Sonhos Roubados mescla frevo, alegria e respeito às normas sanitárias
Os cantores e compositores Bia Villa-Chan e Luiz Caldas lançam nesta quinta-feira o clipe do single “Sonhos roubados”. A música, composta e gravada durante a pandemia, aborda as dificuldades do período e a força da esperança. Destaques dos carnavais pernambucano e baiano, os artistas desafiam os tempos difíceis e armam um inovador carnaval vertical no quase centenário Hotel Central.
Composta por Bia e Edinho Queirós, a música propõe uma fantasia – “Vamos fazer de conta que está tudo bem/ Vamos esquecer os sonhos roubados/ Lembrar de como é belo ver o amanhã florir”. Inspirada pelo isolamento social responsável por interromper as aglomerações e os planos das festas de rua, a canção busca renovar a alegria dos foliões em torno da música e do contagiante som do frevo.
Entusiasta da harmonização e do fim da rivalidade entre a produção musical dos estados vizinhos, Bia empunha a guitarra baiana com seu nome, um presente de Armandinho Macêdo com o qual se apresentou no circuito Barra-Ondina no carnaval 2020. Com o filho do lendário Osmar Macêdo, um dos inventores do trio elétrico, ela já lançou duas músicas: uma regravação de “Vida Boa”, clássico dos anos 1980, e a inédita “Morena Jambê”.
Enfrentar os desafios com leveza e extrair deles força e energia para novos projetos é um tema caro na vida e nas músicas de Bia. Dentista, ela cursava doutorado na área quando um câncer de tireoide a fez repensar algumas decisões pessoais e profissionais. Após o tratamento, em 2017, ela decidiu dar vazão aos próprios sonhos e se dedicar integralmente à carreira artística, lapidada desde os 6 anos, quando começou a tocar bandolim, incentivada pelo avô, um dos criadores do Pirilampos de Tejipió (citado na clássica canção Valores do passado, de Edgar Morais).
Uma rota trilhada pelo sonho de fazer da música companhia e destino, prazer e realização. A perseverança, a destreza ao bandolim, a voz potente e o domínio de vários instrumentos – como piano, violão, contrabaixo, bateria, clarinete e sax – fazem com que, em poucos anos, ela já tenha arrancado elogios do público e da crítica, além do apoio de artistas consagrados, como Alceu Valença, com quem revisitou “Pirata José”, os já mencionados Luiz e Armandinho e Maciel Melo, parceiro em “O Jeito de Lá de Casa”, lançada no São João.
Mulher e instrumentista, Bia Villa-Chan também faz do próprio caminho um gesto de incentivo à atuação artística feminina no virtuosismo e na seara da música de tradição regional, elementos com poder de criar identidade cultural e ainda associados, majoritariamente, a protagonistas masculinos. Não raro, a cantora sobe ao palco vestida com roupas onde está inscrita a mensagem “Toque como uma mulher”, expressão combativa ao machismo e estímulo à inserção musical das mulheres.