Antes da chegada dos portugueses e dos africanos escravizados ao Brasil os nossos índios já possuíam os saberes da mata. A Jurema Sagrada, religião de origem indígena muito difundida entre os terreiros afrodescendente no Brasil. Para reafirmar a memória afro-indígena brasileira, estreiou nesta terça, 10, a Websérie intitulada ‘Minuto na Jurema’. “A produção nasceu da vontade de informar, desmistificar preconceitos e combater o racismo religioso, violência constantemente praticada contra os seguidores das religiões de matriz africana e indígena”, explica Karla Fagundes, roteirista e produtora do projeto. A série é patrocinada pela Lei Aldir Blanc, da Fundarpe.
A websérie possui 10 capítulos, lançados a cada dois dias, na plataforma do YouTube, no canal do Terreiro Caboclo Tupinambá. Tradição no Nordeste, a Jurema é uma religião de matriz indigena e carrega o nome emprestado da planta que dá origem a bebida confeccionada das raízes e cascas utilizadas nas cerimônias espirituais. “Sua origem remonta à pajelança e ao toré, ambos regimes religiosos que fundamentam a estrutura indígena do sagrado”, explica Karla.
A produtora é sobrinha de Sandra Juremeira, importante Yalorixá na Zona Norte do Recife, que atende especialmente os bairros de Água Fria e Campina do Barreto. “O projeto vem afirmar o local de fala da Sacerdotisa Sandra Juremeira, apontando um diálogo da ancestralidade para com o público e uma oportunidade de reconhecimento sociocultural”, revela.
“Vamos abordar de forma explicativa/artística sobre a cosmologia e universo da Jurema, tais como a musicalidade, as histórias de algumas entidades, a relevância no processo educacional, entre outros aspectos”, complementa. “Existem diversas narrativas falsas, distorcendo o que é terreiro, o que é Exu, o que são as entidades. Viemos com a intenção de quebrar essas mentiras que são propagadas”, finaliza Karla.