Análise do Consumo Alimentar no Brasil aponta que os homens ingerem mais calorias, enquanto os idosos têm consumo energético mais reduzido. Nutrólogo e especialista em medicina preventiva, Humberto Arruda, aponta fatores que colaboram para as práticas alimentares
Os brasileiros estão se alimentando cada vez pior com o passar dos anos. A Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, feita pela primeira vez pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em domicílios visitados na última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009), mostra que, apesar do arroz e feijão serem predominantes na dieta, houve um aumento de ingestão de fast food, além de excesso no consumo de sal e açúcar. “Podemos observar com os dados que os brasileiros combinam o trivial com alimentação de alto índice calórico e baixo teor nutritivo. A famosa dupla de arroz e feijão continua predominante, mas o consumo de frutas, legumes e verduras tem deixado a desejar. Uma má alimentação pode desencadear várias doenças e aponta uma tendência crescente para a obesidade, cardiopatias (enfarto), tremores generalizados, entre outras. É preciso estar atento à saúde, levando em consideração a escolha dos alimentos que vão ao prato. E destaco que a facilidade do rápido preparo do alimento industrial tem colaborado para a inadequação alimentar”, explica o nutrólogo e especialista em medicina preventiva, Humberto Arruda.
Segundo a pesquisa, o alimento mais ingerido é o café, figurando o topo da lista da média de consumo diário per capita de itens avaliados. Em média, cada pessoa bebe entre quatro e cinco cafezinhos por dia. O feijão é o segundo, com consumo diário médio equivalente a cinco conchas. Os brasileiros consomem um pouco menos de arroz (uma concha e meia), mas recorrem ao alimento com maior frequência em relação ao feijão. O brasileiro também come, em média, mais carne que pão: pouco mais de 63 gramas diários de carne bovina em relação a 53 gramas de pão de sal, o equivalente a um pão francês. Frango e outras aves são frequentes na mesa de 27% das pessoas avaliadas. Em relação aos acompanhamentos no prato, só um entre dez brasileiros come os 400 gramas diários recomendados pelo Ministério da Saúde de frutas, verduras e legumes, fontes de fibras, registrando apenas 16% terem comido salada crua.
Ainda de acordo com o levantamento, o consumo calórico diário médio do brasileiro é de 2.044 kcal. Os homens ingerem mais calorias, enquanto os idosos têm consumo energético mais reduzido em ambos os sexos. Já as mulheres comem mais verduras, legumes e frutas do que os homens, de acordo com o recorte por sexo da pesquisa. Pouco mais de 40% come pelo menos uma vez no dia fora de casa, mas essa fonte de alimentação representa, em média, 16,2% do consumo energético total diário do indivíduo.
“Também precisamos ficar atentos à alimentação dos nossos filhos. A pesquisa mostra que os mais jovens tem consumido bastante os alimentos ultraprocessados, como os salgadinhos chips, salsicha e refrigerantes. São produtos sem valor nutricional nenhum, não são alimentos e contém substâncias danosas para a saúde. Um dos relatos mais frequentes durante o período de distanciamento social foi o ganho de peso. Para muitas pessoas, a alimentação se tornou uma forma de distração ou até mesmo de lidar com a ansiedade. É por isso que reforço que uma alimentação saudável e os cuidados com o organismo, assim como a musculatura em dia evitam problemas relacionados à saúde”, explica Humberto.