista. Além da performance, Jussara Miller também ministra a oficina ‘A Escuta do Corpo’, baseada em seu livro homônimo, em 16/09, às 14h. Para participar, basta fazer a reserva de ingressos pelo site da unidade.
Com direção de Norberto Presta, diretor e escritor teatral ítalo-argentino, e audiovisual de Christian Laszlo, o solo Verdes e Ouvirdes, de 55 minutos, estreou em 2021 para celebrar os 30 anos de carreira da bailarina e as duas décadas do Salão do Movimento, seu espaço de dança e investigação, localizado em Campinas (SP). A primeira temporada, que foi totalmente on-line, garantiu à Jussara Miller o Prêmio de Dança Denilto Gomes na categoria Melhor Projeto.
“Estou muito feliz com todo o reconheci;mento e em fazer uma temporada presencial, pois a dança é uma arte da presença e a troca ao vivo com o espectador alimenta a nossa arte. As artes vivas como a dança precisam dessa troca calorosa com as pessoas presentes no encontro do teatro como uma maneira de compartilhar a arte e a vida”, destaca a bailarina.
A inspiração do espetáculo vem do livro Ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak, escritor, ambientalista e pesquisador, além de referência do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas no Brasil. “O solo quer ser uma dança para adiar o fim do mundo, uma última história para deter a queda do céu. Ou seja, um corpo contemporâneo que quer se reconciliar com a natureza”, destaca o diretor Norberto Presta.
E como é dançar inspirada nas palavras de Ailton Krenak? Jussara Miller reflete: “Ele traz um pensamento crítico à ideia de humanidade como algo separado da natureza. E isso se abre para um imaginário que é muito favorável para criar danças. A maneira que escreve convida as pessoas a pensarem o quanto estamos distanciados da nossa natureza humana, ficando anestesiados do sentir e do agir em consonância com o meio ambiente. As palavras de Krenak provocam uma urgência para sairmos dessa zona de conforto que o corpo urbano se encontra na rotina do dia a dia”.
Nesse sentido, Verdes e Ouvirdes busca trazer à cena, de maneira poética e política, a temática do impacto ambiental, além de denunciar o verde roubado diariamente das terras brasileiras. “De acordo com a organização International Global Forest Watch, de 2018 a 2019, o Brasil esteve entre os cinco países no mundo que mais perderam florestas primárias, as nossas matas virgens, resultando num impacto ambiental sem precedentes”, destaca a bailarina.
Para dar cores e movimentos ao solo, Jussara Miller se fundamenta na Técnica Klauss Vianna de dança contemporânea em diálogo com a fotografia. Por sinal, marca primordial da estética da bailarina. “Trata-se de uma abordagem multimídia que apresenta imagens fotográficas em movimento projetadas na tela e no corpo, revelando a interface entre dança e audiovisual. O solo evidencia a natureza humana indissociável da natureza ambiental, confirmando que a dança pode carregar significados que despertem um olhar sensível e crítico”, afirma Jussara.
Mais do que dançar a sustentabilidade do meio ambiente, Jussara Miller deseja plantar uma semente de criticidade e esperança em cada espectador. “Esse trabalho busca apresentar a arte como defensora da vida e quer entender como a luta ambiental pode aparecer poeticamente por meio da dança, utilizando-se da inventividade para criar possibilidades de diálogos, de trocas e de ações éticas, estéticas, poéticas e políticas de maneira crítica e criativa”, conclui.
Assista ao teaser: https://www.youtube.com/watch?v=ZuHiUgCbzMA
SERVIÇO
Verdes e Ouvirdes, de Jussara Miller, no Teatro do SESI São Paulo
Quando: 15 e 16/09, sexta-feira e sábado, respectivamente, às 20h
Onde: Av. Paulista, 1313 – Sede
Quanto: Entrada Gratuita
Reserva de ingressos: https://www.sesisp.org.br/evento/7b29ccbf-a53f-415e-9f7b-61e28081065e/verdes-e-ouvirdes
Informações: salaodomovimento.art.br ou @jussara.miller
SOBRE A OFICINA
Ministrada pela coreógrafa Jussara Miller, a oficina gratuita ‘A Escuta do Corpo’
está direcionada a bailarinos, atores e pessoas interessadas na pesquisa do
movimento, a partir dos 15 anos, e sem obrigatoriedade de ter experiência prévia em
dança. Na Sala de Ensaio do SESI São Paulo, a ação será realizada no sábado, dia 16/09, às 14h. Para participar, basta fazer a reserva de ingressos pelo site da unidade.
Durante o encontro prático de duas horas, “será trabalhado a improvisação em
dança com enfoque na escuta do corpo, contextualizando o corpo presente a partir
do referencial somático com a prática da Técnica Klauss Vianna”, conta Jussara.
Saiba mais: https://www.sesisp.org.br/evento/f8730b5f-4f8a-41a6-af05-e5d0f554754e/a-%20escuta-do-corpo
SOBRE JUSSARA MILLER
Com mais de 30 anos dedicados à dança, Jussara Miller é bailarina, coreógrafa, preparadora corporal e doutora em Artes (Dança) pela Unicamp. Compõe o corpo docente do Curso de Graduação em Dança da Unicamp e da Pós-Graduação em Técnica Klauss Vianna da PUC-SP, além de ser diretora e professora do Salão do Movimento, em Campinas(SP).
A partir da intensa pesquisa da compreensão do movimento, assinou dois livros: A Escuta do Corpo (Summus, 2ª ed, 2007) e Qual é o corpo que dança? (Summus, 2012). Ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios, com destaque ao Prêmio de Dança Denilto Gomes 2021 pelo projeto Verdes e Ouvirdes, ao Prêmio de Dança Denilto Gomes 2018 por sua Trajetória na Dança e ao Prêmio de Dança Denilto Gomes 2015 pela coreografia do solo Nada Pode Tudo.
FICHA TÉCNICA
Concepção, coreografia e dança: Jussara Miller
Direção, dramaturgia e cenografia: Norberto Presta
Fotografia, audiovisual e trilha sonora: Christian Laszlo
Assistência coreográfica: Cora Laszlo
Iluminação: Eduardo Albergaria
Figurino: Warner Júnior
Arte gráfica: Elis Laszlo
Projeto cenotécnico: Christian Laszlo
Fotos de divulgação: Ana Laura Cintra
Registro em vídeo: Isabela Moura e Lucas Reitano
Assessoria de Imprensa: Yasmim Bianco
Marketing Digital: Matheus Serra
Produção Executiva: Wannyse Zivko (Arte & Efeito)
Produção Geral: Salão do Movimento
Classificação: 14 anos
Duração: 50 minutos