Com música e poesia, poetas do asfalto e da tradição popular, oficina e mesa de glosa, o Festival reuniu um grandioso público de sexta até ontem, para celebrar Miró e a vocação do Recife para letra, voz e verso
Terminou, na noite de ontem, com poesia, música e um grandioso público, a 16ª edição do Festival Recifense de Literatura – A Letra e a Voz, que convidou os recifenses a discutir, durante todo o fim de semana, sobre paisagens que habitam livros e a celebrar a poesia urbana de Miró e de muitas outras gerações.
Realizado pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, com apoio da Academia Pernambucana de Letras e da Universidade Católica de Pernambuco, o Festival contou com debates, oficinas, muitas declamações, apresentações musicais e uma mesa de glosa de tirar o fôlego, comungando em letra, voz e verso o Recife, São José do Egito e todas as gerações e escolas de poeta, do interior ao asfalto.
“Missão cumprida, podemos dizer com muita alegria. O povo gosta de livro. Ele pode mudar de forma, de plataforma, mas nunca acaba. Leitura é sempre leitura, mesmo quando dita. E poeta nenhum é da rua. Ele é a rua, o Recife inteiro”, celebrou a secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, abrindo a programação do último dia de Festival, que celebrou novas gerações de poetas, com a presença de Luna Vitrolina, Bell Puã, Clécio Rimas e do pianista Amaro Freitas, além do homenageado, Miró.
“Foi uma alegria tão grande. Nunca vou esquecer esses dias. Ser homenageado em vida é um privilégio tão grande. Obrigada, Recife”, repetia um Miró sorridente e emocionado.
O público, sempre numeroso, era formado por gente de todas as idades. “Trouxe meu filho de 5 anos. Estimular o contato com os livros é fundamental. A literatura é uma forma de enxergar outro mundo, alcançar outras possibilidades, muito além do que somos capazes de viver”, disse Cícera Fernandes, 35 anos, com o pequeno e maravilhado Artur.
“Esse mundo tem que ter leitores. Hoje em dia as pessoas têm preguiça de ler. Isso não é bom. Uma casa sem livro é uma casa vazia. Uma cidade precisa celebrar seus autores. Isso é fundamental”, disse Davi Vasconcelos, 75 anos, funcionário da Universidade Católica, 75 anos, que levou dez livros para a concorrida troca afetiva de títulos, uma das muitas sementes plantadas pelo 16º Festival A Letra e a Voz no solo fértil do Recife.