A tensão e o descontrole aos quais estamos submetidos – há anos – passam uma sensação de falta de ar. No ano passado, o Scalene traduziu tal sufocamento em música e deu o nome de “Respiro” ao disco lançado na ocasião. É bastante sintomático que, em 2020, o planeta Terra tenha sido parado justamente por conta de um novo vírus que ataca as vias aéreas do ser humano. Nunca foi tão importante pensar em respiração, seja o ato motor ou aquele que diz respeito ao controle da ansiedade. Com a turnê e agenda de shows adiados devido à pandemia, os integrantes da banda (cada um de um lugar) criaram um EP que funciona como uma extensão de Respiro. Intitulado “Fôlego”, o trabalho de cinco faixas inéditas acaba de chegar nos aplicativos de streaming – ouça aqui – e é um lançamento do slap, selo da Som Livre.
“Por mais que não estivesse previsto e seja fruto do período de distanciamento social, sinto que Fôlego é uma continuação bastante natural do Respiro”, pensa o vocalista Gustavo Bertoni, que forma o grupo ao lado de Tomás Bertoni, Lucas Furtado e Philipe “Makako” Nogueira. “É também uma despedida dessa fase em que exploramos um som mais calmo. É um reflexo do momento em que a gente está vivendo, tanto na forma como ele foi produzido – à distância – quanto nos temas das letras”, define.
Primeira música a ter surgido no período de quarentena, “Caburé” abre “Fôlego” com um ritmo calmo que convida para um processo de absorção de tudo o que estamos vivendo. Tira a lupa do microcosmo de cada um para buscar uma reflexão macro do que somos (ou podemos ser). “Eu sei que há mais, há de haver mais“, diz o refrão. Em seguida, “Passageiro” cria perspectivas diversas para o que rege as vontades e escolhas de cada um. Querer mudar, afinal, é legítimo ou apenas uma projeção?
Pergunta esta que desencadeia na terceira faixa de Fôlego, “Caleidoscópio“. “Tem uma vigilância moral que nos afasta de enxergar o outro com empatia. Mesmo na busca por uma melhora, todos encontram limitações no caminho“, resume Gustavo. O momento de pandemia não anula outros assuntos urgentes e que devem ser amplificados. “Espelho” surge, então, como uma forma de não ser omisso e com o compromisso de levar aos fãs uma (auto)reflexão sobre a estrutura racista da qual fazemos parte.
Produzido por Diego Marx, também à distância, Fôlego encerra com “Estar a Ver o Mar“, única faixa criada antes da quarentena. Se em “Passageiro” a banda fala sobre navegar um mar imenso e um horizonte que não tem fim, aqui a ideia é a de contemplação do mesmo. “É sobre a sensação de observar o que está acontecendo no entorno. Quando você se enxerga como parte desse algo maior, também entende que não é possível ter controle sobre o todo”, finaliza Gustavo.
As faixas do EP também ganharam um lyric vídeo cada, disponibilizados no canal da banda no YouTube – assista aqui. A arte de capa do EP é assinada por Alice Quaresma.
EP “Fôlego” – Scalene
Lançamento slap/Som Livre – 18 de junho/2020
Tracklist e a ficha técnica:
1. Caburé
2. Passageiro
3. Caleidoscópio
4. Espelho
5. Estar a Ver o Mar
PRODUÇÃO: DIEGO MARX
MIXAGEM E MASTERIZAÇÃO: RICARDO PONTE
Caburé:
Violão e Voz: Gustavo Bertoni
Guitarra: Tomas Bertoni
Sintetizadores: Diego Marx, Lucas Furtado
Flauta: Beto Mejia
Backing Vocal: Philipe Conde
Piano elétrico: Gustavo Bertoni
Passageiro:
Voz: Gustavo Bertoni
Guitarra: Gustavo Bertoni e Tomas Bertoni
Sintetizadores: Diego Marx, Lucas Furtado, Gustavo Bertoni
Bateria: Diego Marx, Gustavo Bertoni
Baixo: Lucas Furtado
Caleidoscópio:
Voz: Gustavo Bertoni
Backing Vocal: Philipe Conde
Violão: Gustavo Bertoni
Guitarra: Tomas Bertoni
Baixo: Lucas Furtado
Sintetizadores: Lucas Furtado, Gustavo Bertoni
Backing Vocal: Brenda Mayer
Viola: Felipe Pacheco Ventura
Violino: Felipe Pacheco Ventura
Arranjo de cordas: Edu Canavezes
Espelho:
Violão e Voz: Gustavo Bertoni
Guitarra: Tomas Bertoni
Baixo: Lucas Furtado
Percussão/Bateria eletrônica: Diego Marx
Estar a Ver o Mar:
Voz: Gustavo Bertoni
Piano: Gustavo Bertoni
Guitarra: Tomas Bertoni
Sintetizadores: Diego Marx, Lucas Furtado
Viola: Felipe Pacheco Ventura
Violino: Felipe Pacheco Ventura
Arranjo de cordas: Edu Canavezes
Sobre o slap
O slap faz parte da vida de quem busca novas experiências musicais e orgulha-se de, desde 2007, fomentar a cena indie e abrir as portas do mercado para novos artistas. Sua missão é potencializar e empoderar a cena musical independente do país, incentivando o midstream e fazendo com que novos sons, originais e arrojados, cheguem a cada vez mais pessoas. O slap carrega em sua história grandes lançamentos de nomes como Maria Gadú e Silva. Seus representantes têm todos a autenticidade como característica, e entre eles estão Ana Vilela, Céu, Luthuly, Marcelo Jeneci, Maria Gadú, Scalene e Silva.