Terroirs do Brasil serão avaliados por júri de degustadores de chocolates

Com a queda nas vendas de cacau gerada pela pandemia, cacauicultores do Brasil têm na produção do cacau especial uma forma de diferenciação e superação da crise. Em sua segunda edição, o Concurso Nacional de Cacau Especial busca fortalecer a cacauicultura brasileira, valorizando e reconhecendo produtores que fazem um trabalho diferenciado, bem como incentivar a sustentabilidade em todo o processo produtivo. “Estamos escrevendo uma nova história, reorganizando o setor e mudando o foco da produção de cacau no País. O produtor tem entendido que ele não precisa produzir apenas cacau commodity. O Brasil precisa virar essa página e passar a ser reconhecido também como produtor de cacau especial e fino”, destaca Cristiano Villela, diretor científico do Centro de Inovação de Cacau (CIC) e presidente do Comitê Nacional de Qualidade de Cacau Especial.

Neste ano, 63 produtores de três estados brasileiros se inscreveram para concorrer aos prêmios, que serão divididos em três categorias: blend, varietal e experimental. Na categoria blend concorrem lotes de cacau onde não há seleção genética dos materiais durante o beneficiamento das amêndoas. Já na varietal, disputam as amêndoas de uma única variedade genética, normalmente responsáveis por preservar uma identidade marcante nos chocolates, por conta da homogeneidade dos lotes. Novidade nesta segunda edição do concurso é a categoria experimental, que vai premiar o cacau obtido de processos de pós-colheita diferenciados, como por exemplo métodos de fermentação inovadores.

A avaliação se dará em três etapas. A primeira fase da seleção foi através de análises físico-químicas de cada lote inscrito. Deste total, 27 lotes foram selecionados para a segunda etapa, que é realizada através da análise sensorial do cacau processado em líquor para avaliação do comitê técnico formado por especialistas da área. Por fim, na terceira e última etapa, um júri de convidados especiais composto por 15 profissionais de diferentes áreas de atuação, incluindo chefs, jornalistas, chocolate makers e pesquisadores irão avaliar os chocolates elaborados a partir dos líquors. Entre os membros do júri estão o chef confeiteiro Lucas Corazza, a chocolatier Luciana Lobo e o gerente de Marketing de Produtos da Cacau Show Lucas Cirilo.

Premiação

Os vencedores serão anunciados no dia 31 de agosto em uma transmissão ao vivo no canal do Centro de Inovação do Cacau no YouTube. Serão premiados os produtores de cacau que receberem as melhores notas nas etapas classificatórias e alcançarem a média nos critérios de sustentabilidade. Os ganhadores receberão certificado e prêmios em dinheiro.

Depois de levar dois prêmios com lotes na categoria blend da primeira edição do Concurso Nacional de Cacau Especial, o produtor de cacau amazônico Elton Gutzeit foi finalista na seleção de melhor cacau do mundo durante o Salon du Chocolat de Paris 2019. “Até o fim do ano passado, tínhamos demanda de 10 toneladas para a Bonnat chocolates, na França, outras cinco toneladas para a Harper Macaw Chocolate, dos Estados Unidos, e diversas amostras enviadas para chocolatiers do mundo todo”, celebra Gutzeit, cuja propriedade no estado do Pará está prestes a receber investimentos para expansão em 200 hectares e modernização de estrutura. 

Diretor da moageira Barry Callebaut, o italiano Corrado Meotti acredita no enorme potencial dos cacauicultores do Brasil. “Um país que tem genética, biodiversidade e tecnologia avançada para cacau. Somos compradores do cacau de qualidade desde sempre e também incentivamos, desde o início, o crescimento da economia sustentável da cacauicultura brasileira”, destaca.

O II Concurso Nacional de Cacau Especial é uma iniciativa conjunta da cadeia de cacau, apoiada pela Barry Callebaut, Cargill, Dengo, FAEB/SENAR, Harald, Mondelez, Gencau (Theo) e executado pelo CIC em parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC).