Foto: Alonso Laporte
A Missa do Vaqueiro, realizada anualmente em Serrita, no Sertão de Pernambuco — a cerca de 540 km do Recife —, é uma das maiores expressões de fé e cultura do Nordeste. Em 2025, a celebração religiosa chega à sua 55ª edição, marcada para 27 de julho. Este evento, que une religiosidade, música e tradições populares, atrai milhares de fiéis, turistas e vaqueiros de vários estados do Brasil.
A Missa passou a ser realizada em 1970, por iniciativa do Padre João Câncio, com a colaboração de Luiz Gonzaga, Pedro Bandeira e Jandhuy Finizola — este último responsável pela trilha sonora, convertida em símbolo do evento: Rezas de Sol. A motivação foi a comoção causada pelo assassinato do vaqueiro Raimundo Jacó, no Sítio Lages, em Serrita. Desde então, a celebração se tornou um marco da cultura sertaneja, reunindo vaqueiros e admiradores da tradição nordestina. Em 2025, Jandhuy Finizola será homenageado em forma de poesia pelo artista Antônio Marinho.
Está confirmada a participação do Padre Antônio Maria, conhecido por sua voz marcante e pela sua forte atuação na evangelização cristã. A presença do religioso promete emocionar os presentes e tornar a festa ainda mais especial.
Ofertório: o momento mais simbólico da celebração
Um dos momentos mais marcantes da Missa do Vaqueiro é o ofertório. Durante essa parte da celebração, os vaqueiros, montados em seus cavalos e trajando seus tradicionais gibões, chapéus de couro e botas, se dirigem ao altar para oferecer instrumentos de trabalho como cela, peitoral, chicote, chocalho e gibão.
Além disso, é comum o uso do chapéu de couro para a arrecadação de doações em dinheiro. Alimentos doados muitas vezes vêm da colheita do que foi plantado pelos próprios vaqueiros, que também cultivam a terra para consumo próprio.
Desafios e resistência cultural
Nos últimos anos, a Missa do Vaqueiro tem enfrentado desafios relacionados à sua organização e identidade. A Prefeitura de Serrita busca maior protagonismo na realização do evento, o que gerou tensões com a Fundação Padre João Câncio, responsável pela organização desde sua criação. Em 2024, chegou-se a propor a mudança do nome da celebração para “Festa de Jacó”, o que foi criticado pela Fundação por representar uma tentativa de descaracterizar a tradição.
Apesar das controvérsias, a Fundação reafirma seu compromisso com a preservação da Missa do Vaqueiro como patrimônio cultural e religioso do sertão nordestino. A programação completa será divulgada em breve, com a expectativa de que a edição de 2025 seja mais uma celebração memorável.
Instagram: @missa_do_vaqueiro