Saxofonista lança nesta quinta (15) seu disco de estreia em parceria com o selo recifense Boa Vista Jazz Records

O instrumentista e arranjador pernambucano, Henrique Albino, é desses “pontos fora da curva” que costumam surgir no mundo da arte de tempos em tempos: músico de sólida formação, com vasto domínio do material musical, portador de uma artisticidade vanguardista e dedicada à busca incessante pelo inconvencional. Com uma mente fervilhando de ideias, Albino apresenta nesta quinta (15), o seu disco de estreia com temas que articulam as raízes musicais pernambucanas à liberdade expressiva do jazz, bem como à complexidade da rítmica polimétrica e às possibilidades melódico-harmônicas da música Pós-Tonal. 

O resultado é uma obra arrojada, mas não hermética ou acadêmica. Um disco que coaduna conflitos métricos, frases atonais, motes seriais e sonoplastias a melodias encantadoras que desvelam paisagens etéreas e improvisos incendiários plenos de risco, individualidade e senso de grupo. Tudo isto, por sinal, sem comprometer qualquer traço da identidade nordestina. Daí que a música é “tronxa”, com “x”, no melhor “pernambuquês”, como revelam “Apofenia”, tema de abertura que faz menção às batidas do maracatu rural da Zona da Mata do estado; as intervenções sonoras de matriz indígena em “Claranã”; ou “Salto Quântico”, faixa na qual podemos vislumbrar o frevo voltando-se para o amanhã.

Acompanhando Albino, um time de jovens e brilhantes músicos que incorporaram suas ideias e musicalidade ao ponto de formarem não um combo, e sim um organismo. No acordeão, o virtuoso, moderno e peculiar, Felipe Costta. No baixo elétrico, Filipe de Lima, o chão firme num espaço sonoro transmutável. E na bateria, o multidirecional, técnico e criativo, Silva Barros.

Gravado nos dias 13 e 14 de janeiro deste ano no Fábrica Estúdios, a música foi registrada sob o calor do “aqui, agora” inerente à captação ao vivo, formato apropriado às linguagens da música improvisada. O design é de Lucas Emanuel da agência CCQ, a foto da capa, de Felipe Schuler e as imagens da sessão de gravação, de Eládio Ferreira. Uma produção do selo Boa Vista Jazz Records viabilizada pelos recursos da Lei Aldir Blanc de Pernambuco.

Ao fim e ao cabo, só nos resta dizer que “Música Tronxa” é um disco atemporal e urgente, vértice de linguagens musicais diversas e cheio de uma densa e rara substância artística.

SERVIÇO:

Henrique Albino Quarteto – Música Tronxa (2021, Boa Vista Jazz Records)

Lançamento: dia 15/04/2021 nas plataformas de streaming e no Bandcamp do selo

Link de pre-save: tratore.ffm.to/musicatronxa

Link de pré-estreia para a imprensa: https://bit.ly/322eeXO