De olho em uma fatia do mercado, empresas focam lançamentos planejados para esse público.
O interesse pelo investimento em imóveis cresce à medida em que a rentabilidade se torna mais interessante do que outro investimento como a poupança. Mesmo com a alta recente da taxa Selic em 0,75 ponto, para 3,5% ao ano, os juros continuam relativamente baixos, se comparados ao índice de cinco anos atrás, superior aos 14%.
Um levantamento divulgado pela Brain Inteligência Estratégica atesta a confiança e o interesse que o brasileiro tem pelo imóvel como forma de investimento. O levantamento, publicado em março deste ano, com seis mil pessoas com renda acima de R$ 10 mil, revelou que 57% daqueles que ainda não possuem imóveis como investimento, desejam fazer uma aquisição com esse objetivo. Do total de futuros investidores, a maioria visa com imóveis obter rentabilidade por meio de aluguéis (54%), um terço quer ter o imóvel como reserva de valor (32%) e apenas 14% querem comprar para revender.
O contexto econômico brasileiro tem se mostrado favorável à aquisição de imóveis como investimento por conta de fatores como taxas de juros mais baixas, inflação baixa, e preços atrativos. Além disso, como a rentabilidade dos investimentos tradicionais atrelados à Selic caiu, juntamente com a baixa da taxa, os investidores enxergam maior vantagem no mercado imobiliário.
Goiânia é uma das cidades em que esse movimento está fortalecido. Um levantamento, que avalia as condições de negócios para o mercado imobiliário nas cidades brasileiras acima de 100 mil habitantes, realizado pela Urban Systems, no final do ano passado, classificou Goiânia em 6° lugar entre as cidades brasileiras que melhor oferecem condições de se realizar investimentos em imóveis.
O ranking que analisa oito indicadores (entre eles: geração de empregos e renda, demanda por novos domicílios, crescimento das empresas de serviços da área, crescimento dos estabelecimentos comerciais e o crescimento das empresas de construção civil) avaliou que a capital goiana oferece um ambiente com empresas do setor consolidadas, marcada pelo mercado formal de trabalhadores da área imobiliária bem estabelecidos.
Demanda em alta
Foi esse ambiente que atraiu um dos maiores empreendimentos imobiliários do mundo, a famosa marca World Trade Center (WTC) está construindo um prédio na capital goiana. O gestor de produto WTC em Goiás, Marcos Henrique Santos, considera que a procura por imóveis residenciais e comerciais está em alta atualmente em Goiânia. “Com a pandemia, as pessoas passaram a buscar investimentos mais seguros, como forma de proteger seus patrimônios, com isso, a procura por imóveis aumentou e, como está mais difícil lançar um empreendimento, a quantidade de lançamentos diminuiu. Isso torna o investimento em imóveis ainda mais interessante” afirmou.
O gestor lembrou ainda que existem novas formas de se obter retorno de investimentos em imóveis e isso também tem estimulado novos investimentos. “Uma das formas é a oferecida pelas plataformas digitais, como é o caso do Airbnb, que permite a locação do imóvel por diárias. Outra é se tornar dono de quarto de um hotel e receber os lucros que este quarto oferece”, apontou. Marcos Henrique observa que a procura está alta tanto para imóveis residenciais como para imóveis comerciais.
Essa foi a busca da funcionária pública de 56 anos, Selma Maria Nascimento, que adquiriu uma sala comercial no WTC Goiânia, o quarto imóvel de seu patrimônio. Viúva e mãe de dois filhos, ela conta que todas as suas economias estão em imóveis. “Foi uma forma que encontrei de poupar porque, como diz o ditado, dinheiro na mão é vendaval. Eu poderia ter viajado mais, trocado de carro mais vezes, mas não teria hoje essa segurança para mim e meus filhos”, diz.
Empresária do segmento de materiais odontológicos, Cleuzilene Gonçalves, 48 anos, também foi compradora de três unidades no WTC Goiânia, com objetivo de investimento. Casada e com duas filhas, ela conta que reserva sim o dinheiro para se cuidar mas, da mesma forma, separa parte de seu pró-labore para comprar imóveis. “Eu compro na planta e me programo para quitar até a entrega das chaves. Imóveis é palpável, ninguém te tira”, revela suas preferências.
Projetos direcionados
De olho nas oportunidades que o contexto macroeconômico brasileiro proporciona, o gerente comercial Leandro Baptista afirmou que a Brasal Incorporações tem lançado produtos visando o cliente que deseja comprar imóvel como forma de investimento. “Recentemente nós lançamos o Moove Home Brasal, no Setor Bueno, que disponibilizava unidades de apenas um quarto. As 40 unidades oferecidas foram vendidas ainda no pré-lançamento do projeto”. Ele explica que essas unidades, de um quarto, foram concebidas para serem vendidas para investidores. “São unidades que por serem menores alugam muito rápido, principalmente para o público de jovens e solteiros. Essas unidades, são destinadas a investidores porque podem oferecer rentabilidade mensal maior que 0,8%, hoje umas das melhores rentabilidades disponíveis no mercado”, afirmou.
Leandro Baptista considera que o brasileiro ainda é iniciante no ambiente de investimentos em geral e que começa agora a acordar para outras formas de investimentos, já que a tradicional poupança não está rendendo mais. “De uma forma geral, o brasileiro ainda investe pouco e tem por preferências investimentos mais seguros, como é o caso histórico da poupança, que por muitos anos foi onde a maior parte dos valores era aplicado. Ocorre que a poupança não rende mais o que rendia, então os imóveis aparecem como uma forma segura de investimento rentável,” explicou o gerente.
Para gerar renda
O diretor comercial da URBS, uma das maiores imobiliárias da região Centro-Oeste, Edmilson Borges indica a quem queira rentabilidade mensal com aluguéis, que opte por imóveis comerciais ou os imóveis residenciais compactos (de um ou dois quartos). “Isso porque são imóveis mais fáceis de disponibilizar para aluguéis”, afirmou. E aqueles que procuram valorização ao longo prazo têm preferido imóveis de alto padrão (de 3 ou mais suítes) e imóveis em condomínios fechados horizontais. “São imóveis de alta perspectiva de valorização,” afirmou.
Rentabilidade mensal foi a opção do empresário do agronegócio, Matheus Carneiro, de 30 anos. Ele já possuía quatro imóveis para alugar e acaba de adquirir o quinto. Desta vez ele comprou na planta um apartamento de dois quartos no Setor Bueno, em Goiânia. “Eu acabei de ser pai e investir em imóveis é uma forma de comprar ativos e constituir um patrimônio para minha família”, afirmou.