Projeto apresenta obras criadas no período da pandemia por meio de novas tecnologias
Entender o suporte digital como espaço de convívio, investir em inovadoras propostas virtuais de artistas brasileiros com transmissões diferenciadas e exibições em diversas plataformas on-line: essa será a tônica do Palco Giratório 2022. O projeto, que vai acontecer até novembro, começa hoje com o espetáculo ‘(DES)MEMÓRIA’, às 16h.
Criado por Yara de Novaes (MG), ele tem a particularidade de ser um game, um jogo teatral virtual que se propõe a investigar o passado familiar e refletir sobre representatividade e embranquecimento no Brasil. A transmissão vai acontecer pelo Youtube do Sesc Brasil.
Ainda em maio, será a vez de “Arqueologias do futuro”, de Mauricio Lima (RJ), exibido por meio da plataforma zoom. A peça-performance realiza uma arqueologia afetiva sobre 5 “artefatos” recolhidos na pesquisa para a criação do Museu dos Meninos. Maurício Lima evoca a figura do ator MC que, através de alguns desenhos e grafismos, realiza um depoimento a partir de memórias vividas e inventadas da sua infância e adolescência no Complexo do Alemão, território de origem do artista.
O projeto será realizado em quatro etapas. Em cada uma, três trabalhos serão apresentados. Além das exibições de espetáculos, haverá ‘ativações cênicas’, conversas digitais com os artistas antes da estreia dos trabalhos na programação, ‘intercâmbios’ online entre os artistas nacionais e locais, oficinas de crítica com o “Quarta Parede” (PE), que percorrerá todas as etapas, e participará dos ‘Pensamentos Giratórios’, rodas de conversa que fecham cada etapa, onde os artistas desta edição debatem sobre os trabalhos e o cenário das artes cênicas.
Esta edição contará com trabalhos cênicos bastante diferenciados, como “Juntos e separados”, da Anti Status Quo Companhia de Dança (DF), que é uma performance em videoconferência ao vivo. Já em “Tudo que coube numa VHS”, do Grupo Magiluth (PE), a dramaturgia percorre múltiplas plataformas digitais e compõe para cada espectador uma experiência estética particular, na qual também ele opera como agente de construção.
Em 2022 serão realizadas 162 apresentações artísticas e 200 ações formativas. Também ocorrerão apresentações de artistas e grupos locais, em formato digital ou presencial, nos estados brasileiros e no Distrito Federal. Ao longo do ano, será mobilizado um conjunto aproximado de 103 coletivos artísticos de todo o país.
As transmissões serão diferenciadas, mas todas ocorrerão em ambiente virtual. São trabalhos que envolvem dança, circo, teatro e até games. Alguns deles reúnem várias manifestações artísticas, como a plataforma de streaming ‘PAN-PLAY’ (AM), contribuindo com a visibilidade de manifestações artísticas da região norte brasileira.
“Uma das marcas do Palco Giratório é a aposta em artistas e trabalhos que fazem mover ideias pelo Brasil. Hoje, mesmo com o retorno dos espetáculos de forma presencial, a proposta é revisitar experiências artísticas que abraçaram os meios digitais como instrumentos para manter viva a produção cênica brasileira no período mais severo do isolamento social. Nos interessa perceber como essas produções dialogarão com os públicos neste novo contexto. O que fica depois dessa vivência digital tão intensa?”, comenta Raphael Vianna, analista de cultura do Departamento Nacional do Sesc.
Diversidade presente
Além de todo o aspecto virtual e tecnológico deste ano, a força da diversidade se manteve no projeto. Ela está presente através da multiplicidade dos grupos artísticos, oriundos de várias regiões do Brasil, assim como nos formatos de exibição dos projetos, envolvendo circo, teatro e dança.
“A mudança de formato acontece, mas o olhar sobre a diversidade continua. Nesta edição, contaremos com artistas e produções de diversas linguagens e regiões brasileiras. Vamos ter websérie de palhaços, trabalhos imersivos no youtube e também com tecnologia 3D. Teremos trabalhos gravados, outros exigem interação do público de imediato. O que vimos é que a transmissão on-line e por redes amplia o acesso dos públicos em relação ao modelo pré-pandemia, que era sempre presencial. A tecnologia permite um alcance maior das manifestações artísticas, que podem ser acessadas até do exterior”, explica Vicente Pereira Júnior, analista de cultura do Departamento Nacional do Sesc. Para mais informações e programação completa, acesse o site: www.sesc.com.br/palcogiratorio.