Iniciativa treina desde 2013 duplas para promover integração social e independência de pessoas cegas e deficientes visuais no Estado
A última quinta-feira do mês de abril é reservada para comemorar o Dia do Cão-Guia. E, para celebrar a data, o Kennel Clube do Estado de Pernambuco anuncia a entrega do oitavo cão-guia formado no Estado. O Labrador Retriever Khalil será os olhos do professor José Carlos Amaral da Silva Santos.
“Mesmo com a pandemia, conseguimos estabelecer protocolos para continuar o treinamento com segurança. Demorou um pouco mais do que o tempo de costume, mas o que importa é a felicidade de contar com mais um cão-guia formado no clube e fazendo a diferença na vida das pessoas”, resume Luiz Alexandre Almeida, presidente do Kennel Clube do Estado de Pernambuco. Por conta da pandemia, não haverá uma cerimônia formal de entrega, mas a comemoração está garantida com a continuidade do projeto que já antecipa que, ainda em 2021, outro cão será entregue.
Segundo dados do IBGE, o Brasil tem 500 mil cidadãos cegos e pelo menos 5,5 milhões de deficientes visuais. Entre as alternativas de integração social e acessibilidade, a sinalização de pisos, ambientes, placas em braile e cães-guias são as principais ferramentas.
Há uma média de 160 cães-guia treinados e trabalhando no Brasil. O número, nitidamente, não cobre a demanda e o motivo é aparente: existem poucos centros de treinamento no país, o que aumenta a dificuldade em conseguir um animal, além de subir o valor do treinamento necessário.
Iniciativas como a Escola de Formação de Cão-Guia de Cegos do Kennel Club do Estado de Pernambuco vão na contramão para levar acessibilidade de forma voluntária e gratuita à sociedade. A Escola de Cão-Guia de Cegos foi criada em 2010 e já em 2013 comemorou a entrega do primeiro cão-guia formado pelo Kennel Club.
O projeto é uma iniciativa sem fins lucrativos. “Temos a intenção de ampliar este projeto e preparar mais cães-guias, mas para isso precisamos de um maior suporte financeiro. Atualmente, temos uma lista de espera de 10 pessoas”, conta Luiz Alexandre. Em média, temos capacidade de fazer duas entregas por ano e a ação de preparo envolve o esforço de muita gente. “Num primeiro momento, esses cães são socializados e para isso, contamos com o apoio de famílias, que o acolhem voluntariamente e ensinam esse animal a viver com humanos até atingirem a idade para o treinamento técnico. Tudo com suporte do Kennel Club ”, explica Luiz.
Para realizar este projeto, o Kennel Club foi adaptado. “Construímos todas as unidades necessárias para o treinamento, como alojamentos para receber o contemplado durante parte do treinamento” e, posteriormente, com apoio da CBKC, um espaço com ruas, calçadas e sinais de trânsito para simular situações do deslocamento do dia a dia para o cão e o deficiente, explica Luiz Alexandre Almeida.