O mês de setembro é marcado pela campanha de incentivo de um ato de amor ao próximo que pode salvar vidas, a doação de órgãos. Chamado de Setembro Verde, a escolha pelo nono mês do ano se dá pela comemoração do Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado no dia 27. De acordo com o cirurgião Fábio Moura, especialista em transplante hepático, a ação é uma forma de conscientizar e esclarecer sobre o assunto para a população, que ainda tem muitas dúvidas.
Segundo dados recentemente divulgados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), as doações caíram em 13% no primeiro semestre de 2021. A queda se deve à perda de 24,9% na efetivação da doação. A pandemia do novo Coronavírus também foi crucial para essa diminuição, seja pelo risco de transmissão do Covid-19 ou, para os doadores em vida, a dificuldade de realizar o teste PCR, além da demora para obter o resultado do exame.
“A pandemia mexeu com vários setores da saúde pública e as cirurgias para transplantes foram colocadas em segundo plano, pelos diversos riscos pelos quais os pacientes poderiam passar ou pela falta de leitos. O transplante hepático, na minha área de atuação, nacionalmente, teve uma queda de 9%, como foi divulgado pelo Registro Brasileiro de Transplantes. Um grande problema para aqueles que esperavam por um novo fígado e tiveram seus transplantes adiados pelo Covid”, afirmou o cirurgião.
Com o avanço da vacinação em todo o país, a expectativa é que ainda em 2021 os números de doação de órgãos e as cirurgias de transplantes voltem a crescer. “Com a chegada do Setembro Verde é importante que a população desmistifique a doação de órgãos e saiba o quanto é importante salvar vidas. Já estamos realizando algumas cirurgias de transplante hepático no estado e isso é muito importante”.
Fábio Moura ainda explica como é fácil ser um doador e ajudar para que muitas vidas sejam salvas. Segundo o médico, um único doador pode salvar até 10 vidas com o transplante dos seus órgãos. “Se a pessoa tem vontade de ser um doador, o mais importante é cuidar da própria saúde e informar à família desse desejo. Nenhum documento é necessário para que isso aconteça, apenas a permissão dos familiares após a morte”, concluiu.