Arissana Pataxó e Domitila de Paulo foram escolhidas para trazerem um novo olhar ao Festival
O CURA resiste como um respiro e busca se abrir para novos olhares que apontam para novos caminhos.
“Acreditar que há saída é fundamental para a nossa sobrevivência. Para nós essa saída vem das mulheres, da sabedoria dos povos indígenas, verdadeiros nativos dessa terra, dos povos afro-brasileiros, dos quilombos e das comunidades periféricas. Essa saída passa por uma busca às origens, às nossas origens. E a saída é coletiva. Sempre”, dizem em conjunto as idealizadoras e curadoras Juliana Flores, Janaína Macruz e Priscila Amoni.
“A pandemia nos trouxe o luto. O luto pelas vidas perdidas, pelos empregos perdidos, o luto por uma vida de encontros que não existe mais. Mas temos que seguir e encontrar a energia para transformar o luto em verbo”, completam.
Esta edição do festival, que acontece em setembro, começou a ser trabalhado no ano passado. Foi nesse período que convidaram duas mulheres inspiradoras para criarem juntas a edição 2020 do Cura. Antes da inimaginável situação atual, as artistas Arissana Pataxó e Domitila de Paulo contribuem para uma jornada de crescimento, conexões e novas perspectivas.
E é esse festival, gestado por 5 mulheres, que sofreu mudanças inevitáveis devido às perdas também coletivas que acontece daqui um mês.
ARISSANA PATAXÓ
Artista Visual e professora. Seu campo de atuação transita entre o trabalho artístico em que utiliza de diversas técnicas e suportes, tendo como referência para a sua produção as suas vivências junto ao seu povo e a outros povos indígenas. Como professora, atua na educação básica e desenvolve atividades com formação de professores indígenas. Possui graduação em artes plásticas e mestrado em estudos étnicos e africanos pela Universidade Federal da Bahia.
DOMITILA DE PAULO
Domitila de Paulo é colagista analógica e artista visual em multilinguagens. Sua trajetória cruza a arte, o design e a moda. A belo-horizontina desenvolve colagens manuais e seu processo inicia-se na investigação de imagens raras em antigas publicações. A partir do acervo garimpado, coleta imagens para mixar elementos diversos e criar, por meio da Semiótica, a sua narrativa visual e simbólica. A artista traz consigo a percepção de memória e identidade e suas artes foram capa de disco como “Goela Abaixo”, de Liniker e os Caramelows, “Outra Esfera”, de Tássia Reis, e do livro “Massembas de Ialodês: vozes femininas em roda”, da coletânea Sambas Escritos. Mensalmente, ela ilustra com suas colagens a coluna Caixa Preta da revista Glamour e compõe o time de curadoras do CURA 2020.
2020 tem CURA!
E a convocatória para pintura de uma das fachadas receberá inscrições até início de setembro
O maior festival de arte pública de Minas Gerais, o CURA, volta a ser realizado em setembro deste ano, entregando quatro novas pinturas em prédios no hipercentro de Belo Horizonte, todas visíveis da rua Sapucaí, bairro Floresta. Serão entregues, também, duas grandes instalações de arte pública nas imediações do centro da cidade.
Devido à pandemia, nesta quinta edição não haverá festas ou aglomerações. Toda a programação aberta ao público será virtual, como debates, oficinas, aulões, de forma gratuita e acessível. Uma programação diversa, que discute a atualidade e traz nomes em destaque no cenário nacional.
Neste ano, o festival convida duas artistas para compor a comissão curadora: Arissana Pataxó, de Coroa Vermelha – Cabrália, e Domitila de Paula, de BH.
Elas, juntamente com as criadoras do festival – Janaína Macruz, Juliana Flores e Priscila Amoni, fizeram a curadoria de quatro artistas que pintarão as empenas, bem como de duas intervenções urbanas pela cidade além de toda a programação on-line.
Outra novidade da edição 2020 é o lançamento da Galeria de Arte Virtual do CURA, que coloca à venda obras de arte de cerca de 60 artistas nacionais, também selecionados por essa comissão.
“O festival defende a resistência em tempos de aculturação e decide por uma curadoria que se aprofunda em um Brasil que é não somente urbano. É urgente ouvir as vozes que apontam caminhos outros. Estamos pela vida!”, diz Priscila Amoni, uma das curadoras.
O Circuito Urbano de Artes completa sua quinta edição e, com esta, serão 18 obras de arte em fachadas e empenas, sendo 14 na região do hipercentro da capital mineira e quatro na região da Lagoinha, formando, assim, a maior coleção de arte mural em grande escala já feita por um único festival brasileiro. O CURA também presenteou BH com o primeiro e, até então, único Mirante de Arte Urbana do mundo. Todas as pinturas podem ser contempladas da Rua Sapucaí.
Como destaque desta edição, foi aberta a tão esperada “Convocatória CURA”, uma seleção pública em que artistas de todo o Brasil poderão concorrer ao sonho de pintar uma fachada cega de um edifício no centro de BH. As inscrições poderão ser feitas pelo site do festival [www.cura.art ] de 12 de agosto a 2 de setembro de 2020.