Nem todo mundo sabe que a cachaça mais cult de Paraty –o berço da bebida no Brasil –é feita por uma mulher, mãe de seis filhas e que só anda descalça. A paratiense Maria Izabel, alma feminina da aguardente que leva seu nome, está presente nas cachaçarias e nas caipirinhas dos bares da cidade histórica.
Ao saber que a Maria Izabel do rótulo existe, muitos visitantes se interessam em conhecer seu alambique, em um sítio à beira-mar, nos arredores da cidade. “Não sou pé frio!”, costuma brincar Maria Izabel justificando o costume de andar sem sapatos, quer chova ou faça sol. Ainda menina, ela conta que atirou longe os sapatos e se sente melhor pisando na terra.
Ao receber os visitantes em sua propriedade, ela se senta num banquinho, entre os barris onde armazena a bebida por no mínimo um ano – “a cachaça precisa respirar”, diz. Depois vai servindo meio dedinho de dose, com um dedo de prosa, em uma degustação didática e bem-humorada.
Aprende-se, por exemplo, que a cachaça branca, guardada em barris de jequitibá, é a melhor para caipirinhas porque o sabor não briga com o sabor da fruta. Já a envelhecida em carvalho, de tom amarelo-ouro, é para ser apreciada pura.
Passear pelo universo das cachaças de Paraty é uma maneira divertida de saber mais sobre a bebida, que se mistura à história da cidade. No alambique da Coqueiro o tour guiado pelos proprietários conta a história da família que produz cachaça desde 1803. A visita leva aos tonéis de envelhecimento, com degustação premium, produção de drinks e de um blend feito pelo próprio visitante.
No Engenho D’Ouro, no bairro da Pedra Branca, pode-se unir o útil ao agradável. O alambique fica perto da cachoeira do Tobogã e do Poço do Tarzan, que fazem parte do roteiro Terra e Mar, da agência Néctar Experience, que trabalha em parceria com a Pousada do Sandi. “Existem várias jornadas dentro do destino Paraty, por isso, nos propomos a oferecer as melhores experiências na cidade”, diz Sandi Adamiu, proprietário e administrador da Pousada, que acaba de lançar o site e app Paratizando, com dicas de Paraty e arredores.
No alambique da Paratiana, um dos mais belos e bem estruturados da região, os visitantes podem conhecer também o Museu da Cachaça, com diversas curiosidades sobre a bebida brasileira. O roteiro abrange ainda um city tour, com degustação de aguardentes de diversos alambiques, em pleno Centro Histórico, onde se concentram excelentes cachaçarias para explorar os sabores de Paraty.
Onde ficar em Paraty
Ampliar o conceito de hospedagem para oferecer uma experiência única em Paraty é a proposta da Pousada do Sandi. Ícone de elegância e hospitalidade na cidade histórica, a primeira pousada de luxo de Paraty, no coração do Centro Histórico, oferece condições especiais para durante o Festival Gastronômico.
O casarão do século XVIII que abriga a Pousada do Sandi já foi a Casa da Moeda, durante o ciclo do ouro, e a primeira escola de Paraty. A construção colonial estava abandonada, em meados dos anos 80, quando o empresário Alexandre Adamiu se apaixonou por sua esposa, Sandra Foz, e pela cidade que ela amava.
Grande empresário do cinema, presidente da Paris Filmes, Alexandre era também um visionário. Conta-se que foi em uma noite alegre, entre amigos, pelos bares da cidade, que ele decidiu arrematar o casarão, que reúne um conjunto de seis casarões, em uma esquina, no coração do Centro Histórico. Depois de uma longa reforma, ele presenteou Sandra com a Pousada do Sandi, perto de 1990. A pousada foi batizada em homenagem ao filho único do casal.
A Pousada do Sandi já nasceu como uma estrela. Alexandre teve ainda a ideia incluir um anúncio da pousada nas fitas VHS distribuídas pela Paris Filmes. Foi um sucesso. A Pousada do Sandi logo se tornou uma referência no imaginário dos brasileiros. Há dez anos, o próprio Sandi e sua mãe, Sandra, assumiram a administração da pousada, conservando a tradição do bem receber e a vontade de inovar e se renovar, sempre.