Premiado em Dubai, Londres, Escócia e pela Funarte, artista trata de ancestralidade e geopolítica a partir da reprodução de fotografia feita na Etiópia. Em circulação nacional e em sua primeira incursão no Recife, mostra ficará em cartaz no Muafro entre os dias 29 de agosto e 29 de setembro, com acesso gratuito
Pela primeira vez no Recife, o artista plástico mineiro Eduardo Carvalho estreia, dia 29 de agosto, a Exposição Itinerante “A Cultura e suas Peculiaridades”. Em cartaz até 29 de setembro, no Museu de Artes Afro-Brasil Rolando Toro – Muafro, no Recife Antigo, a mostra literalmente perfila os povos de matriz africana, que ajudaram a fundar os conceitos de nação, cultura e resistência no Brasil. O acesso é gratuito.
Com o incentivo do Ministério da Cultura e apoio das empresas Condor e Cenibra, a exposição já foi apresentada em Belo Horizonte e Franca e percorre, desde o dia 2 de agosto, outras sete cidades até chegar ao Recife: Antônio Dias, Bielo Oriente, Sabinópolis e Peçanha, em Minas Gerais, além de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. O critério de seleção foi histórico: todas foram importantes cenários para a resistência dos povos e da cultura de matriz africana no Brasil, abrigando quilombos de referência na luta do povo negro por liberdade.
Os locais foram escolhidos pelo artista, um autodidata que subverteu, por meio da arte, a sina de trabalhador rural legada a ele por muitas gerações de familiares, e alcançou importantes premiações nacionais e até mercados internacionais. Eduardo recebeu o prestigioso “Prêmio Funarte Artes Visuais 2020/2021 – O Diálogo entre o Patrimônio Histórico da Cidade do Rio de Janeiro e o Brasileiro Presente nas Artes Visuais, na Arquitetura e nos Espaços Urbanos”, e conquistou prêmios em Dubai, Londres e Escócia.
Lançando um olhar cuidadoso e realista, aliás, hiper-realista sobre ancestralidade e geopolítica, a mostra é protagonizada pela premiada obra “Olhar Africano”, que captura e traduz com lápis grafite, papel e minúcia, a força e a beleza de um povo inteiro. O desenho, que reproduz com perfeição a fotografia de Leif Steiner, tirada na tribo Hamar, na Etiópia, retrata uma mulher africana, cujo olhar contundente e inevitável parece intimar à reverência e deferência, num grito silencioso e secular, que ainda ecoa no mundo inteiro, por respeito e liberdade. Além do desenho, impresso numa lona com três metros de comprimento por três metros de largura, a exposição apresenta o passo a passo de sua confecção, desde os primeiros estudos e traços até o esboço completo.
“Estou muito honrado e ansioso para levar minha arte para Pernambuco, interagir com as pessoas, conhecer um pouco da cultura pernambucana. Essa é uma terra de gigantes, de onde saíram artistas como Luiz Gonzaga. Lugar de gente guerreira, batalhadora. Respeito muito a cultura e o povo desse estado. Mal posso esperar para ver de perto suas belezas”, celebrou Eduardo, que está sempre colecionando referências visuais no cotidiano, sua maior fonte de inspiração. Ora definido como técnica ora defendido como movimento artístico, o hiper-realismo, explica o artista, é uma tendência criada na Europa, ainda nos idos de 1960, e consiste na reprodução artística e manual, com máxima precisão e verossimilhança, de fotografias e objetos ou cenas reais em pinturas e esculturas. “A arte imitando a vida.”
WORKSHOP – Para multiplicar conhecimento, inspirar e pavimentar futuros com mais arte e cidadania, o mineiro vai partilhar as habilidades que lhe abriram caminhos e expandiram horizontes. Dia 29, das 14h às 16h, ministrará workshop gratuito de desenho realista para 40 crianças de escolas públicas do Recife.
SERVIÇO
Exposição Itinerante “A Cultura e suas Peculiaridades”
De 29 de agosto a 29 de setembro de 2023
No Museu de Artes Afro-Brasil Rolando Toro (Muafro): Rua Mariz e Barros, 328, Recife Antigo
Visitação: quarta a domingo, das 13h às 17h
Acesso gratuito