Nesta segunda-feira, 19 de maio, às 19h30, o Canal Brasil exibe entrevista inédita de Othon Bastos para o Cinejornal, apresentado por Simone Zuccolotto. O ator de 91 anos retorna aos palcos para celebrar momentos de sua vida e os mais de 70 anos de carreira com a peça “Não Me Entrego, Não!”, com temporadas ao redor do Brasil.

Apesar de apresentar partes biográficas, o monólogo, que recebeu o nome em homenagem a icônica frase de Corisco, personagem de Othon em “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, não é uma biografia, conforme explica o ator: “Eu não estou fazendo uma biografia no palco, eu falo de momentos que aconteceram comigo, da minha vida e o que eu acho que deveria ser dito. Não estou ali pra me exibir, com ego. Eu não vivo de passado, o que eu fiz, eu fiz e a história só está aí para mostrar.”.

Othon Bastos como Corisco no longa-metragem “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, lançado em 1964. Créditos: Divulgação

O Cinejornal também relembra a trajetória de Othon Bastos e a variedade de personagens em filmes marcantes do cinema brasileiro como “São Bernardo”, de Leon Hirszman, e “Os Deuses e os Mortos”, de Ruy Guerra, sempre com tramas diferentes. Ele conta que o acaso teve grande parte nos projetos que realizava e, quando pensa no passado, se surpreende com a quantidade de filmes que já fez. “Eu nunca queria me repetir em nada que fazia, eu acho que se você faz uma coisa bem feita, você guarda isso. O acaso foi a coisa mais importante da minha vida, eu fiz tudo por acaso. Eu era amigo do Glauber Rocha e um dia ele apareceu andando na rua, procurando de porta em porta, porque o rapaz que ia fazer o papel do Corisco já estava comprometido com outro filme. Eu acho que ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’ é uma experiência cinematográfica e ele aceitou fazer essa experiência cinematográfica comigo”

Muitos trabalhos do ator foram produzidos durante a ditadura militar no Brasil, época em que a arte e o cinema no país sofriam constante repressão. Othon contou um pouco dos desafios de trabalhar como artista e continuar se entregando em tempos como aquele. “Era um abuso, você tinha que lutar contra isso mesmo. Eram grandes filmes, pessoas trabalhando louca e desesperadamente com toda a repressão em cima, com a censura, mas a gente lutava e trabalhava, tinha a nossa entrega”.

A peça de Othon Bastos marca a volta do ator para o teatro e causa grande impacto no público por sua idade e energia ao apresentar o primeiro monólogo da carreira. O ator afirmou que estava com saudades de estar nos palcos e foi praticamente um reencontro espiritual. “Eu vinha fazendo só cinema e televisão, deixando o teatro um pouco pra trás. Um dia parece que eu ouvi uma voz me dizendo: ‘está se esquecendo de mim?’. Realmente foi uma surpresa muito grande o resultado dessa peça. Não é só a minha vida, é a história do Brasil que tá nesse monólogo. Eu vejo as pessoas, quando vêm falar comigo, que gera uma emoção e um impacto tão grande… Cada pessoa que vê a peça, ela vê por um ângulo, o que estimula as pessoas a continuarem”.

Cinejornal Othon Bastos

Horário: Segunda, dia 19/05, às 19h30

Apresentação: Simone Zuccolotto

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