O Outubro Rosa é uma campanha mundial que utiliza o mês de outubro para alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, tendo diversas atividades para encorajar mulheres a realizarem seus exames. Nos estágios iniciais a doença é assintomática e por isso deve haver o incentivo à identificação precoce.


A incidência de câncer de mama em mulheres em idade reprodutiva vem aumentando ao longo dos anos, mas com os avanços nos tratamentos, a taxa de sobrevida em 5 anos é acima de 85%. Diante disso, a manutenção da qualidade de vida dessas mulheres após o término do tratamento oncológico tem sido um foco entre os especialistas.


Ao mesmo tempo, com o engajamento crescente da mulher na vida profissional e seu maior empoderamento e autonomia, nos dias atuais é extremamente comum o adiamento da maternidade.


De acordo com a médica especialista em Reprodução Humana, Adriana Griz, a  combinação destes cenários leva a um grande número de mulheres que ainda não constituíram sua família recebendo um diagnóstico de câncer de mama, o que, na maioria das vezes, irá envolver tratamentos que ameaçarão sua fertilidade. “Nestes casos, é de extrema importância o encaminhamento para um especialista em reprodução assistida, para que seja avaliado o risco de infertilidade com o tratamento oncológico e sejam oferecidas técnicas de preservação da fertilidade como congelamento de óvulos, embriões ou tecido ovariano, de acordo com cada caso”, explica.


Outro ponto importante a ser conversado é que, para as pacientes com mutação genética identificada, é possível a pesquisa genética no embrião através da fertilização in vitro com teste genético pré-implantacional.

“Existe uma grande preocupação com as repercussões da ocorrência de gravidez após o tratamento do câncer de mama, mas não há estudos que embasem esse receio. Ao contrário, os estudos evidenciam que a gestação não influencia na chance de recorrência do tumor e nem na taxa de mortalidade”, enfatiza Dra. Adriana.


Outra preocupação frequente está relacionada com o uso de hormônios durante os tratamentos de fertilização in vitro em mulheres com câncer de mama positivo para receptores hormonais e com a possibilidade de atraso no início do tratamento oncológico.

Entretanto, existem protocolos rápidos e seguros já bem estabelecidos que são direcionados para pacientes com esses tumores, tornando extremamente factível a realização de técnicas de preservação da fertilidade nesses casos, sem atraso no tratamento do câncer e sem modificação do prognóstico com relação à chance de recidiva e à taxa de sobrevida.


A mulher que ainda não concluiu seu planejamento familiar e irá submeter-se a um tratamento oncológico merece ser alertada sobre as possibilidades de impacto na sua fertilidade e a ela serem oferecidas opções de redução desse impacto, estando indicada uma avaliação com um especialista em reprodução assistida. Ao mesmo tempo, conversar sobre ter filhos com essas mulheres fortalece a ideia de que o mastologista e o oncologista acreditam na sua cura.