“Eu, gorda”: projeto fotográfico desconstrói estereótipos  e exalta beleza de mulheres reais

Para alguns, a fotografia é a melhor forma de contar a história de alguém. E foi justamente essa a linguagem escolhida pela fotógrafa paulista Milena Paulina, de 24 anos, para retratar a vida, a beleza e as vivências de mulheres como ela no projeto Eu, Gorda, que desembarca em Recife, pela primeira vez, na sua turnê de despedida, no dia 10 de novembro. O projeto é, também, um reflexo dos anseios da retratista, que sentia dificuldade de se ver representada em ensaios, na mídia e na publicidade. Para as lentes de Milena já posaram nomes como as youtuber Luiza Junqueira, do canal Tá Querida; a escritora e influencer Alexandra Gurgel, do canal e instagram @alexandrismos e a Top Plus Size, Isabella Trad.

Foto: Milena Paulina

Foto: Milena Paulina

Foi exatamente essa busca por representatividade que fez com que Milena Paulina, pensasse em um trabalho mais amplo que colocasse a mulher gorda no papel de protagonista. Ao desmitificar padrões de beleza, a fotógrafa exalta a beleza da mulher real e os diferentes corpos no “Eu, gorda”. “A maior parte das pessoas não tem ideia de como a representatividade muda a vida das pessoas. Você se sentir representada – de uma forma humana e com muito amor, claro – faz você se sentir ‘normal’, mesmo que o resto das pessoas tente provar o contrário”, afirma Milena.

A ação é destinada a mulheres gordas que se identifiquem com a causa e queiram, além de se conhecer, se permitir, segundo a retratista. “Através da sua própria imagem elas ajudam a construir a representatividade que todos nós buscamos”, diz. A fotógrafa explica que toda mulher gorda pode participar do projeto. Basta entrar em contato por meio da página do Instagram @olhardepaulina, onde todas as imagens são divulgadas.

Foto: Milena Paulina

 

Foto: Milena Paulina

 

Foto: Milena Paulina

 

Foto: Milena Paulina

O projeto reúne coletivos de seis mulheres a cada encontro. Elas fazem uma roda de conversa, passam o dia reunidas e posam para as lentes de Milena. No papo, as integrantes se conhecem, se conectam e ouvem as histórias umas das outras: “Nos conhecemos e partilhamos sentimentos que não partilhamos com outras pessoas”, explica Milena.

Milena esclarece ainda que o Eu, Gorda não é um projeto apenas sobre beleza, mas sobre a visibilidade do corpo gordo. “Ainda temos um preconceito enorme cravado nas pessoas, contra o corpo gordo. Ser gordo ainda é considerado por muitos, algo pior que a morte. Ainda vemos diariamente exemplos – muitas vezes vindo com máscara de piada ou de cuidado com a saúde – de que você pode ser o que quiser menos gordo, pois há a crença de que ‘ninguém gosta de quem é gordo’”, ressalta a fotógrafa. “As pessoas gordas pagam os mesmos impostos, as mesmas taxas, os mesmos juros, e ainda assim, os locais não estão interessados em ouvir o que temos para falar. Como sociedade não deveríamos ouvir a voz principalmente das pessoas que precisam de acessibilidade, ao invés de exclui-las totalmente?”, questiona a fotógrafa.