Cadeirante Rodrigo Siqueira e cego Diego Teixeira estrearão na regata neste ano
A Regata Recife-Fernando de Noronha (Refeno) é, antes de uma competição, um grande evento de inclusão, convivência, solidariedade e de grandes exemplos. A cada ano uma nova lição é aprendida e histórias de superação são contadas. Como a do cadeirante Rodrigo Siqueira e do cego Diego Teixeira, estreantes na Refeno, que tem como foco neste ano a acessibilidade.
O médico Rodrigo Siqueira, de 35 anos, será o primeiro cadeirante a participar da Refeno. A bordo do Toro, o velejador está pronto para ter um dos maiores desafios da sua vida. “Será uma grande aventura e uma experiência para levar sempre comigo. Tenho certeza disso. Mas acho que a palavra que melhor resume é desafio mesmo. Um grande desafio”, resumiu.
Como a participação foi confirmada de última hora, a adaptação dos tripulantes e de Rodrigo ao barco será durante a Refeno. Porém, como estará rodeado de amigos, não há preocupação para a regata e ele está pronto para ajudar o Toro durante as 292 milhas náuticas, o equivalente a 545 quilômetros, do Recife até Fernando de Noronha.
“Na verdade, não nos preparamos de fato. Mas, sempre digo que onde tem amigo, tem acessibilidade. O barco é um catamarã plano e bem confortável. Além disso, me considero ágil e com bastante força no braço para suprir as pernas. Acredito que não teremos problema algum”, garantiu.
Para Diego Teixeira, a deficiência visual nunca o impediu de realizar os sonhos. Há quase oito anos morando no Recife, o paulista queria velejar e disputar competições. No Cabanga, ele encontrou tudo o que precisava para iniciar na modalidade. Passou a aprender e a treinar para tornar-se um velejador. Conseguiu, mas este não era o único desejo. Participar de torneios já era uma realização. Faltava disputar uma travessia oceânica e a oportunidade surgiu na 30ª Regata Recife-Fernando de Noronha, com partida marcada para o dia 29 de setembro, ao meio-dia, do Marco Zero.
Na embarcação Avatar, Diego Teixeira fará o percurso de 292 milhas náuticas, o equivalente a 545 quilômetros até o Mirante do Boldró, em Fernando de Noronha. E o velejador segue na preparação para o desafio, mas o mais difícil até agora está sendo controlar a ansiedade.
“Será a minha primeira regata oceânica, de longa duração e estou muito ansioso. A Refeno é importante para qualquer velejador. Estou um pouco apreensivo também para saber minha reação. Mas também com muita expectativa. Só tenho a agradecer a todo mundo que me deu esse apoio e espero ver todos lá em Noronha quando chegar para comemorar comigo mais essa conquista”, disse.
Mesmo com pouco tempo na modalidade, Diego Teixeira já possui diversas experiências na vela. Os 2% de visão e enxergando apenas luzes fortes e vultos já não são mais um empecilho no esporte. Ele é apaixonado por barcos de oceano e disputa competições da classe Day Sailer, superando as dificuldades que teve no início em entender os movimentos do barco e a quantidade de detalhes para assimilar dentro de uma embarcação.