Sérgio Rezende foi o primeiro grande homenageado do Cine PE 2022. Foto: Felipe Souto Maior/Divulgação
O Teatro do Parque, no Centro do Recife, abriu suas portas na noite desta sexta-feira (9) para receber a primeira noite de exibições do Cine PE 2022. Iniciando o ciclo de projeções do festival, o documentário pernambucano “A Vida Secreta de Delly”, de Marlom Meirelles, apresentou ao público a emocionante história de Delly Batista, que enfrentou o preconceito e o abandono antes de se tornar a voz dos catadores de Nova Vila Claudete, no Cabo de Santo Agostinho.
No palco, Delly comemorou a exibição do curta num dos festivais mais tradicionais do país e chamou a atenção para a importância de sua profissão. “Espero que vocês, através do nosso filme, da nossa história, enxerguem os catadores como pessoas fundamentais pra construir um mundo mais saudável”, salientou. Ovacionado pelo público, o curta, que faz parte da Mostra Hors-Concours, é resultado de uma parceria entre o Complexo Industrial e Portuário de Suape e a BPE, produtora que organiza o Cine PE.
Um dos pontos altos da noite foi a homenagem ao cineasta Sérgio Rezende, que também trouxe para o evento a oportunidade do público conferir seu curta “Leila para sempre Diniz”, filmado em 1974. O diretor carioca recebeu a Calunga de Ouro das mãos de outro gigante do cinema brasileiro, o também cineasta Luis Carlos Lacerda.
“25 anos atrás começou o festival e 25 anos atrás eu cheguei aqui, nessa mesma cidade, onde eu tive uma das grandes emoções da minha vida, que foi a primeira sessão pública de ‘Guerra de Canudos’. Na plateia, no Cinema São Luiz, estava o grande Ariano Suassuna, e o que ele me disse foi uma das coisas que mais me tocaram durante toda minha experiência com cinema. Então, estar aqui 25 anos depois, comemorando o cinema brasileiro, que sofreu tanto nesses anos sombrios, é muito importante. Eu sou do cinema, eu sou da sala escura e eu tenho esperança que no ano que vem tudo isso volte a ter a força que merece”, comentou Sérgio.
Para fechar a primeira noite do evento, o diretor cearense Halder Gomes, conhecido por dirigir comédias de sucesso como “Cine Holliúdy” e “O Shaolin do Sertão”, fez sua estreia em filmes dramáticos com a exibição de “Vermelho Monet”, protagonizado por Maria Fernanda Cândido e Chico Diaz.
“Esse mundo da arte sempre foi muito sedutor e fascinante pra mim, então eu pinto desde criança, é a coisa que eu mais quero fazer e que mais gosto. Portanto, chegou o momento de falar sobre esse universo, mas de fazê-lo com um recorte especial, que é a valoração da arte, as manipulações, as cobiças, e o que faz, por exemplo, um quadro chegar à fortuna de 50 milhões de dólares. É esse universo que o filme aborda”, explicou Halder.
O Cine PE continua neste sábado com coletivas de imprensa com representantes dos filmes exibidos na noite desta sexta (9). Os debates acontecem a partir das 9h no Beach Class Convention, hotel sede do evento. A entrada é gratuita e aberta ao público. Durante a tarde, o evento promove o seminário “Cenários Econômicos, Políticos e Sociais para 2023: O Que Será do Brasil?”, com presença de Edmar Bacha, Cristóvam Buarque e Germano Rigotto.
Durante a noite, no Cinema São Luiz, o festival dará início às mostras de curtas-metragens nacionais e pernambucanos. Serão exibidos “Contos de Amor e Crime”, de Natali Assunção; “Mormaço”, de Carol Lima; “Andrômeda”, de Lucas Gesser; “Alexandrina – Um Relâmpago”, de Keila Sankofa; “O Destino da Senhora Adelaide”, de Breno Alvarenga e Luiza Garcia; e “Maria”, de Guilherme Carravetta de Carli. Dentro da Mostra Competitiva de Longas-Metragens será exibido “Aldeia Natal”, de Guto Pasko.